NOVINHA, CHEIROSINHA E BONITINHA!

O Brasil teve a sua época de glamour nos céus com os charmosos aviões da Varig, Vasp, Transbrasil e Panair; mas aqueles eram tempos em que as passagens custavam tão caro quanto uma jóia e o turismo era coisa dos mais ricos!

Uma a uma as companhias aéreas da minha geração foram fechando; um dos últimos vôos do MD-11 da Vasp antes dele virar cargueiro eu voei; um dos últimos vôos do mesmo MD-11 da Varig de Cancun no México, com escala em Bogotá para São Paulo eu também estava lá; aquelas três fileiras enormes de assentos com telões espalhados pela aeronave para o entretenimento dos passageiros, sob a envergadura nababesca de alumínio, em comparação a hoje não me deixa saudade alguma!

O Brasil começou a ser tomado por pequenas companhias aéreas que apostaram muito mais na economia do que na satisfação de seus clientes; que o diga a GOL que chegou cheia de pompa e chegou a vender trechos por R$ 1,00, mas que acumula um histórico terrível de reclamações por toda parte. A gigante TAM do saudoso Comandante Rolim chegou para ser a mais perfeita; herdou da VARIG a participação na Star Alliance e mesmo após muitas turbulências administrativas, “capenga” entre reclamações e dúvidas!

Sobra a TAM eu tenho saudade dos tempos gloriosos, quando o programa Fidelidade ainda funcionava; quando os funcionários de modo geral eram educados e quando tínhamos problemas, bastava ligar para o SAC que tudo era resolvido de forma simplória e rápida! Eu cheguei a ser cliente Fidelidade RED e hoje, luto para resgatar algumas míseras milhas que ainda restam; a TAM diz que é um problema da Multiplus e quando ligo para a Multiplus, eles dizem que é um problema da TAM; fácil somente depois da intervenção judicial!

Eu fui me distanciando da fidelidade das companhias aéreas depois que comecei a perceber que elas estavam mais preocupadas com outras ocorrências ao invés de nós, os clientes. Experimentei a TRIP e fui muito feliz nos vôos regionais a bordo do ATR-42; passei pânico num temporal a bordo de um ATR-72 da mesma TRIP e certa vez, quando voei para Salvador num de seus EMBRAER, não tão novinhos quanto os da Azul, percebi novamente que ainda há chance de voltar aos tempos bons!

Oceanair virou Avianca e eu me recuso a usar qualquer tipo de serviço desta empresa; quem vende as passagens mais baratas hoje é a Web Jet, mas quem voa com eles sabe: os aviões são uns lixos, a tripulação é mal educada, funcionários em solo são arrogantes (vide os de Porto Alegre) e para finalizar e não alongar, um copo d’água custa R$ 2,00; a Web Jet me faz lembrar a Vasp de Canhedo em seus dias agonizantes antes de despencar!

Em 2007 ficamos sabendo que o homem forte da Jet Blue estadunidense, o brasileiro David Neeleman desembarcaria no Brasil com uma proposta simples de fazer viagens aéreas pelo Brasil. Uma empresa sem nome e cheia de idéias revolucionárias, começava a sinalizar que passaria a incomodar todas as outras; como de fato, não só incomodou, como mantêm-se em perfeita azucrinação!

Em dezembro de 2008 começou a cruzar o céu do Brasil os novíssimos Embraer 190 e 195 da Azul Linhas Aéreas; menos de um ano depois de inaugurada lá estava eu voando de Belo Horizonte para Porto Alegre num vôo direto em menos de 2 horas de deslocação entre uma capital e outra. – A sensação? – A melhor do mundo! Tripulação de nível internacional, avião limpo e novo, petiscos variados, assentos confortáveis e em couro, atendimento em solo da melhor qualidade, SAC razoavelmente eficaz e preços imbatíveis; tão imbatíveis que foi ela quem passou a ditar boa parte das tarifas das outras, principalmente nos vôos que passam por Viracopos em Campinas!

Daquela primeira vez até hoje eu já voei Azul outras vezes para Porto Alegre, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro; foi ela quem mudou meu conceito de viajar para Montevidéu; hoje, quando eu preciso viajar para a capital uruguaia, dependendo de alguns critérios, prefiro adiantar em um dia a viagem para ir de Azul até Porto Alegre e de lá, algumas vezes fui de carro usando uma tarifa boa e a amizade do pessoal da Hertz!

