ARAXÁ - A TERRA DE DONA BEJA
 

Foto 1 - Araxá
 

Conhecida popularmente como a “Terra de Dona Beja”, um dos ícones da cidade, Araxá localiza-se a 120 quilômetros de Uberaba pela BR-262, no Triângulo Mineiro, e faz parte do Circuito das Águas de Minas Gerais. O nome verdadeiro de Dona Beja era Ana Jacintha de São José, nascida no ano de 1800. Teve duas filhas na condição de mãe solteira, sendo considerada uma mulher à frente de seu tempo. Contam-se muitas histórias a seu respeito que podem ser facilmente encontradas na internet.
 
Com uma população em torno de 94 mil habitantes (censo 2010), tem esse número significativamente aumentado nas férias escolares e em alguns feriados prolongados. Portanto, se quer sossego, evite a cidade nesses períodos. Araxá não está ligada somente à Dona Beja, mas também ao seu potencial hidromineral, ao turismo ecológico e por possuir uma das melhores rampas de vôo livre do Brasil, que fica no local conhecido como Horizonte Perdido (leia mais adiante).
 
Como chegar – De carro
Para quem sai da cidade de São Paulo, o melhor caminho – e também o mais curto – é pela via Anhanguera até o quilômetro 318, já em Ribeirão Preto, quando se deve entrar na rodovia Cândido Portinari – SP-334, que leva até a divisa de estados SP/MG, passando por Brodowski, Batatais, Franca (melhores condições para pernoite), Pedregulho e Rifaina. Em Brodowski há um museu com obras de Cândido Portinari e, caso esteja com tempo, vale dar uma paradinha para visitar. De São Paulo até a divisa de estados são aproximadamente 480 quilômetros, mais 120 quilômetros pela MG-428, após a divisa, que leva até Araxá, perfazendo uma distância média de 600 quilômetros. De um modo geral as estradas são boas. A via Anhanguera – SP-330 é toda em pista dupla, com oito pedágios até Ribeirão Preto. A SP-334 é em pista dupla até Franca (com dois pedágios). De Franca a Araxá a pista é simples e não há pedágios. A MG-428 é uma rodovia que não oferece nenhum tipo de apoio ao motorista. Recomenda-se atenção com as condições do veículo e combustível.
 
Como chegar – De avião
A TRIP Linhas Aéreas faz a ligação do aeroporto de Guarulhos (SP) – e também de outras cidades – com Araxá.
 

 

 
Foto 2 – Divisa de estados SP/MG sobre o rio Grande / Reservatório Jaguara - Fim da SP-334 e início da MG-428 após a ponte
 
As atrações – Visão Geral
A região tem opções para todos os gostos, desde um singular passeio de pedalinho no lago do Grande Hotel até vôos de asa delta, passando pelos vários museus existentes na cidade. Em termos de compras as dicas são para os sabonetes e cremes de lama negra, além dos bordados, os famosos doces e queijos e, também, as cachaças produzidas artesanalmente. Conversando com um araxaense, ele me disse que as cachaças de Araxá são muito parecidas umas com as outras. E completou: experimentou uma, experimentou todas. Como não bebo, não tive como confirmar a informação. A mais famosa, sem dúvida, é a que leva o nome de Dona Beja, que custava R$ 28,00 em setembro de 2011.
 
Grande Hotel de Araxá 
 

Foto 3 – Vista da fachada do Grande Hotel
 
 
Desde maio de 2010 administrado pelo grupo mineiro TAUÁ, o Grande Hotel de Araxá é, sem dúvida, a referência da região. Apesar de estar localizado na Estância Hidromineral do Barreiro, a cinco quilômetros do centro da cidade por rodovia asfaltada, quase tudo em Araxá gira em torno dele. Sua inauguração em 1944 teve como principal objetivo abrigar as mesas de jogo, até então liberado no Brasil. Mas isso só durou por dois anos, pois em abril de 1946 o então presidente Eurico Gaspar Dutra oficializou a proibição do jogo em todo o país. De lá para cá o hotel passou por muitas mãos, inclusive do governo de Minas Gerais, ficando fechado por oito anos, período em que muito de seu acervo foi literalmente furtado. O hotel possui diferentes tipos de acomodações, além da suíte governamental e presidencial, esta com área de 200 metros quadrados. Desde a inauguração do hotel, apenas o presidente Fernando Henrique Cardoso não se hospedou lá, pois em seu período de governo o hotel estava fechado. A suíte presidencial em si não é cercada de luxo excessivo como se pode pensar. Possui vários aposentos, com salas para reuniões, dois banheiros, quartos, mas nada que simbolize o luxo exacerbado. O mobiliário é todo da época de inauguração. As diárias cobradas (para qualquer tipo de acomodação) englobam café da manhã, almoço e jantar.
 
