"MUNDO INQUIETO."

"Anda mais rápido, menino. Essa criança é muito distraída, diz a mãe. Nossa, aquela mulher parece que vive no mundo da lua, diz a patroa." Você já ouviu falar de gente distraída assim? Gente que parece estar em outra realidade? Bem, esse tipo de gente existe, mas talvez esteja se tornando raridade.

O mundo de hoje é um mundo que produz inquietude. Uma verdadeira máquina de velocidade. Tirar um dia para literalmente não fazer nada tornou-se sinônimo de gente acomodada, desanimada ou parada. Quer exemplos? Fique uma hora (ou menos) em uma praça de alimentação de um shopping ou em qualquer praça do seu bairro olhando as pessoas passarem. Ou, parado na avenida Paulista observando apenas o movimento ao seu redor. Certamente alguém irá te chamar de louco (a) ou à polícia suspeitando de você.

Porque a sociedade do século 21 "não aceita" o não fazer nada. É óbvio que quando se fala em um "não fazer nada" não significa uma vida diária de ociosidade (filosofando), preguiçosa ou usando o português claro: de vagabundagem, rs. Não se trata disso! É o "não fazer nada" no sentido de não ter que se preocupar em preencher o tempo livre com alguma atividade.

É não ter, por exemplo, em todas às férias a obrigação de viajar. Se ficar no lar, a "obrigatoriedade" de todos os dias assistir a um filme, série, novela, esporte, etc, para não entediar. Se for andar de trem, ônibus ou metrô não ficar ansioso para mexer no celular. Ou, não ter que ir a quase todos os finais de semana em alguma festa, aniversário, atividade religiosa, churrasco, formatura ou balada simplesmente porque deseja descansar. Apenas não querer se movimentar. É possível?

Vejam: Deus fez o mundo em seis dias diz a tradição judaico/cristã e, no sétimo descansou. Mas descansar aqui não é necessariamente como entendemos literalmente. Descansou provavelmente tem a ver com admirou o que fez percebendo que tudo era bom, suficiente e que à partir daquele momento só precisava apreciar. Guardadas às devidas proporções, o mesmo deveríamos tentar, ou seja, contemplar, admirar, olhar e prestar atenção sem a preocupação de ter com alguma coisa se ocupar. Enfim, o ser humano deveria andar na calmaria e não feito uma "cavalaria."