A Fortaleza de Santa Catarina: sua história e memória - Cabedelo/PB
Teve a sua provável iniciação na construção em taipa por ordem geral do Governador Geral de Pernambuco Frutuoso Barbosa, que para conquistar a região fundara a capitania da Paraíba a fim de impedir as invasões estrangeiras.
Em 1586 inicialmente fora construído em madeira e taipa, sendo destruído pelos potiguaras em 1591 e reconstruído um ano depois.
Localizado a margem direita da barra do Rio Paraíba na parte arenosa, a construção inicial se deu pela direção do alemão Cristóvão Lintz (Lins) e contou com o apoio de cerca de 110 soldados espanhóis provenientes da cavalaria de Olinda, além de cerca de 700 índios e 100 escravos negros, e tornou-se símbolo da arquitetura militar no Estado da Paraíba nesse período colonial.
A origem de seu nome inicial foi o de Cabedelo, como referencia a sua localização e ao nome da cidade em que estava localizado (como o qual se refere à denominação de caráter geográfico: Cabedelo = pequeno cabo). O nome Santa Catarina é de origem meio incerta como descreveu Elias Herckmans e Gaspar Barleau (Barlae) em seus escritos durante o período da invasão holandesa. Além destes, o Forte ainda foi chamado de Forte do Matos, nome não tão conhecido e presente em poucos arquivos.
Composto por um conjunto arquitetônico com 20 compartimentos, a casa da pólvora, a casa do capitão, 2 prisões, a capela dedicada a Santa Catarina de Alexandria, 8 alojamentos de soldados, 4 alojamentos para oficiais além de um paiol, um poço de água doce e dois túneis divididos entre o de uso para mais e menos graduados.
O forte em si enfrentou algumas batalhas significantes e obteve em verdade muitas vitórias sobre os inimigos a exemplo da tentativa de invasão dos franceses no ano de 1597 que contavam com a ajuda dos índios Potiguaras e uma esquadra que contava com cerca de treze navios e quase 350 homens que atacaram o forte, mas foram bravamente derrotados.
Alguns relatos constam que nesse período mudou-se o nome do forte para Fortaleza de Santa Catarina em homenagem a Duquesa portuguesa Dona Catarina de Bragança, além de coincidir com a construção da então capela de Santa Catarina de Alexandria.
Mas o forte também teve os seus mementos difíceis no que se diz respeito às tentativas e derrotas mesmo que momentâneas a exemplo do episódio dos anos de 1631 e 1634 com o que se diz respeito respectivamente a 1º tentativa e a invasão do forte pelos holandeses.
A 1º tentativa em 1631 foi realizada com o desembarque de cerca de 1000 homens distribuídos em uma esquadra de treze de navios. O combate durou pouco menos de 15 dias e terminou com a expulsão holandesa e com um número consideravelmente pequeno de mortos e feridos.
Contudo, três anos mais tarde o forte enfrentou seu grande momento de dificuldade quando em 25 de fevereiro de 1634 os Holandeses mais uma vez fizeram uma investida contra o forte. Munidos de 24 navios e 1600 homens, foram recebidos com fogo forte e artilharia pesada. Só no dia 4 de dezembro daquele mesmo ano e na 3º tentativa, sob o comando do Coronel Holandês Sigemundt Von Schkoppe que guiava 29 navios, além de seus 2354 soldados, os holandeses obtiveram sucesso rendendo o forte aos seus domínios.
A fortaleza ficou a mercê do domínio holandês, sendo entregue pelo comandante João de Matos Cardoso, juntamente com todo o seu armamento.
Naquele forte ainda se realizou em comemoração pela tomada de poder holandês, o 1º culto protestante do Estado.
Anos mais tarde, em 1637, por ordem do Conde Maurício de Nassau e após uma reforma e ampliação do espaço, o mesmo rebatizou-o com o nome de Margreth (ou Margarida), em homenagem a sua irmã. Porém esse domínio Holandês não durou muito. Apesar de garantir proteção e regalias para aqueles que jurassem fidelidade à coroa da Holanda, o espírito nacionalista e de retomada das terras que nos pertencia fez com que houvesse o enfraquecimento do poderio invasor o que fez no ano de 1654, esse mesmo o poderio holandês ser totalmente abatido em todo território do Nordeste Brasileiro, levando o forte novamente para as mãos de Portugal a quem era de direito.
Durante o ano de 1798, dado em relatório do próprio forte em cartas, o local passou por um de seus períodos de abandono, com fosso entulhado de coisas inúteis, muralhas sem reboco e portões destruídos além da capela em péssimo estado estrutural e com formigueiros espalhados por toda extensão do forte.
O forte ainda recebeu a ilustre visita do então Imperador D. Pedro II no ano de 1859, o que levou a população a uma grandiosa comemoração, mas logo caiu no abandono e no esquecimento por volta de 1874, em ruínas e gradativo caminhar ao esquecimento.
No entanto foi em 24 de maio de 1938, tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN – Atual IPHAN) e registrado pelo Livro das Belas Artes, tendo inicio dos trabalhos de recuperação em 06 de setembro de 1970.
Porém o forte foi novamente abandonado durante o ano de 1990, em consequência da Reforma Administrativa Federal e somente em 1991 foi mantido pela Associação Artístico e Cultural de Cabedelo e com maior firmeza um ano mais tarde de 1992 com a criação da Fundação Fortaleza de Santa Catarina que atualmente rege e toma conta do Monumento, como um todo, além de abrigar atualmente o Museu Oceanográfico e de vender alguns artigos artesanais e promover alguns eventos ao que são realizados longo do ano como mostras culturais.
Misteriosamente, durante o seu período de esquecimento, o forte sofreu saques cruéis a sua estrutura e bens, a exemplo do sumiço de vários canhões que ali existiam.
O forte de Santa Catarina localizado em Cabedelo é em si, o mais importante na região Nordeste em tamanho e em história, muito até do que o Forte dos Reis Magos em Natal – Rio Grande do Norte.
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Lais Lima Sobreira é licenciada em Educação Artística pela Universidade Federal da Paraíba com habilitação em Artes Cênicas desde o ano de 2008 e atualmente está no ultimo ano do Curso de Licenciatura Plena em Letras pelo Instituto de Ensino Superior da Paraíba (IESPA) ltda, com habilitação em Língua Portuguesa além de aluna especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pela mesma Instituição.
O texto A Fortaleza de Santa Catarina: sua história e memória faz parte de um projeto maior (Patrimônios que contam História e Arte - em fase de conclusão) que é composto por uma coletânea que reúne mais de 80 Patrimônios Históricos tombados pelo IPHAN e pelo IPHAEP na Grande João Pessoa/ PB, o que incluem as cidades de João Pessoa, Santa Rita, Cruz do Espírito Santo, Cabedelo e Bayeux.