A Pesca do açude ilhado

O açude ilhado, era um buraco, mal feito por uma retro escavadeira, na mesma época, em que eu vendia temperos, e lanches, com itens que buscava-se no atacado Ceasa, mas, não bastando, até roças e pequenos reparos de domicílios, acabava fazendo.

Tinha eu uns 12 anos creio, mas, o trabalho ocasional, era uma rotina entre os familiares e amigos, e no tal açude ilhado, eu ía escondido, inventando ir na avó Malvina, mais afastada de um depósito de papeis local, antigo pavilhão da Pel Sul.

Passava na avó Malvina, catava uns limões, dava milho às galinhas, tomava um café, e logo saia, pra ir no açude ilhado.

O açude era com uma discreta passagem no canto direito, entre os altos capins elefante, e urtigas, que ia dar na ilha dele no meio.

Foi eu que descobri como se chegava na ilha, e a moçada nunca conseguia ali pescar quase nada, ao que prometi levar uns anzóis melhores, de tamanho médio, e umas minhocas gordas, carne assada de churrascos, e um pouco de frango.

Ao retornar, lá pelo terceiro dia de visita ao local, estava a moçada, ali se xingando, e esperando os anzóis.

-Trouxe os anzóis...?! (perguntam)

-Óbvio, se não, nem aparecia!(respondo)

Disse-lhes para jogarem no canto direito, dos juncos, visto que não pegavam nada na parte mais profunda.

Ali nunca pescamos tanto, um atrás do outro.

Mussuns, chamados enguias de água doce.

Atualmente, tanto esse lugar, quanto outros que andei aos 19, 21 anos, estão irreconhecíveis, repletos de novos prédios e casas, novos bairros.

E tudo começou com uma invasão ilegal..

Vocês já repararam que, quase toda cidade, inicia com uma invasão ilegal...?!