Turbulência não escolhe avião nem companhia aérea, mas na Azul, depois de uma conversa simples com um de seus comandantes, ele próprio me disse que a política da empresa é sempre desviar o máximo destas intempéries que tanto nos causa desconforto. Com chuva ou com sol, frio ou calor, as aeronaves brasileiras utilizadas pela Azul, talvez por serem menores e potentes, ou ainda por serem novinhas e mais ágeis, saem-se muito melhor do que qualquer outra que eu já voei e este é um dos muitos fatores que eu levo em consideração na hora de escolher com quem vou voar.

Com quase 3 anos de funcionamento a Azul é hoje a que menos atrasa; salvo por motivos alheios a vontade da empresa, como mau tempo, raramente seus aviões chegam atrasados ou saem atrasados da origem; é incrível como quase tudo funciona perfeito com eles; o pouco que não funciona tão perfeito, como por exemplo, falhas na programação de seu site e no atendimento do SAC, são facilmente digeridos por nós, usuários passageiros!

Históricos da aviação brasileira já apontam a Azul Linhas Aéreas com quase 8% do mercado; isso porque ela sequer possui 50 aviões; também se sabe que foi a Azul a empresa que mais rápido transportou 1 milhão de pessoas, com menos de 8 meses de operação. O recorde anterior de quantitativo de passageiros pertenceu a Jet Blue, co-irmã estadunidense da Azul que havia transportado os mesmos 1 milhão de pessoas em 1 ano de funcionamento. Antes de completar 2 anos a Azul já havia transportado 5 milhões de passageiros e isso também lhe dá o direito de ostentar outro recorde!

Por operar basicamente usando Viracopos como alvo de suas partidas e chegadas, a Azul precisou montar um esquema fantástico para conseguir passageiros que precisam ir para a região de Congonha e Guarulhos; para evitar transtornos ela disponibiliza confortáveis ônibus de luxo que seguem por todos estes destinos sem nenhum custo para seus passageiros; isso significa que se você for voar para os Estados Unidos por Guarulhos, dependendo do horário, pode chegar a Campinas pela Azul que ela te deixará dentro do aeroporto de Guarulhos a tempo de fazer o check in internacional; o mesmo é feito em Porto Alegre e Blumenau.

Incidentes também fazem parte da rotina da Azul, como de todas as outras companhias aéreas; turbulências não são consideradas como situações de emergência, pois tais ocorrências são intempéries e facilmente controladas pela máquina e pelos pilotos; mas há outros problemas que podem causar pânico; em 2009 um vôo de Salvador para Campinas quando estava a 10 mil pés sofreu pane e máscaras caíram; dizem que foi o pior de todos, mas ninguém sofreu ferimentos; somente deve ter sido um baita susto!

Agora a companhia mais jovem e de frota mais moderna do Brasil se prepara para outros desafios ainda maiores; acostumar-se a operar com os franceses ATR em vôos de curta duração; nos próximos dias ela também irá comemorar 10 milhões de passageiros voados; e um de seus maiores percalços é a dificuldade de pousar e decolar de aeroportos pouco conhecidos da maioria, para facilitar ainda mais que cidades mais isoladas da comodidade dos vôos comerciais sejam também agraciadas com suas rotas!

Assim como a TAP e outras companhias pelo mundo a Azul batiza suas aeronaves como nomes próprios; eu, Henrique, já voei de Lisboa para Belo Horizonte a bordo do Airbus Infante Dom Henrique; na Azul já perdi as contas de quais voei, mas os que me chamaram a atenção foram: Andorinha Azul, Arara Azul e o Rosa e Azul, uma aeronave toda pintada de Rosa para conscientizar sobre os perigos do Câncer de Mama. No dia em que voei no avião cor-de-rosa estávamos eu, minha esposa e minha filha Mariana, mais uma vez, de BH para POA!

A pergunta que não quer calar é: - será que a Azul é tão boa, somente porque é nova? Ou será que são as outras as que desaprenderam a lidar com os sentimentos e a eterna busca de qualidade dos novos passageiros?

Neste caminho imperfeito da qualidade total, empresa aérea que não estiver pelo menos a altura da condição característica da Azul Linhas Aéreas, com certeza enfrentará turbulências, colisões e pânico interno; e isso não é nada bom para o mercado! Se eu pudesse dar algum conselho a TAM, GOL, AVIANCA e WEB JET; com certeza diria para seus dirigentes olharem mais para o modo de operacionalização da AZUL e TRIP; coincidentemente ambas são azuis!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires é editor da página www.irregular.com.br

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 07/06/2011
Código do texto: T3019996
Classificação de conteúdo: seguro