A insensatez de uma viagem
A insensatez de uma viagem
Decorrido trinta anos nesse janeiro, a gente constata como somos imprevidentes. Em férias, em 1983, resolvemos simplesmente ir até Salvador com um Brasília 1981. Éramos quatro, mais bagagens. Naquelas subidas longas, ela não desenvolvia. Mas foi inesquecível. Naquele tempo havia poucos acidentes e nem se falava de seguro. Primeiramente passamos por Poços de Caldas onde ficamos dois dias. Seguimos depois para Ouro Preto, visitando as cidades vizinhas, como Mariana, Sabará. Conhecemos inclusive uma mina de ouro ainda em atividade, adentrando no interior a uns dois mil metros de profundidade com um carrinho no trilho. Em Ouro Preto, próxima à Igreja, havia uma loja de artigos diversos. Um sino antigo chamou-me a atenção. Custou-me uma mixaria. O vendedor prometeu remeter. Passados meses, nada do sino chegar. Apelei para o gerente do Banco do Brasil e ele enviou-me pela empresa de ônibus Itapemirim. Tive que ir buscá-lo lá na Via Dutra. A próxima etapa foi Guarapari, com suas praias de areia preta. Seguimos para Ilhéus. No caminho, hospedávamos em motéis. O calor era tanto que só saíamos ao escurecer. Passamos por Porto Seguro e paramos em Vitória de Conquista, onde ficamos hospedados na casa Kuniomi Takeguma, meu compadre. Lugar alto, bem ameno. Fomos visitar a AABB –clube dos funcionários do Banco do Brasil. Mas não tivemos coragem de usufruir da piscina. A água estava com um tom esverdeado. Conhecemos Anagé, na boca do sertão O compadre era gerente do BB local. Lá o rio que passava ao lado da cidade estava com o leito seco. Os habitantes cavavam um buraco no leito e surgia uma água barrenta que dava para tomar banho. Para beber, cozinhar, vinha da Vitória da Conquista. Seguimos para Salvador, último estágio da viagem. Após uma semana, olhando o mapa, deu-me uma espécie de desespero. Fazer aquele trecho de novo, uns dois mil e tantos quilômetros. Fui numa agência e vendi a Brasília por 800 mil. Gastei 450 nas passagens aéreas. Como eram caras naquela época.
Hoje, vendo por ouro ângulo, não faria essa viagem de maneira alguma.
Um mês após, a minha Brasília estava na agência de Lins. É que para ser transferida, incidiria o ICM. A Volks mando-a à matriz e ela encaminhou a Lins para ser vendida.