Viagens de Bike (Sonhando com o Maranhão – Parte VI)
Quase dormimos na praça com o céu estrelado de Gongogi por teto... (é sério!!!)
Pela segunda vez Eliana e eu concluíamos o trajeto entre Itabuna e Gongogi, agora feito pela estrada de terra que sai do Posto Santo Antônio (na BR-101) e passando por Banco Central e Laje (e não mais passando por Aurelino Leal, como havíamos feito no ano passado) vem dar em Gongogi.
Apesar de cansados e empoeirados pelas mais de dez horas de viagem, chegar em Gongogi é sempre revigorante, pois, para nós, a cidade representa poder apreciar o espetáculo inigualável de poder ver o Cruzeiro do Sul brilhando no céu noturno em todo seu esplendor, além de nos deixarmos inundar pelas cantigas dos milhares de grilos, nas perdulárias noites de Gongogi. Enfim: estávamos em casa.
Depois de alguns minutos em cima da ponte nos congratulando efusivamente pelo feito, nós pegamos as nossas valorosas “meninas” e fomos para a casa de Tia Senhora, aonde pretendíamos ficar uns três ou quatro dias até embarcarmos para Feira de Santana.
Previsivelmente batemos com a nossa grande cara na porta: não havia ninguém em casa.
Umas trinta ligações depois para o rapaz que toma contada casa de minha tia e nós achamos que seria melhor procurar um outro lugar para acomodar nossas coisas e descansarmos.
Famintos e grudando de suor nós saímos em busca de um boteco qualquer aonde poderíamos comer...
Horas de procura e nada. O máximo que conseguimos foi uma oferta, quase irrecusável, dada as circunstâncias, de uma casa vazia (vazia mesmo!) por uma pechincha, para pernoitarmos.
Antes de fecharmos o tentador negócio nós fomos procurar por uma pousada que tem na saída para a cidade de Ubatã. Pedalamos pelas ruas de Gongogi, tomadas pelo frenesi da eleição que entrava em seus momentos decisivos e chegamos ao posto de gasolina onde fica a tal pousada. Uma música altíssima e meninas em vestimentas micros bebericando cerveja acompanhadas por alguns cidadãos de catadura não lá muito recomendável (aquele perfil que você não recomenda nem para acompanhante de sua sogra...) já nos deram uma ideia nada lisonjeira do local... mas, à essa altura nós estávamos aceitando até um pardieiro daquele naipe para podermos dormir.
Santa esperança logo frustrada, pois a gerente, munida de um enorme molho de chaves nas mãos, disse-nos que a “pousada” estava lotada, fato que nos encaminhou de novo para a casa de minha tia e me fez ficar pendurado no celular buscando uma ligação salvadora.
Antes que resolvêssemos acampar numa das praças de Gongogi, eu já cantarolando aquela música sertaneja do tal cara que não era vagabundo, mas havia dormido na praça, Sandy (codinome que Eliana colocou no guardião da casa de Tia Senhora, cujo nome civil deixou o tabelião local com a língua engrolada até hoje...) atendeu a minha sexagésima ligação e veio nos trazer a chave da casa...
Ufa!!! Escapamos por um triz dessa situação vexaminosa, (o termos de dormir, literalmente, na praça) e eu, com a cara mais compungida desse mundo e de outros que mais existam por aí, prometi para Eliana ligar antes, (contrariando meus sólidos princípios de trapalhão contumaz) para avisar Sandy da data e horário de nossa chegada quando por aqui formos aportar outra vez.