A VARSÓVIA QUE VI: suas peculiaridades, beleza, modernidade
Há tanto a falar sobre a Polônia, um país que me conquistou a partir da sua história e a experiência de seu povo, que soube preservar a memória e visualizar o futuro baseado em suas raizes mais vigorosas. Observei que Varsóvia, a capital, cujo centro histórico, chamado de “cidade velha”, é uma região que se reergueu, totalmente reconstruída de acordo com as suas origens medievais. A cidade destruída pela Segunda Guerra Mundial, pelos alemães e hoje, amplamente restaurada, evoca a memória do povo que tange em cada pedra, em cada mármore, em cada ladrilho. Portanto, é um triunfo da vida que passa serena e precisa, produzindo uma metamorfose de beleza e integridade. A morte, a desesperança, o furor da guerra, deram lugar aos monumentos históricos que expressam o seu passado e a esperança do futuro. Ali, na região histórica, vê-se o Castelo Real, que se transformou em ruínas, sobrevivendo apenas a porta central. O povo polonês o reconstruiu de 1971 a 1988.
Na zona norte, a praça da cidade velha com suas peculiaridades, circundada por belíssimas casas coloridas em estilos distintos, abarcam o Museu Histórico de Varsóvia. Na mesma praça, observa-se o brasão da cidade, representado pela fonte da sereia, dizem, é uma sereia de água doce, porque a cidade é banhada pelo rio Vistula.
Na praça das três cruzes, uma cruz imponente no centro da praça e outras três no lado oposto da igreja, de onde se tem uma vista maravilhosa ao vale do rio Vístula, Kazimierz e o Castelo Janowiec. Nesta região, além do significado arquitetônico e turístico, coexistem em harmonia algumas lojas conceituadas, tais como Hugo Boss, Lacoste, entre outras, além de apartamentos muito prestigiados em virtude de sua proximidade com o comércio e as facilidades de locomoção.
No Bairro Mokotow, avistam-se edificios da década de 40, tipicamente residenciais, que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial, ao lado de outros restaurados ou construidos mais recentemente. Um prédio emblemático para a cidade é o da Universidade de Varsóvia, inaugurada em 1816 e tem desempenhado um papel cultural, politico e educativo muito importante para a Polônia. Trata-se de um espaço magnifico, onde se pode encontrar grande riqueza cultural através das diferentes formas de pensar e agir, resultado das experiências de estudantes de várias partes do mundo. O acesso à cultura é gratuito, de tal modo que o nivel cultural passa a ser um paradigma para a comunidade. O acesso à informação e ao conhecimento é original e constante, através de uma gama imensa de concertos musicais, passeios distintos, atividades de rua, feiras, exposições. Esta estrutura produz uma cidade cosmopolita, onde culturas interagem, tornando-a cada vez mais atrativa. Na Universidade há um “bar-livraria”, denominado Tarabuk, ou seja, trata-se de um café peculiar, porque dispõe de livros de autores poloneses e estrangeiros. Neste ambiente, misturam-se os livros, o café, o bar, enfim, um ambiente acolhedor e descontraído, permeado por uma conduta particular de aprender e se relacionar.
Ainda há muito para ver em Varsóvia, se não vejamos, na avenida Ujazdow, no centro da cidade, se delinea o famoso Parque Lazienki (Banhos reais), ocupando 80 hectares no centro da cidade, ligando o Castelo Real com Owilanow ao sul. No parque, encontra-se o monumento a Frédéric Chopin, inaugurado em 1926. Foi destruido pelos alemães e nos anos 50 foi novamente inaugurado no mesmo lugar. O Parque Lazienki se limita ao sul com o Parque Belvedere, um grande e belo gramado que compôe o Palácio Belvedere, antiga residência dos presidentes.
Por outro lado, através de conversas com pessoas da cidade e pela observação das casas sem muros ou grades, percebemos, que há segurança nas ruas de Varsóvia, podendo-se caminhar tranquilamente pelas avenidas e parques, sem preocupação com assaltos ou qualquer espécie de violência. Também, pode-se verificar que há uma expressiva consciência social, pois há rampas para deficientes em todas as calçadas, ciclovias que cortam bairros, inclusive seguindo até outras aldeias ou cidades, os banheiros públicos são bem sinalizados, as ruas são limpas, bem cuidadas e ornamentadas com flores, constituindo belíssimos canteiros nas rótulas, além do transporte público que, segundo as fontes consultadas, é excelente. É uma cidade onde tudo funciona de acordo com a necessidade do cidadão, uma cidade que embora praticamente destruída pela guerra, foi completamente reconstruída e restaurada, com grande mérito, com a arquitetura semelhante à original. Ao lado da reconstrução, há também uma arquitetura moderna, perfeitamente integrada na urbanização, com crescimento racional, com hotéis de qualidade e um grande incentivo ao turismo.
Um outro fato que me chamou a atenção, foi o uso de bicicletas pela população. Para tanto, entrevistei pessoas que conheciam a cidade, além de utilizar como fonte a revista The Warsaw Voice Magazine: Multimedia Plarform in Poland (29/08/2013), cujo artigo da jornalista Jolanta Wolska, intitulado “Bike power”, foi muito elucidativo. Ela discorre sobre um sistema de aluguel de bicicletas públicas, que foi introduzido há um ano em Varsóvia. Chama-se Veturilo, que significa veículo, em esperanto. Este nome foi criado pelo estudante Mateus Kempisty, vencedor de uma competição na internet para a escolha do nome. Já foram alugadas mais de um milhão de bicicletas, desde que o sistema foi implantado na cidade. Mais de 120.000 pessoas já se inscreveram para alugar as bicicletas e até agora há 2.600 bicicletas em uso em 168 localidades ao redor de Varsóvia.
As bicicletas estão disponíveis para aluguel nove meses do ano e proporcionam mobilidade urbana, além de significarem um investimento barato, flexível e saudável. Normalmente são usadas em distâncias curtas, por exemplo, entre uma estação de metrô e a universidade ou do local do trabalho à casa.
Os usuários devem registrar-se online no www.veturilo.waw.pl e pagar uma taxa inicial de 10 zl. para ativar sua conta. Os primeiros 20 minutos são gratuitos, com os próximos 40 minutos custando 1 zl. Em Varsóvia, 80 por cento dos aluguéis ocorre dentro do limite livre de 20 minutos. Em média, cada bicicleta é usada três a quatro vezes por dia. As bicicletas são equipadas com engrenagens, assentos ajustáveis, cestas e uma fechadura segura. Para o Programa Veturilo, foi desenvolvido um sistema de bloqueio automático que acelera o processo de locação.
Até agora, na Polônia, o aluguel de bicicletas funciona em Varsóvia, bem como em Wrocław, Poznań, Cracóvia e Opole. Qualquer pessoa cadastrada no sistema Veturilo em Varsóvia também podem utilizar os sistemas de outros países e cidades polonesas, onde o serviço Nextbike (empresa que implementou o sistema público de aluguel de bicicletas em vários países e também na Polônia) opera.
A revista utilizada como fonte, foi-me presenteada pelo Sr. Victor, um dos componentes do nosso grupo da excursão da BRASPOL, a quem deixo o meu agradecimento.