Amante das Águas
Nascido na margem direita do rio São Francisco, logo me apaixonei por suas águas cristalinas, à época sem poluição. Foi ali onde aprendi a nadar. Com o decorrer do tempo, subindo ou descendo, nos lados direito ou esquerdo do rio, nos estados da Bahia e Pernambuco, Sergipe e Alagoas, sempre morei em cidades ribeirinhas até pouco mais dos quarenta anos. Vindo para o litoral, contemplo a mais bela orla de Maceió, abrangendo as praias de Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara, onde faço as minhas habituais caminhadas. De tanto admirar o encanto das águas, gosto imensamente do passeio de barco, seja no mar, no rio, nos lagos ou lagoas. Sempre que vou a algum lugar que ofereça umas dessas opções, não costumo dispensar o passeio.
Em Manaus, fui ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Em Belém, fiz o passeio na baía do Guajará, circundando a cidade, onde a minha mulher ousou dar uns passos do carimbó. Nas três cidades ilha do Brasil, São Luís, Vitória e Florianópolis, não dispensamos o passeio de barco. Em Porto Alegre, passeamos pelo rio Guaíba, no Cisne Branco. Em Fernando de Noronha, vimos os golfinhos emparelhados ao barco, num verdadeiro espetáculo de altos pulos, como se estivessem disputando corrida de velocidade. Em Petrolina e Juazeiro, a opção é o “vapor do vinho”, que nos leva a uma vinícola pelo lago de Sobradinho, onde antes passamos por uma eclusa, cujo enchimento leva em torno de vinte minutos. Boa música ao vivo e bons petiscos do São Francisco. Em Buenos Aires, tivermos duas opções, em diferentes barcos, nos rios da Prata e Paraná. Em Paris, não dispensamos o passeio pelo rio Sena, margeando a Torre Eiffel. Indo para a Inglaterra, optamos pelo Ferry Boat, na travessia do Canal da Mancha. Um verdadeiro Shopping ambulante. Passei no teste de labirintite, ao passear pelo barco com tanto solavanco. Em Veneza, passeamos de vaporeto e gôndolas. Nestas, pela menor capacidade e tamanho do nosso grupo, alugamos uma pequena frota de seis. Numa delas ia um cantor de ópera, que eu o chamei de “primo do Pavarotti”. Aqui em Maceió, eventualmente repito o passeio das nove ilhas, nas lagoas de Mundaú e Manguaba.
Quando volto ao meu sertão, não deixo de ir ao lago de Itaparica, cujo volume d’água é superior ao da Baía da Guanabara. E o lugar onde nasci está submerso, restando ali uma ilha que hoje se constitui na maior atração turística de Petrolândia, a “Ilha do Rarrá”. Por tudo isso, só posso dizer que sou um “Amante das Águas.”.