Limites do conceito de racismo, com um exemplo: o direito à livre associação
É racismo não querer conviver ou limitar o convívio com indivíduos da raça y ou da etnia x??
Muitos diriam que sim, que é um exemplo clássico e indiscutível de racismo. Mas o direito à livre associação (que também pode ser chamado de "auto segregação") não é racismo. Como acontece com frequência, preconceitos, tal como o racismo*, e preferência pessoal, também entram em conflito por aqui, porque parece difícil determinar onde que um começa e o outro termina...
Então, como resolver esse impasse??
Aplicando a minha proposta de conceito para o racismo, buscando pelo conceito mais objetivo e imparcial possível, ainda mais se tratando de uma palavra ou termo abstrato e que, ainda por cima, é mais específico a contextos sociais, com implicações morais... Finalmente, ao invés de usar o conceito mais adotado, de comportamento discriminatório com base na raça ou etnia, enfatizar em sua própria raiz, que é o estabelecimento de uma relação equivocada de causalidade ou generalização (e não de correlação interseccional) entre fenótipo racial e comportamentos, até como maneira de separar, por definitivo, preferência pessoal de racismo, bem como de qualquer outro tipo de preconceito. Também ajuda a não super-enfatizar racismo ou preconceitos às ideias de discriminação e segregação, se, como eu já comentei em outro texto**, não são unilateralmente imorais, por estarem dependentes de contexto para que se possa determinar o quão injustas, insensatas, cruéis, ou o oposto, podem ser.
* O racismo pode ser por preconceito (racismo negativo ou generalização pejorativa de um ou mais grupos raciais) ou por fanatismo (racismo positivo ou supremacia racial de um ou mais grupos raciais). Eu falei sobre esses tipos de racismo que propus nesse texto: Racismo "negativo" e "positivo".
** "Sobre mais dois casos de manipulação semântica para fins políticos supostamente benignos: discriminação e segregação"
Esse texto busca justificar e defender o direito à livre associação, de que, a priori, nenhum indivíduo deve ser obrigado a conviver com ninguém que não queira, mesmo se por motivação racial ou por outra razão parecida (por orientação sexual, religião...).