DIREITO À INDISPONIBILIDADE!
"Caramba, você nunca responde no momento certo às mensagens." "Poxa, deixa esse 4G ativado." "Que saco, enviei uma mensagem já tem mais de 30 minutos e você sequer leu." Quem já disse ou já ouviu esses tipos de reclamações? Provavelmente a maioria de nós! Isso é reflexo do imediatismo, da impaciência e do não direito à indisponibilidade, tão presentes nestes tempos atuais.
Bem, a tecnologia é um misto de felizmente e infelizmente. Felizmente porque foi e é capaz de proporcionar coisas maravilhosas e inimagináveis que outrora seriam impensáveis. Por exemplo: a comunicação com um parente distante, um tratamento médico eficiente de uma doença, transações bancárias com maior segurança e eficiência, inteligência artificial como a recém-utilizada na despedida do jogador Adriano, onde seu pai, que já faleceu, "falava" com ele via tal tecnologia artificial, etc. E tudo isso é maravilhoso.
Por outro lado, infelizmente, trouxe também esse senso de urgência, de que tudo tem que ser para "ontem." Tudo tem que ser exposto, dito ou respondido. Deixar de responder uma mensagem ou demorar é visto como indiferença, indelicadeza ou falta de compromisso e responsabilidade, principalmente se for em ambientes de trabalho. A ninguém é mais dado o direito à discrição, ao anonimato e à indisponibilidade. O celular tornou-se uma espécie de "insulina" para não diabéticos.
E tudo isso é ruim porque enfraquece, por exemplo, virtudes como a paciência, a mansidão e a espera, tão essenciais e necessárias em tempos de urgência. Enfim, não devemos perder o direito que temos, que é o de estarmos indisponíveis quando assim quisermos; do contrário, somos escravos em tempos em que acreditamos ser livres!