SÃO PAULO

São Paulo

Parodiando a Carta de São Paulo ao Gálata, direi que de nada vale ir a New York, a Tóquio ou a São Paulo, se não forem aos teatros, restaurantes, monumentos, museus. Pois a vida noturna e boemia da Cidade estão nos encontros heterogêneos, na apreciação das artes, quer sejam elas dramaturgas, gourmet, historia, coleções, plástica, o bem viver noturno, etc.

Um bom costume é o de conhecer a periferia, onde salta aos olhos as diferenças sociais e culturais da metrópole, em que pese os ricos da violência urbana, que agride aos turistas menos precavidos. Por esta motivação já corremos os ricos de sermos baleados, assaltados, em que pese serem metrópoles de grande segurança, como foi o caso de Telavive, Miami e Rio de Janeiro. No entanto, São Paulo, por sermos nativos desta festejada cidade, nunca fomos vitima de qualquer espécie, dede o complexo de Paraisópolis, até as mais violentas comunidades periféricas, pois aqui se encontram apaziguados os Mulçumanos, Judeus, Cristãos, Evangélicos, Kardecistas, Candomblé, ou sincretísmo.

São Paulo é o Centro nervoso do Estado, com exposições e feiras temáticas da indústria e do entretenimento. As bolsas de Valores e de Mercadorias dão o tom aos investidores. Os bancos concorrem com as diversidades das aplicações financeiras e promovem a diversificação do consumo, quer seja o domestico ou comercial, ditados pela mídia.

As atrações turísticas estão na cultura, a Sala São Paulo, um aproveitamento inteligente da estação ferroviária Sorocabana, com suas colunas e pórticos gigantescos. A plateia tem seu teto móvel que regula segundo a lotação e a peça artística. O centenário Teatro Municipal com exibições de Operas e Orquestras Sinfônicas, onde se aprecia o bom gourmet e uma variedade de vinhos. Também nessas instalações podemos assistir musica de câmara, num ambiente que nos lembra das salas do Palácio de Versalhes.

Temos o MASP, Museu de Arte de São Paulo, localizado na Avenida Paulista, cuja construção é sustentada entre colunas no maior vão livre dentre elas. Avenida esta que abrigou industriais e fazendeiros da época do inicio do século XX. Era uma verdadeira Avenida Chanselise, com seu leito carroçável para circulação dos Ford bigode, dos anos 29, com calçadas largas para as mansões com seus exuberantes jardins floridas. Circulavam bondes, carroças de lixeiros puxadas a burros, outra que vendiam gelo em barra, colocadas nas soleiras das portas que derretiam aguando o piso. Charretes puxadas a cavalo dos padeiros, verdureiros e cerealistas. Os pedidos feitos por telefone via telefonista, tinham no máximo cinco números e eram poucas as casas que os possuíam. O comercio deles eram feitos a base da confiança mutua, pois eram anotados em cadernetas do comerciante em nome dos consumidores que não tinham a menor ideia do que deviam no dia do pagamento. Os animais que tracionavam os comerciantes deixavam suas fezes amontoadas na via publica e eram retiradas pelos criados para estercar seus jardins. Fato esse narrado pela moradora e escritora Zélia Amado, esposa de Jorge Amado, que na época era solteira. Os bondes desta avenida eram dos abertos com estribos percorridos pelo cobrador que dividiam com os passageiros jovens, ficando os bancos para as senhoras e senhores vestindo terno, chapéu e bengala. As madames vestindo taier, luvas e chapéu, calçados de salto grosso, fazia a diferença feminina dos transportes. Ouvia-se um tilintar de campainha acusada pelo cobrador nas alças de couro que marcavam o contador. Muitos passageiros pulavam do bonde em movimento com a proximidade do cobrador ou porque a pressa os chamavam antes da parada definitiva.

Esta avenida era palco dos carnavais, pelo corço dos automóveis, com seus foliões sentados nos para-lamas e estribos dos modelos guarda-louça e do conversível. Atiravam serpentinas uns aos outros e lança-perfume a base do éter, que ajudavam a inebriar os foliões. As mascaras ajudavam aos tímidos a se assanharem nos seus flertes, que surtia casamentos.

Localizavam entre as residências o Instituto Pasteur, que aplicava vacina aos mordidos por cachorro louco ou suspeito, e o Grupo Escolar Rodrigues Alves, que instruiu paulistanos de renome. Também lá estava o Hospital Santa Catarina que atendeu muitos famosos da época. Para recreio nos fins de semana era concorrido o Parque Siqueira Campos, popularmente chamado de Trianon, onde a atração especial era o bicho espreguiça. Hoje resistem ao tempo a Casa das Rosas, Hospital, Pasteur e o Jardim Trianon. Tudo o mais virou edifício com antenas de transmissão, os escritórios, bancos, empresas, Secretarias de governo e Shopping. Já não circulam mais os bondes, mas, no subterrâneo correm sobre trilhos dos trens metroviários.

A Paulista hoje desmistificada, abusada pelo povo que a tem aos domingos toda ela interditada para a passarela de esqueitistas, ciclistas, ambulantes com suas quinquilharias e os Hippies com seus artesanatos e vendedores de salgados e doces. Pra não falar das grandes livrarias nela instaladas, temos também os sebos, vendendo livros manuseados, nos pontos estratégicos. Assim mantaram este ícone da historia com ciclovia que levam nada a lugar nenhum, e, agora, empesteou por toda a cidade com faixas de ciclovia que não são utilizadas, diminuindo o leito carroçável e opções de estacionamento, amaldiçoando os veículos com proibição de velocidade superior a 40 k/h.

São Paulo, 6 de dezembro de 2015.

José Francisco Ferraz Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 06/12/2015
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