CRISTIANISMO DE FACHADAS
Chamado o carmelengo!
A igreja secular segue com discursos de piedade para com miseráveis e pobres e aliança permanente com as classes e elites dominantes.
Desde o Concilio Vaticano II alguns setores progressistas tentam reverter essa historiografia católica apostólica fundada por Roma.
No Brasil as Comunidades Eclesiais de Base e a perseguida Teologia da Libertação avançaram para uma aliança popular e a tentativa da inserção de Jesus, o Cristo, Filho dos Homens, nas resistências comunitárias concretas visando a transformação da realidade social perversa no contexto do capitalismo.
A reação foi ferrenha, com Opus Dei, Santo Ofício, Ordens Religiosas Conservadoras Seculares e nos anos de 1990 a adaptação católica do neopentecostalismo por meio da "Canção Nova" e seu movimento fundamentalista de retrocesso litúrgico e de costumes, a "Renovação Carismática Católica".
A Igreja Católica Apostólica Romana na América Latina sempre esteve vinculada às contradições profundas, do nosso continente, com a denominada 'Catequese' de aculturamento e dominação multifacetada dos povos originários, africanos traficados, e afrodescendentes, pelos escravocratas escravizadores de almas e corpos.
As portas dos templos católicos sempre estiveram fechadas aos empobrecidos, que eram "evangelizados" para as conveniências de seus donos, para a supremacia das cortes e das oligarquias dirigentes, nunca para a liberdade e salvação das condições de explorados e empobrecidos pelo Sistema e Sociedade desigual.
Algumas ações foram implantadas perifericamente, como forma de evitarem revoltas e revoluções, conter o sincretismo e evitar a rebelião das massas exploradas pelo controle e domínio de seus donatários.
As ações de exceção, abolicionismo, liberalismo, e movimentos progressistas foram mudando a sociedade e a igreja, contudo, até hoje não alterou o seu cerne e o seu dogma imperial forjado na tradição monárquica greco-romana e na mística apostólico-profética do judaísmo.
"Uma Igreja Em Saída", a boa nova de Jorge Mário Bergoglio, criado cardeal dessa igreja, muito mais pecadora que santa, eleito papa pelo conclave, e entronizado no Vaticano, com a alcunha escolhida de Francisco, uma homenagem de um sacerdote jesuíta à uma figura imitadora do Nazareno, Francisco de Assis, que fundou a Ordem Franciscana dos Frades Menores - O.F.M. - , instituição predisposta a servir aos empobrecidos, marginalizados e miserabilizados, nas sociedades humanas tão desumanas.
Papa Francisco tentou, nos seus atos e ações reformistas e revisionistas, semeando espectativas, enfrentando dogmas cristalizados, contudo, a ferrenha oposição eclesiástica e de católicos fundamentalistas, aliados aos cinismos e às hipocrisias humanas, se viu encilhado e emparedado pelo status quo que engendrou reformar.
Jorge Mário Bergoglio combateu o bom combate e sustentou as bases da fé no Jesus revolucionário da Palestina, e seguiu para a transcendência deixando um legado de tentativa de saída para uma igreja de templos de portas fechadas.
"A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos".
Papa Francisco se predispôs a ser um trabalhador e se levantou do trono do vaticanato para semear mudanças, numa Igreja Católica Apostólica Romana impregnada por negacionistas de Jesus Cristo e mercadores de templos.
Jorge Mário Bergoglio saiu em caminhada ao encontro das infinitas energias imortais e universais, que nós mortais chamamos de Deus.
Paz e Bem, Camarada Jorge Mário Bergoglio, que se fez Francisco da Messe de Jesus!
Marco Paulo Valeriano de Brito
*Teólogo Franciscano da Teologia da Libertação - Confrade O.F.M.
Brasil, 21 de abril de 2025.