Termas de Araxá    
 

 Foto 4 – Vista da piscina emanatória com a água a 37ºC

 
As Termas de Araxá ficam dentro do Grande Hotel e são um convite ao relaxamento. Há diversas opções de banhos e tratamentos estéticos, além de uma piscina emanatória (coberta) com água radioativa, sem adição de produtos químicos, aquecida a 37ºC e que tem efeito relaxante. Os banhos individuais têm duração máxima de 20 minutos, já que pela própria temperatura da água a pressão arterial pode cair. Placas recomendam que o usuário faça a aferição da sua pressão arterial antes dos banhos. Não hóspedes do Grande Hotel também podem usufruir dos serviços oferecidos pelas Termas, mediante o pagamento de taxas específicas. Os hóspedes, porém, também pagam por quase tudo que utilizam, exceção feita à piscina convencional, ducha escocesa e sauna. São vários tipos de banhos, massagens e rituais oferecidos. Faça bem suas escolhas, pois os preços sugeridos são altos. Entre as opções dos banhos oferecidos estão:
Banho radioativo simples – Com efeito revigorante a água aquecida a 37ºC melhora a circulação sanguínea.
Banhos sulfurosos simples – Também aquecida a 37ºC tem efeito cicatrizante, antiestresse e relaxante.
Banho radioativo ou sulfuroso com hidromassagem – Além das propriedades de cada banho já citado, neste banho é possível acrescentar essência de alecrim e espuma para limpar e hidratar a pele. Ideal para dores musculares.
Banhos de pérola – Com as bolhas de ar fazendo uma massagem relaxante por todo o corpo, no fundo da banheira um estrado de madeira distribui um jato de ar comprimido que agita a água.
Banho de mel com hidromassagem – Misturado com a água sulfurosa, o mel tem efeito hidratante.
Banho de aveia – Permite uma hidratação profunda na pele com efeito levemente esfoliante.
Banho de pétalas – Um dos mais procurados é outro banho que tem efeito relaxante, antiestresse e hidratante. Preparado com óleos aromáticos, pétalas de rosas e outras flores misturadas à água sulfurosa.
Banho de ervas – Uma mistura de camomila e lavanda produz um efeito relaxante e hidratante, que limpa a pele.
Banho de lama – Recomendado no tratamento de reumatismo, artrite, artrose e dores musculares, ele não é recomendado para pessoas com pressão baixa. É um banho mais demorado e composto por quatro partes. Nos primeiros 20 minutos fica-se mergulhando em uma banheira com lama mineral e água sulfurosa; depois passa-se por uma ducha de cinco minutos e uma massagem energética de 10 minutos. Para finalizar um repouso de 15 minutos.
Ducha escocesa – Com duração de 15 minutos o banho alterna jatos de água fria e quente, em um processo hidroterápico usado há quase 200 anos. Indicado para combater dores musculares, problemas de circulação e obesidade.
 
Salão da Mandala    
 

 Foto 5 – Salão da mandala. Note as poltronas brancas para relaxamento
 
 
Dentro das Termas fica o Salão da Mandala (oito pontas). É um dos lugares mais relaxantes e revigorantes de todo o local. Há poltronas adequadas para descanso e sempre é possível ouvir uma suave música de fundo. Por vezes, há alguém tocando um violão no centro da mandala. Além da música não se escuta mais nada. Ali a paz e o silêncio valem ouro. Imperdível.
 
