MUCHO GUSTO: SAN SALVADOR DE JUJUY
Com montanhas coloridas, verdejantes planícies, rios e uma rica cultura histórica, San Salvador de Jujuy é opção para aventureiros e eruditos
Desde o encontro organizado pela FACPET – Federación Argentina de Colegios Profesionales y Entidades de Técnicos, em agosto de 2012, está em vigor o acordo assinado entre a FENTEC – Federação Nacional dos Técnicos Industriais e a Prefeitura de San Salvador de Jujuy no sentido de estabelecer mecanismos para promover o turismo entre os dois países sul-americanos, mais precisamente entre o município argentino e as principais cidades brasileiras. Capital da província, San Salvador de Jujuy está localizada próxima à Quebrada de Humahuaca, na região conhecida como Vales Temperados, cuja paisagem alterna de escarpados multicoloridos – a Montanha das Sete Cores – a verdes planícies, e é atravessada por dois importantes rios: o Grande e o Chico, também chamado de Xibi Xibi.
De acordo com sua história iniciada no final do século 15, a cidade foi fundada numa localização estratégica, servindo de rota para a travessia entre San Miguel de Tucumán – capital da província argentina de Tucumán – e as minas de prata de Potosi, em território boliviano. Atualmente, com mais de 300 mil habitantes, San Salvador de Jujuy conta com uma infraestrutura bastante eficiente, inclusive com aeroporto internacional localizado a poucos quilômetros do centro. No entanto, a modernidade não interfere na conservação de sua rica cultura histórica, facilmente identificada pela arquitetura que compõe inúmeras das construções que embelezam o município.
Atual sede da polícia provincial e onde se encontra o Museo Histórico Policial, o Cabildo foi reconstruído entre 1864 e 1867, depois de praticamente destruído pelo terremoto de 1863. Localiza-se em frente à Praza General Belgrano, próximo a outros célebres edifícios: a Catedral de San Salvador de Jujuy, construída entre 1761 e 1765 em estilo itálico; e a Casa de Gobierno, com características arquitetônicas inspiradas no estilo francês dos séculos 17 e 18. Tão antigas quanto a catedral são a Basílica de San Francisco, datada originalmente de 1611, mas reconstruída em 1929; e a Capilla de Santa Bárbara, de 1777, declarada monumento histórico nacional em 1941. Mais contemporânea e mesmo assim com idade centenária, a estação de trem iniciou suas atividades em 1903. Somam-se ao seu patrimônio histórico o Teatro Mitre, em estilo renascentista; centros culturais e inúmeras obras esculpidas em mármore – um verdadeiro museu a céu aberto.
Além da cultura e das belezas naturais, San Salvador de Jujuy destaca-se também pela atividade econômica. Na agricultura, são cultivados produtos como cana de açúcar, banana, tabaco, frutas e hortaliças; na mineração, os investimentos são voltados para a extração de chumbo, zinco, ferro e prata.
Turismo histórico e ecológico – Denomina-se Éxodo Jujeño o levante popular protagonizado pelo povo de Jujuy nos anos que antecederam a independência da Argentina do domínio espanhol, iniciada em 25 de maio de 1810; daí, a razão do episódio receber o nome de Revolução de Maio. Acontece que, por sua localização, San Salvador de Jujuy se transformou numa espécie de quartel de campanha, mobilizando toda a população a contribuir, voluntariamente ou não, com o abastecimento das tropas do exército. Em maio de 1812, diante de um pelotão altamente desmoralizado e indisciplinado, o general Manuel Belgrano tomou uma série de medidas para levantar a autoestima das tropas; entre elas a comemoração do 2º aniversário da revolução e a confecção e juramento à bandeira argentina, constituída por listras horizontais azuis e branco, com o sol de maio ao centro. Segundo o próprio militar, tais atos não somente serviram para animar os soldados como também para propagar os sentimentos revolucionários entre a população civil. Exatamente em 23 de agosto de 1812, o povo de Jujuy respondeu ao chamado patriótico do general e marchou com os soldados em direção a San Miguel de Tucumán. Assim, quando o exército real chegou à cidade, encontrou-a praticamente vazia. Considerado um dos mais importantes episódios da história do país, as comemorações do Bicentenário do Éxodo Jujeño, realizadas em agosto de 2012 em San Salvador de Jujuy, foram marcadas por uma série de eventos e celebrações, inclusive com a presença da presidente Cristina Kirchner.
