Mudanças só no calendário
Os últimos momentos do fim do ano têm o poder de alterar o comportamento das pessoas, que parecem tomadas por sentimentos distintos e muitas vezes até mesmo incompreensíveis. Existem aquelas que passam a idealizar o ano vindouro como o início da mudança total de paradigmas, como se o calendário tivesse realmente influência suficiente para dar uma guinada radical na vida de uma pessoa. Outras costumam entrar na onda dos descolados imediatistas, em que os excessos de toda ordem buscam evidenciar supostas “liberdades” conquistadas. No rol de indisciplinas verificadas por conta dos festejos de réveillon se destacam as bebedeiras intermináveis, as exibições motorizadas em duas e quatro rodas, as quebradeiras de garrafas de bebidas alcoólicas em vias públicas, as desavenças correlatas e outras incontáveis demonstrações de incivilidade para com o semelhante.
E de nada adianta vestir roupas na cor branca para a passagem do ano com o intuito de atrair bons fluídos, porque não é a tonalidade do vestuário que haverá de determinar os acontecimentos do ano que se inicia. São as atitudes, as posturas, a determinação em modificar e potencializar positivamente alguma coisa que não está funcionando como deveria. Desde sempre o ser humano convive com dificuldades e intercorrências diárias e isso definitivamente não deixará de existir em seu cotidiano. A realidade baterá à porta do cidadão logo no segundo dia do ano novo. E como absolutamente nada mudará na vida das pessoas com a passagem do ano, todos os problemas antigos estarão presentes, esperando por uma resolução. A lista é extensa e incluiu os costumeiros tributos como IPVA, IPTU, IR, matrícula escolar, seguros de veículos, do imóvel, de vida, sem esquecer ainda dos arroubos impensados no cartão de crédito, que certamente comprometerá uma fração da renda familiar, pelo menos por alguns meses de 2025. O calvário tributário do cidadão brasileiro só começa a arrefecer a partir do mês de junho, porque segundo os especialistas em economia, o contribuinte dedica os primeiros cinco meses do ano para cumprir com suas obrigações fiscais. Creditar os anseios por prosperidade unicamente à mudança do calendário é uma maneira de se distanciar da realidade e em nada contribui para a estabilidade financeira.
O jeito é relaxar e aproveitar a virada do ano na companhia de familiares e amigos ou ainda, se essa for a opção escolhida para o momento, em convívio próprio e sem a euforia típica dessa época, procurando viver em harmonia com a consciência e com a natureza. As coloridas e tonitruantes festividades pirotécnicas mostram que o ser humano carrega na alma a alegria da vida, essência primordial de uma existência. Então, feliz ano novo!