 
 Fonte Andrade Junior e Fonte Dona Beja 
 

 Foto 6 – Fonte Dona Beja
 
 
A Fonte Andrade Junior atrai milhares de turistas pelos poderes de sua água alcalino-sulfurosa. Com cheiro forte característico e ruim de sabor, é indicada para diversos tratamentos. Fica na frente do Grande Hotel. A Fonte Dona Beja, é conhecida por sua água mineral radioativa que possui ação desintoxicante, ativa o metabolismo e auxilia no tratamento de doenças respiratórias. Fica no terreno pertencente ao Grande Hotel, na parte dos fundos e em frente ao grande lago. São programadas visitas com monitores do TAUÁ que contam várias histórias do local, mas pode-se também visitá-la por conta própria.
 
Igreja Matriz
Com belos afrescos e vitrais multicoloridos, a Igreja Matriz de São Domingos é considerada uma das mais belas igrejas de Minas Gerais. Concluída em 1948, a construção é considerada uma obra singular, tendo um estilo eclético, características romanas e elementos neoclássicos. Fica na Praça São Domingos s/n, no centro.
 
Igreja de São Sebastião e Museu Sacro
Com traços simples e rústicos a Igreja de São Sebastião foi construída nas primeiras décadas do século XIX e atualmente é considerada uma das maiores riquezas do patrimônio histórico de Araxá. Abriga na sua antiga sacristia o Museu Sacro. Entre os destaques do acervo estão as esculturas de Bento Antonio da Boa Morte e Veiga Valle. Local: avenida vereador João Sena s/n, no centro.
 
Museu Calmon Barreto e Fundação Cultural Calmon Barreto
Criado em 1996, o Museu Calmon Barreto abriga diversas obras do artista araxaense que se destacou nas áreas de desenho, pintura e escultura. No local estão expostos trabalhos de diversos períodos do artista, inclusive os desenhos e gravuras da década de 1960 e esboços de cédulas e moedas. Fica na rua Franklin Castro 160, no centro.

A Fundação Cultural localiza-se na antiga Estação Ferroviária de Araxá, e possui um rico acervo histórico, com documentos, jornais e fotografias. Encontram-se também no local as tradicionais tecedeiras (bordadeiras) que produzem manualmente colchas, tapetes, tecidos e outras peças diversas. Fica na praça Arthur Bernardes 10, no centro.

 
Foto 7 - Antiga estação ferroviária de Araxá onde localiza-se a Fundação Cultural Calmon Barreto
 

Museu Histórico de Araxá – Dona Beja     
 
 Foto 8 – Vista da fachada do Museu Histórico de Araxá – Dona Beja
 
Tombado pelo patrimônio histórico de Araxá, o Museu Dona Beja é uma homenagem à personalidade histórica da cidade. Seu acervo inclui objetos arqueológicos, móveis, imagens sacras, documentos históricos e obras contemporâneas. Instalado no belo casarão do século XIX, onde viveu Dona Beja, na praça Coronel Adolpho 98, no centro.
 
Árvore dos Enforcados     
É assim conhecida por causa de uma famosa lenda da cidade: conta-se que nas noites frias e de ventania é possível ouvir o choro dos escravos que foram ali enforcados. Hoje a árvore está ameaçada de desaparecer, tendo em vista o tratamento inadequado a que foi submetida. Fica na rua Gustavo Martins de Oliveira s/n, Alto Santa Rita, no caminho para o Parque do Cristo. Ao lado desse atrativo encontra-se o Centro de Referência da Cultura Negra, ainda em fase de implantação e contando com poucas atrações.
 
 
Foto 9 – Árvore dos Enforcados, já muito seca e sem os cuidados necessários
 
Parque do Cristo
Apesar de ser um dos pontos mais visitados e de propiciar uma bonita vista da cidade, encontra-se em situação de abandono. Chega-se até o topo de carro, através da avenida Washington Barcelos. Pode-se também ir a pé pela escadaria que fica na avenida Damaso Drummond.
 
Memorial de Araxá
O Memorial de Araxá é uma homenagem a 180 pessoas que contribuíram com a história da cidade. Através de quadros, instrumentos musicais, biografias, livros e outros objetos, o Memorial mostra um pouco da cultura e da tradição de Araxá.
 
