EXPEDIÇÃO BRASIL RODANDO O MUNDO - EUROPA
Assim começa mais uma aventura; e dessa vez, uma aventura diferente...!
Há muitos anos que eu participo de pequenas competições automobilísticas na modalidade turismo. Nada muito competitivo, mas pelo prazer de rodar o mundo em companhia de pessoas com o mesmo espírito aventureiro; e através dessa brincadeira, lá se vão 26 países culturalmente explorados em 4 continentes. Qual a melhor de todas as viagens? Impossível de creditar a um só roteiro o título de melhor de todos...
A primeira vez que arrisquei uma aventura ocorreu ainda na década de 80. Saí de Feira de Santana na Bahia e fui parar em Paso de los Libres na Argentina, passando pela costa brasileira até Florianópolis, cruzando os pampas gaúchos e chegando na Argentina. Foram mais de 5 mil quilômetros só de ida; e isso tudo a bordo de um Gol BX à álcool. Se alguém imagina que isso é uma loucura é por que não viu o roteiro de volta.
De Paso de los Libres, eu e mais dois amigos tínhamos que voltar; e resolvemos fazê-lo por dentro da Argentina, cruzando o Paraguai, Paraná, São Paulo, Goiás, Brasília, Chapada Diamantina – Bahia, para então chegarmos em casa. Quantos quilômetros? Mais 4 mil quilômetros!
Me recordo de tudo! 4 pneus, 6 câmeras de ar (já nem existem mais), um para-brisas, um para-choque, carro todo folgado e um motor; foi isso mesmo; um motor fundido na ida. Um frentista verificou a água do radiador e esqueceu de pôr a tampa. Saímos do Rio para São Paulo, e já pertinho da capital paulista, notamos que o motor do BX tivera ido pro saco!
Mas é assim que uma aventura ocorre! Se não tiver essas pitadas de dificuldade, não é aventura, é passeio de família!
Difícil é fazer a primeira; e depois que se dá o pontapé inicial, haja emoção para programar a próxima, mais outra, enfim; o expedicionário fica contando os dias para haver agenda, convite ou oportunidade, de se programar a próxima viagem; e antes de falar da minha próxima viagem, em abril último, eu e mais 4 amigos (Cida, Geonílio, Edinho e Gilberto), com uma folguinha na agenda profissional, resolvemos sair de Porto Alegre e ir até Montevidéu no Uruguai de carro. 2.500 quilômetros para seguirmos com a ideia desse ano; EUROPA!
Nossa aventura tem nome e logomarca: Expedição Rodando o Mundo; a essa expedição ocorrerá em outubro próximo, mais precisamente no dia 16. Sairemos de Belo Horizonte a bordo de um avião da TAP; e durante 9 horas de travessia do Atlântico, chegaremos em Lisboa – Portugal. Em seguida, após uma conexão, a bordo de um avião da Portugália, chegaremos a belíssima cidade do Porto – Portugal, onde um outro roteiro precisa ser seguido...
Para onde vamos? Acreditem; ainda não sabemos! Mas como assim, não sabem? Simples! Esse ano será tudo diferente! Cida, nossa querida amiga de São Paulo não poderá ir por razões profissionais; e meu irmão Luidson da Bahia, que sempre me acompanhou nas últimas expedições pela Rodovia Pan Americana, também estará ausente. Para compor o time 2015, Anderson Pires Bahia, Delegado de Polícia aposentado; Edson Luiz Pereira, policial aposentado; Geonílio Vieira Rocha, Major de Polícia aposentado; Gilberto Gonçalves Braga, metalomecânico aposentado; e eu, apenas mais um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior...!
Tudo o que sabemos até agora é que apanharemos o TAP em Confins e que chegaremos em Portugal. Também já decidimos fazer o Caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Depois disso, só planos vagos, de passarmos pela França, Andorra, Espanha, Marrocos. De carro; e se der um tempinho, creio que poderemos ir a Itália, talvez Grécia, Turquia; e quem sabe, se pudermos chegar na Rússia? Meras conjecturas que poderão se realizar de acordo com sugestões colegiadas...
