LADRÕES DE IDENTIDADES!

O Brasil é um país de vítimas. Somos vítimas da corrupção, violência, do descaso político, racismo, das drogas, etc. Nesse "mar" de vítimas todos são paradoxalmente ao mesmo tempo culpados e inocentes. Uns mais e outros menos, mas todos são. Porque quando uma sociedade é corrompida não há separação entre bandidos e mocinhos, justos e injustos, cidadão de bem e cidadão de mal, éticos e antiéticos. Todos tem culpa ainda que mínima ora no "cartório terreno ora no divino" (para quem acreditar neste último caso).

No entanto, para muita gente para ser somente vítima e nunca culpada e responsável por nada, a pessoa precisa ter basicamente quatro características: "Ser preta, gorda, pobre e homossexual." Não necessariamente nessa ordem ou com às quatro características juntas, mas se tiver "melhor" ainda já que a narrativa ficará mais completa.

Só que isso para a sociedade é ruim para não dizer péssimo, pois mais prejudica do que soma e unifica. É claro e infelizmente que há grupos de pessoas que sofrem bem mais que outros, isso é notório e empírico! Uma pessoa negra, por exemplo, terá menos chances no mercado de trabalho do que uma que é branca. Ou, será parada mais vezes pela polícia. À escravidão no Brasil tem "apenas" 140 anos que acabou e os negros ainda sofrem resquícios deste triste período.Também é verdade que pessoas homossexuais e pobres sofrem mais preconceito do que uma pessoa hétero e rica. Não há dúvidas disso. Negar tais fatos além de burrice é canalhice!

Embora particularmente não acredite que o racismo, à corrupção, o desprezo pelos pobres e homossexuais um dia em definitivo irão acabar já que o problema, a meu ver, está na raíz de tudo, ou seja, no corrompido coração humano desde o éden, o Estado tem o dever de criar leis educativas e punitivas para protegê-los (que não significa privilégios). Por isso, é preciso sim combater minimamente tais distorções e anomalias sociais.

Por outro lado, o mínimo de mudança e conscientização não serão estabelecidos também por meio de narrativas "bélicas" que visam criar um mundo maniqueísta entre: vítimas e algozes, bandidos e mocinhos, exploradores e explorados, ricos e pobres, brancos e negros, héteros e homos, etc. Não!

E, é isso que infelizmente muitos grupos querem fazer. Dicotomizar a sociedade enfatizando características. Foi o que aconteceu recentemente com a medalhista olímpica de judô Beatriz Souza. À primeira coisa que certos jornais noticiaram foi: "Mulher gorda e preta" (como se isso a definisse por completo) ganha ouro olímpico. Isso é "enquadrar, encaixotar ou sequestrar identidades." Sim, porque antes dela ser gorda e preta, ela é mulher, amiga, religiosa ou não, mãe ou não, simpática, justa, trabalhadora, competente, brincalhona, etc.

Enfim, não foi o fato de ser gorda e preta que a fez ganhar. Certamente houve dedicação, coragem, princípios, amizades, sofrimentos, fé, abnegação, disciplina, humildade, etc, que a fizeram trazer o ouro. Porque resumir uma pessoa a uma, duas ou três características é roubar dela inúmeras outras até mais importantes e significativas. Pois, toda pessoa não tem uma história, mas sim é uma história. Portanto, ninguém cabe em "caixas discursivas!"

Danilo D
Enviado por Danilo D em 04/08/2024
Código do texto: T8121735
Classificação de conteúdo: seguro