Doces e Cachaças Artesanais
Uma atração de Araxá. Existem vários alambiques e casas de doces na cidade e nos arredores. Na “Doces Joaninha”, de Dona Joaninha, reconhecida pelo Guia 4 Rodas como a melhor doceira de Araxá você encontra uma infinidade de tipos de doces, além de queijos, pimentas, cachaças e souvenirs da cidade. Através de uma vidraça é possível acompanhar a fabricação artesanal dos doces ainda nos grandes tachos. Fica na rua Rio Branco 318-A, no centro.
 
Horizonte Perdido     
 

 Foto 10 – Vista do topo do Horizonte Perdido
 
No alto da Serra da Bocaina, um encontro marcado com o sabor e a natureza. O Horizonte Perdido possui dois restaurantes com vista panorâmica e uma das melhores rampas do Brasil para a prática do vôo livre. A paisagem é deslumbrante. Fica numa fazenda particular e tudo ali é administrado pela simpática Dona Mercedes, cuja família é a proprietária. O local fica a 1350 metros acima do nível do mar e venta constantemente. Dista de Araxá aproximadamente 25 quilômetros, no sentido de Franca/SP, através da MG-428. A rodovia que leva ao Horizonte Perdido é a MG-146, que sai da MG-428. A MG-146 segue no sentido de Tapira, São Roque de Minas e Sacramento, em direção à Serra da Canastra. Após a saída da MG-146 (devidamente sinalizado), percorre-se 10 quilômetros por estrada de terra em bom estado de conservação, estrada essa que atravessa fazendas e tem paisagens muito bonitas. Para quem gosta de fotografar, é um prato cheio. Este é um passeio obrigatório para quem vai a Araxá.
 
Circuito da Canastra
A Serra da Canastra é formada por seis municípios mineiros: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, Sacramento, São João Batista do Glória e Capitólio. É um dos lugares mais procurados pelos amantes do ecoturismo. A região possui um rico patrimônio cultural e reserva diversos desafios, surpresas e aventuras. A maior atração é o Parque Nacional que abriga as nascentes do rio São Francisco e a Cachoeira Casca d’Anta, de quase 200 metros e que é a primeira queda do “velho Chico”. É o habitat natural do lobo guará, além de possuir uma rica fauna silvestre. A entrada principal do Parque fica a 8 quilômetros do município de São Roque de Minas. A sede do Circuito da Canastra em Araxá fica na rua Presidente Olegário Maciel 143, no centro.
 



     Fotos 11 e 12 – Lobo guará e nascente do rio São Francisco
 
Acomodações
Além  do  Grande  Hotel,  Araxá  proporciona  uma  ótima  rede  hoteleira, com muitas pousadas  e  hotéis  para  todos  os  gostos  e  todos  os bolsos.  Existe inclusive  um  hotel pertencente ao SESC de Minas Gerais que aceita hóspedes, mesmo não sendo associados.  Não perca seu tempo enviando e-mail ao SESC pedindo informações, pois eles não respondem.
 
A culinária
Araxá tem uma culinária maravilhosa  e que recebeu influência dos índios, dos portugueses  e  dos  tropeiros.   Depois,   ganhou   influência   dos   imigrantes espanhóis, italianos, árabes e franceses. O prato indicado na cidade em quase todos  os  locais  é  o  tradicional  feijão t ropeiro. Há muitos restaurantes pela cidade e em Minas é sabido que: pode-se até dormir mal, mas comer mal você não come em nenhum lugar do estado.
 
Conclusão

 
Araxá é uma cidade que vale mesmo a pena ser conhecida. Na cidade em si os maiores atrativos são as igrejas e os museus, e o seu entorno é fantástico. Somente as Termas e o Horizonte Perdido já valem a visita. Uma cidade um tanto mal sinalizada, mas dotada de bons recursos, com um trânsito ainda não tão ruim, com poucos semáforos e um povo extremamente hospitaleiro e educado, como todo bom mineiro. Se estiver com tempo, faça a viagem de carro. As paisagens das estradas e rodovias são deslumbrantes.

Nota
As fotos 1 a 10 são do autor do texto
As fotos 11 e 12 foram obtidas da internet
 
 
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