SÍNDROME DE GRANDEZA!
Virou moda, nos últimos anos, entre ex-jogadores de futebol ser entrevistados a respeito de terem ou não sido melhores que outros jogadores da época deles ou dos atuais.
Há muitas verdades, incoerências e forçação de barra. Outro dia, por exemplo, o pingue-pongue foi com Marcelinho Carioca, ídolo corintiano e um dos melhores batedores de falta que já vi. Um cara acima da média. Mas ele dizia que jogou mais que Raí, Arrascaeta, Alex e outros mais.
Bem, primeiro que falta critério para esses ex-jogadores. Os três que ele diz jogar mais não jogavam necessariamente em sua posição; eram meias. Sem clubismo, mas o Raí jogou demais no São Paulo, no Paris e foi tetra campeão mundial com a seleção brasileira. Arrascaeta foi campeão no Cruzeiro, é multi campeão no Flamengo e joga na seleção uruguaia. Alex jogou muito no Palmeiras, no Cruzeiro e tem até estátua na Turquia. Portanto, dizer que jogou mais que esses é outro equívoco, para não dizer erro.
Embora eu seja fã do futebol antigo ou raiz, pois havia "pouco" salário e bastante futebol, antigamente também havia seus perebas. Aliás, até craques erravam. Porque vocês acham mesmo que o Pelé nunca errou um domínio de bola? Que o Romário nunca deu uma furada na frente do gol? Que Ronaldinho Gaúcho nunca levou um drible ou que o lateral Roberto Carlos nunca errou um cruzamento? Claro que sim.
Não raras as vezes, nós, os mais antigos que viram um futebol de jogadores com mais vontade, talentosos etc., mesmo com mais dificuldades do que os da atualidade, acreditamos (ou romantizamos) que eles eram todos gênios, perfeitos e craques. Não é bem por aí. Como já frisado, nos anos 70, 80 e 90, o que tinha de jogadores ruins não está no gibi. A diferença é que eles eram mais dedicados e esforçados, mesmo não tendo os recursos que os atuais profissionais tem. Era isso, portanto, que superava. Mas não pensem que somente ex-jogadores são assim. Muitos de nós, no dia a dia, também temos mania de grandeza, seja por um conhecimento, cargo, profissão ou bens materiais que temos, acreditamos que somos melhores que os outros. Tolice!
Finalizando: Ex-jogadores, por favor, baixem a bola!