Quando o ativismo LGBT.... perdeu a noção de respeito: o bolo da discórdia (e do privilégio)

Isso já aconteceu algumas vezes. Não irei comentar sobre data, local ou nomes dos envolvidos. Só que, o primeiro caso, que depois gerou novos casos parecidos, se consistiu em um casal de LGBTs , em algum estado nos EUA, que queria encomendar um bolo de casamento de uma confeitaria e teve o seu pedido negado, porque o dono alegou que a relação civil entre pessoas do mesmo sexo vai contra suas crenças religiosas (pessoais) e, por isso, não iria confeccionar o bolo.

Pronto.

Foi só isso acontecer para que o casal resolvesse processar a confeitaria querendo forçar o seu proprietário a fazer o bolo para eles. Então, a mídia, geralmente mais "para a esquerda", e muitos "progressistas", aplaudiram a decisão do casal, enquanto condenaram o confeiteiro.

Tudo certo. Só que não... Porque, a priori, ninguém deveria ser obrigado a nada que não quisesse fazer, ainda mais nessa situação. De fato, isso pode parecer discriminação. E é. Mas não significa que seja imoral, porque as pessoas podem, idealmente, se negar a fazer coisas para as outras mesmo por essas razões. Por mais tola possa ser a alegação usada, ainda é válida, pois atende ao direito de livre associação.

Então, o que temos aqui não é a luta por respeito, necessariamente, mas o privilégio do poder, de querer se impor aos outros mesmo à revelia.

Eu, sinceramente, penso que, se uma pessoa não quer conviver comigo, não quer a minha presença na residência dela, ser minha amiga ou não quer fazer um bolo de aniversário ou de casamento para mim por causa da minha orientação sexual, por mais que isso possa soar desagradável e desrespeitoso para mim, eu ainda preciso aceitar que não sou unanimidade e esquecer desta pessoa.

A exceção

Mas e se todos os confeiteiros estadunidenses se recusassem a fazer bolos de casamento para casais LGBT????

Aí teríamos um problema e é até interessante comentar sobre esse cenário de exceção, pois o direito à livre associação, aqui, mais no sentido de discriminação e que também depende do caso, pode resultar em exclusão absoluta de um grupo, que o problematizaria bastante em termos morais ou de justiça. Porém, todavia, contudo, enquanto não existir uma "máfia de fundamentalistas religiosos donos de confeitarias" sistematicamente discriminando seus clientes com base em orientação sexual ou por outra categoria...

(Eu fico pensando se o confeiteiro que se negou a fazer o bolo fosse muçulmano... Se o caso seria abafado ou mesmo se muitos "progressistas' o justificariam...)