Muita semelhança entre o fim do sistema escravagista e a proposta para o fim do sistema análogo existente (ainda) hoje no Brasil
(Não apenas no Brasil)
Na época do regime ou sistema escravagista, a economia brasileira, isto é, do Império brasileiro encontrava-se intimamente atrelada ao mesmo, já que a maioria de sua população era composta por indivíduos escravizados que faziam boa parte do trabalho, com exceção de algumas funções e profissões praticamente exclusivas à "elite branca", como a organização, o planejamento e a construção civil (engenharia e arquitetura). Portanto, havia um forte argumento econômico contrário ao fim da escravidão, afinal, isso mexeria profundamente com as estruturas sociais da época. Pois esse processo de abolição não acabou em um "decreto real", se relações econômicas análogas continuaram a ser praticadas com os recém libertos, jogados a Deus dará pelo governo brasileiro e, consequentemente muito dependentes do trabalho oferecido por quem tinha dinheiro.
Então, mais de um século se passou e essas relações análogas à escravidão continuam a existir no mercado de trabalho do nosso país e, tal como foi argumentado na época da abolição da escravatura, aqueles que se opõem a mudanças mais radicais nessas estruturas, geralmente por serem ou se sentirem beneficiados pelo estado vigente das coisas, usam exatamente o mesmo argumento excessivamente alarmista e indiferente ao sofrimento alheio, se passando como cautela, de que a economia brasileira não irá se adaptar se a escala 6 x 1 (trabalha seis dias para descansar um dia) for abolida, de que a produtividade do trabalhador vai cair, como se a mesma dependesse das horas de trabalho e não da capacidade produtiva em si. Claro, a desculpa sempre foi o lucro dos "mais ricos" e gananciosos sobre o bem estar coletivo.