NIETZSCHE OU JESUS?
"Chorar para sorrir, ser o último para ser o primeiro, se humilhar para ser exaltado, servir para ser servido." Quem em sã consciência em um sociedade extremamente competitiva, narcisista e utilitarista como a nossa valorizaria tudo isso acima? Bem, é fato que desde os primórdios da humanidade o mundo sempre deu mais importância aos mais fortes, ricos e poderosos. Na cultura grega, por exemplo, uma das mais significativas do ocidente que até hoje influencia nossa política e muita gente, dava-se valor somente aos mais capacitados para exercer diversas lideranças e cargos (públicos). Na cultura romana ou grego romana também não era tão diferente.
Passados muitos séculos mais precisamente no século 20, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche reforçou a tese do mais forte e introduziu aquilo que ficou conhecido como: "Super Homem" (que não tem absolutamente nada a ver com o famoso filme dos anos 80, 90). Segundo ele, fraqueza, perda, abnegação, humilhar-se, dar a outra face, servir, etc, deveriam ser totalmente descartados por esse tal de "Super Homem" (entenda-se: super humanos). Nietzsche considerava à religião cristã um verdadeiro atraso ao intelecto e desenvolvimento humano já que valoriza virtudes do esvaziamento ou do enfraquecimento. Mas creio que ele estivesse equivocado, vejam:
O cristianismo não é uma religião que incentiva a derrota, fracasso ou que desestimula qualquer tipo de potencialidade e progresso humanos, pelo contrário (embora infelizmente muitos cristãos acreditam nisso ou o contrário, isto é, no super homem de Nietzsche). O que à bíblia vai proibir é o "culto ao EU" aquele que visa colocar o ser humano no centro do universo como sendo a referência última de todas as coisas, mas jamais a proibição de suas capacidade, conquistas e qualidades. Porque pensem: imaginem um mundo onde só os fortes e poderosos tivessem voz, vez e valor? Onde quem não alcançasse o topo da fama, beleza, dinheiro, sucesso ou poder, fosse totalmente desprezado, ignorado e ridicularizado? Pergunta retórica: seria um mundo justo, injusto, fácil ou difícil de se viver? Provavelmente injusto e mais difícil!
Porque uma sociedade assim seria insuportável já que a esmagadora maioria das pessoas jamais irão chegar ao topo de nada. A maioria será ou serão pessoas comuns, anônimas. É nesse sentido, portanto, que o cristianismo vai na contramão de quase tudo que se ensinou até hoje na humanidade já que o EU na visão cristã não é autônomo, independente ou indiferente, mas sim depende de algo que para o cristão está (ou deveria estar) acima dele, ou seja, Deus e que, portanto, a humildade e não a soberba é que deve sempre prevalecer.