Turismo no Sertão
Sempre que me hospede em hotéis, procuro ler as informações constantes no apartamento. Em Petrolândia, no sertão de Pernambuco, hospedei-me num hotel às margens do Lago de Itaparica, cujo espelho d’água é maior do que o da baia da Guanabara. E lá estavam as informações sobre as distâncias das capitais mais próximas: Aracaju, 350 km; Maceió, 400; Recife, 500 e Salvador, 550. Considerando que atualmente as rodovias que ligam a essas capitais estão em boas condições de tráfego, vale a pena visitar aquela cidade e fazer um passeio pelo lago, ainda pouco explorado turisticamente. Recentemente, repórteres de duas das maiores redes de televisão ali estiveram com o intuito de dar maior divulgação sobre o Lago de Itaparica, que há 23 anos cobriu duas cidades pernambucanas e uma baiana, sendo Petrolândia a de maior destaque, em razão de sua localização geográfica e o impulso de sua economia na agricultura irrigada.
Há alguns dias, passeando de catamarã aqui em Maceió pelas famosas ilhas lagunares, tive a oportunidade de conversar com o comandante da embarcação que, casualmente, abordou sobre sua nova atividade: a de fabricar barcos. E disse que já na semana seguinte iria a Petrolândia com a finalidade de ali construir duas catamarãs, com capacidade para 110 passageiros cada uma. Isto demonstra que alguém já pensa em investir no turismo da região sertaneja do Vale do São Francisco, a exemplo do que já ocorre em Xingó, nos municípios de Piranhas, Alagoas, e Canindé do São Francisco, Sergipe.
Assim como quem é do sertão quer conhecer o litoral, o inverso pode ser uma boa opção. Principalmente “um sertão que virou mar”, como já profetizava o beato Antônio Conselheiro, personagem de “Os Sertões” de Euclides da Cunha, cujo tema culminou com “A Guerra de Canudos”, a batalha mais sangrenta dos sertanejos nordestinos, resultante da mais pura ignorância da época. Agora, vivendo novos tempos, vamos usufruir o que o sertão pode nos oferecer: a hospitalidade de seu povo e a beleza de um lago que o rio São Francisco nos propiciou, graças à mão humana com a competência da engenharia.