Muitos perguntam: - Qual o carro escolhido para essa expedição? Escolhemos o Mercedes Benz Vito, um modelo que não há no Brasil. No mês passado, quando eu e o Anderson Bahia estávamos no Chile, vimos o carro e gostamos dele. Como as estradas chilenas são iguais as europeias, acreditamos que a caranga irá aguentar bem o trampo.
Outros perguntam em que tipo de instalação costumamos ficar? – Em geral escolhemos hotéis. Raramente ficamos em hostel, por mera questão de conforto X segurança. Sei que na Europa há os melhores hostels do planeta, mas ainda assim, preferimos hotéis em locais seguros e centralizados.
E na hora de comer, como vocês fazem? – É simples! Elegemos um lugar e cada um escolhe aquilo que melhor lhe convier. Somos democráticos e isso facilita!
O que vocês levam nesse tipo de expedição urbana? Quando eu viajo para locais remotos, levo sempre rádios comunicadores e nunca perco de vista meu celular satelital Iridium, que além de me conectar com o mundo de qualquer lugar do planeta, inclusive no meio do Saara, minha família consegue me rastrear. Kit de primeiros socorros é imprescindível, manta térmica também e minha surrada e eficiente bota expedicionária, que me acompanha desde mil novecentos e lá vai fumaça. Ela é anti-picada de cobra e mega confortável. Além disso, lanterna, uma corda robusta, mosquetão para 15 toneladas (para auxiliar na remoção de pessoas e do veículo), e apetrechos pessoais. Esse ano aposentarei o notebook, que deu lugar a um moderno ipad.
Outra coisa que faço assim que desembarco em solo estrangeiro é comprar um chip de telefonia local. O modelo de celular que uso me permite acessar o GPS em qualquer lugar do planeta, mas com um chip local eu posso, dentre outras coisas, chamar a polícia do lugar. Outra coisa que é imprescindível é, antes de botar o carro na estrada, anotar os números de emergência do país; e antes de sair de casa, comunicar ao Ministério das Relações Exteriores o meu roteiro. Adoro também comunicar às embaixadas de cada país em que vou passar ou ficar.
Dinheiro ou cartão? Ambos! Um pouco de dinheiro pode lhe tirar literalmente do prego, pois há locais que não aceitam cartões. Eu e Edson tivemos esse dissabor em Santa Fé na Argentina em 2014; nenhum lugar aceitava cartão e se não fosse uns 150 Reais que ele tinha no bolso, uma hora dessas eu estava lavando pratos lá nas missões de los hermanos.
Essa postagem é para apresentar ao público a Expedição Rodando o Mundo; e quem sabe, não promovermos de alguma forma, situações em que haja troca de ideias entre expedicionários iguais a nós; ou ainda, para que conheçamos outras histórias, outros roteiros e outras turmas. Na nossa turma não há regras nem líderes; aliás, a única regra é respeitar as leis e cultura de onde visitamos. Nada de violência, droga ou algo que desqualifique nossa conduta.
Essa é a primeira de algumas postagens que faremos ao longo de nossa expedição. Amigos espalhados pela Europa e Ásia já me encaminham sugestões e convites; e você leitor que quiser interagir, sugerir, criticar, fique à vontade.
Então, agora é esperar o dia da expedição e começar a postar as fotos, que ficarão a cargo do fotógrafo Edson Luiz Pereira (Edin Photo Show), que a través das lentes de sua Nikon mostrará cada detalhe dessa gloriosa expedição.
Para encerrar já revelo que em 2016 o nosso roteiro será Rota 66, cruzando a velha América.
Até outubro pessoal, se assim nos permitir o Grande Arquiteto do Universo...
Carlos Henrique Mascarenhas Pires