Solidariedade, a palavra do momento
O estado do Rio Grande do Sul foi atingido por chuvas torrenciais e ininterruptas, que provocaram inundações sem precedentes. A precipitação pluviométrica atingiu marcas inéditas, deixando mais de 400 municípios em estado de calamidade pública, incluindo a capital. A Defesa Civil contabiliza mais de uma centena de vítimas fatais e número ainda maior de pessoas desaparecidas, além de muitos feridos. Dezenas de rodovias pavimentadas e estradas de leito natural foram destruídas pelo fenômeno natural, com interdições totais ou parciais. Os deslizamentos de terra e as quedas de barreiras dificultam o acesso às áreas afetadas. O fornecimento de água potável e energia elétrica em diferentes localidades foi interrompido ou seriamente prejudicado. O alagamento produziu cenas inimagináveis, com resgates arriscados em telhados, árvores e em qualquer ponto minimamente estável, onde pessoas e animais buscaram proteção precária contra a fúria avassaladora da natureza.
Em meio à tragédia, evidenciou-se a mobilização da população no auxilio imediato aos afetados pela catástrofe natural. Verdadeiros heróis anônimos enfrentaram condições completamente adversas como a força descomunal das correntezas, do tempo instável com rajadas de vento e descargas elétricas e ainda a exposição constante à insalubridade da água contaminada para tentar salvar a vida alheia. O resgate aos atingidos, coordenado pela Defesa Civil recebe apoio das demais forças de segurança como Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Civil e Brigada Militar, entre outras instituições. O evento climático extremo deixou um cenário desolador. Bairros inteiros literalmente desapareceram do mapa. Vidas foram perdidas, prejuízos materiais ainda não contabilizados, mas que certamente atingirão cifras bilionárias, lares destruídos e o clima que teima em não cooperar, trazendo mais chuva para toda a região.
Diante desse lamentável quadro de incertezas e desespero, os exemplos de solidariedade se proliferam. A mobilização nacional ganhou forma e dimensões extraordinárias. Entidades da sociedade civil, clubes de serviço, associações diversas, redes de comércio varejista, instituições bancárias, empresas de transporte rodoviário, cooperativas agrícolas e de crédito, organizações religiosas, instituições de ensino, enfim, uma corrente do bem cujos objetivos buscam, pelo menos, minimizar o sofrimento do povo sulista. Esse é o verdadeiro espírito de solidariedade, de caridade, de altruísmo, de filantropia. É uma prova inconteste de que, com objetivos definidos em prol de uma causa humanitária, o povo dessa nação extorquida continuamente por governos perdulários possui imenso poder de impulsionar iniciativas positivas.
O sentimento maior nesse momento crítico é o de solidariedade, de amparo, de ajuda. Sabe-se que a plena recuperação do estado riograndense será lenta e gradual e demandará recursos materiais e humanos astronômicos, que obviamente não será creditada integralmente ao poder público. Certamente o cidadão brasileiro será instado a demonstrar, em um futuro próximo, um pouco mais de disponibilidade e boa vontade para com nossos irmãos das plagas do minuano. Essa será mais uma nobre missão. A resiliência acompanha aquele povo aguerrido, porque como diz o gaúcho, “não está morto quem peleia”.