O Viajante
Embarquei, de carona, numa nave de um ilustre alagoano que conheceu os cinco continentes do mundo. Essa nave tem o nome de livro, onde ele narra e descreve, com detalhes, os lugares por onde passou, além de documentar através de fotos.
Para ele tudo isso ainda pode ser pouco, mas, para mim, que, fisicamente, conheci apenas alguns países da Europa e América do Sul, viajar em sua nave foi algo extraordinário. Junto com ele, nas memoráveis páginas de seu livro, detive-me em cada lugar, atento às suas narrações, suas descrições e paisagens mostradas em suas fotos. Também percebi que ele não é aquele turista incoerente, que conhece o mundo inteiro e não o seu próprio país. Antes, cheguei a incorrer nesse pecado, quando não priorizei o meu Brasil continental. Agora, ao menos em termos de regiões, fui a todas, faltando apenas algumas capitais do Norte e Centro-Oeste. Para um sertanejo do Nordeste, ter ido a todas as capitais de sua Região, do Sul e do Sudeste, já foi uma vitória. Faz-me lembrar do meu tempo de criança, quando imaginava que o mundo terminava na linha do horizonte. E lá havia uma serra, que eu também achava que ela encostava-se ao céu. Só depois, também de carona num caminhão do meu tio, fui além da serra, e vi que o mundo continuava mais adiante.
Quanta diferença agora, que depois de haver percorrido parte do mundo, embarco nessa nave que vai a todos os continentes. Tivesse eu a condição financeira daquele escritor turista, iria agora visitar todos aqueles lugares descritos em seu livro e, provavelmente, reeditaria o meu livro DO SERTÃO AO MAR, com o título DO SERTÃO PARA O MUNDO.