Para os adeptos da ecologia, as opções são as inúmeras trilhas para caminhadas, pedaladas e cavalgadas, mais curtas ou mais longas dependendo do tempo disponível e da disposição física de cada indivíduo. Em qualquer das hipóteses, o difícil mesmo é ficar impassível diante da paisagem exuberante, extremamente convidativa a verdadeiros safáris fotográficos. Nesse turismo contemplativo, a observação de aves silvestres também tem sido uma das atividades favoritas dos turistas; afinal, são centenas de espécies – muitas delas raras e exóticas – que, com o tempo, adaptaram-se aos diferentes ecossistemas e domínios biogeográficos da região.
Entre os participantes do encontro, estavam Miguel Morales, presidente da FACEPT; Wilson Wanderlei Vieira e Ricardo Nerbas, presidente e tesoureiro da FENTEC; e, ainda, Raúl Jorge e Alberto Ortíz, prefeitos de San Salvador de Jujuy e da vizinha Palpalá, respectivamente.
A Montanha das Sete Cores
Para os turistas, a alteração das cores da montanha conforme a posição do sol constitui um fenômeno da natureza; para os indígenas locais, no entanto, esses matizes revelam um significado muito mais espiritual do que físico, sendo considerado ritual sagrado. E é por essa grandiosa explosão cromática que a Montanha das Sete Cores tem sido constantemente explorada por publicações de turismo e meio ambiente, como a revista Planeta, editada no Brasil pela Editora Três. “Considero a Montanha das Sete Cores, que conserva as marcas de cada fratura e de cada época, uma verdadeira memória do planeta, um criptograma do tempo”, compara Natalia Solís, que há alguns anos acompanhou a reportagem e mantém uma ligação estritamente próxima com as montanhas, uma vez que em 2003 ela participou ativamente da montagem de um dossiê entregue à UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, contribuindo para que a Quebrada de Humahuaca fosse declarada patrimônio da humanidade.
De acordo com os geólogos, a montanha levou 600 milhões de anos para ser moldada pelo vento e pelas chuvas; e os primeiros registros de civilização pré-hispânica datam de cerca de dez mil anos. Hoje, depois de tanto tempo, a Montanha das Sete Cores é um dos maiores responsáveis pelo crescente número de turistas que visitam o noroeste argentino.
Como chegar a San Salvador de Jujuy
O acesso por via aérea se dá pelo Aeroporto Internacional Gobernador Horacio Guzmán, com voos a partir de Buenos Aires pela Aerolíneas Argentinas ou Andes Líneas Aéreas.
Para quem optar pela viagem de carro, a partir de Buenos Aires, as opções são as RN 9 e 34, sendo que a primeira desvia-se para a Salta e continua a San Salvador de Jujuy pelo antigo Caminho de Cornisa, bastante sinuoso. Por sua vez, a RN 34 é mais direta e se conecta com a RN 66 até San Salvador de Jujuy.
Outras opções e informações adicionais podem ser adquiridas na:
Secretaria de Turismo y Cultura de la Provincia de Jujuy
Tel: (54) 388-4221343/26 ou 0800-555-9955 (ligação gratuita)
turismo@jujuy.gov.ar
www.turismo.jujuy.gov.ar
Fonte: Revista da FENTEC - Edição 37
http://www.fentec.org.br/revista/REVISTA%20DA%20FENTEC%2037.pdf
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JDM