Pernas prá que te quero...
Pernas, prá que te quero...
Andar pelas ruas de pedra de São Tomé das Letras não é tarefa fácil... no entanto, foi preciso enfrentar as exóticas ruas dessa cidade das montanhas do Sul de Minas para conseguirmos realizar a nossa vontade de dar um mergulho nas águas da Cachoeira Véu de Noiva, distante doze quilômetros da sede do município.
Eliana, que desde o último tombo que tomamos (coisa que já faz mais de um século...) abomina qualquer coisa que lembre uma possível queda da bike, odiou ter que pedalar pelas pedras de São Tomé... Mas, apesar dos muxoxos de minha princesa, venceu a vontade de conhecer uma cachoeira que valha o nome, e sob os olhares espantados dos transeuntes, Eliana despencou ladeira abaixo pela estrada de terra que nos levaria do centro da cidade até a Cachoeira Véu de Noiva.
Pelo antigo Caminho Real lá fomos nós em busca de nossa cachoeira. Mal havíamos pedalado uns quatro quilômetros e vimos uma placa indicado uma cachoeira, a do Flávio. Com a anuência de Eliana embicamos as nossas bikes e pegamos a estradinha que nos conduziria a tal cachoeira... Para nossa decepção o que vimos foi um monte de gente se espadanando numa água suja e barrenta e uma queda d’água mixureba, à qual não nos dignamos sequer a tirar uma mísera fotografia.
Recusando o sábio conselho do barraqueiro que insistia em que devíamos tomar uma pinga para retomarmos a estrada, pusemos-nos a caminho da Cachoeira Véu de Noiva, sem mais paradas que nos atrasasse.
Era quase uma hora da tarde quando encostamos nossas bikes num barzinho que fica bem ao lado da Cachoeira, que já se anunciava para nós com o som de suas águas jorrando das alturas. Um caminho íngreme, mais parecendo um daqueles que tem nos filmes de Indiana Jones, foi a senda que tomamos para chegar à cachoeira propriamente dita. Foi só o tempo de chegar a beira d’água, nos livrarmos dos vários trecos que nos atrapalhavam, e meter os pés dentro das águas da cachoeira.
A bem da verdade, foi meter os pés e retirá-los de imediato, tal o gelo que estava! Em volta de nós tinha umas dez pessoas, todas elas sem coragem de enfrentar o frio das águas da Véu de Noiva.
Era pegar ou largar: ou nós entrávamos naquela geladeira ou todo o esforço que fizéramos para chegar até ali teria sido em vão.
Peguei firme na mão de Eliana e juntos (é aquela coisa do casamento: na alegria e na tristeza) entramos na água.
Depois de alguns minutos naquele gelo até que o banho foi ficando gostoso, e o restante dos medrosos logo se juntou a nós naquela sucursal do Ártico.
Ficamos alguns minutos nadando nas gélidas águas da Véu de Noiva, juntando forças para enfrentar o percurso da volta, cheio de subidas monstruosas, até podermos desfrutar do merecido descanso em São Tomé das Letras.
Valeu a pena o banho de cachoeira, as subidas monumentais e o visual maravilhoso que nos acompanhou por toda a estrada. São Tomé da Letras, além de pedras, tem muito encanto para oferecer a quem a visita.
João Bosco