Suprema Ditadura Versus Supremo Poder

Para quem não acreditava no perigo da ditadura do judiciário, depois que o STF superou todas as barreiras da ilegalidade e de desrespeito à constituição federal, agora cava o fundo do poço nas análises sobre a ampliação do foro privilegiado e na interpretação criativa do artigo 142. Isto tudo em plenário virtual e em plena sexta-feira santa.

A ampliação tem uma motivação nada republicana, mas de cunho estritamente pessoal, já que ao que tudo indica visa manter Bolsonaro sob tacão de seu autoritarismo.

O STF tem sido cada vez mais alvo de acusações de usurpação de poder e de abuso de autoridade ao manter pessoas sem prerrogativas de forro sob sua alçada.

Mas como disse Carmem Lucia, no caso de censura à imprensa: “Vamos descumprir a constituição, mas só um pouquinho”.

O exercício do autoritarismo é como uma droga. Uma vez provado é difícil não cair na tentação daquela sensação inebriante de poder quase absoluto.

O Brasil virou a república da avacalhação total. Ministros do supremo dando entrevistas sobre processos que tem que julgar, passando detalhes de processos sob sigilo para comentaristas de mídias corrompidas, ministro em papos pessoais e diretos com o comandante do Exército, dando pitaco sobre questões exclusivas das FFAA, delegado da polícia federal plantando provas falsas para incriminar investigados, Policia Federal deixando de lado as suas atribuições constitucionais, qual seja o combate aos crimes federais de organizações criminosas para se dedicar com exclusividade a perseguição política de adversários do regime.

Uma vez tendo colocado o senado de joelhos, órgão que teria a atribuição de seu controle externo, e tendo resolvido que o trabalho das FFAA como entidade subalterna, se resume entre outros, na pintura de rodapés, só restou uma força capaz de se contrapor ao avanço de sua ditadura.

A única força entre o STF e a implantação da pior das ditaduras é o poder supremo do povo.

Só que para que o povo se aglutine em uma força capaz de exercer uma pressão efetiva ele precisa ser chamado a se manifestar. O povo precisa de um líder forte e corajoso que inspire confiança e credibilidade.

Um líder que supere com suas ideias o império do medo imposto para calar, imobilizar ou produzir apatia na ação popular.

Este controle tem sido feito até o momento em ações conjuntas pelo tripé: STF, governo e mídias pagas, que agem para criar este ambiente de incertezas e insegurança jurídica, que leva o cidadão a se calar e a se conter.

Um dos mantras mais usados pelo regime para manter este controle nos últimos anos foi a palavra “golpe”. A explicação para este abuso do termo está neste parágrafo que se segue:

"Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade". Essa célebre frase de Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha Nazista, permite refletir acerca do papel das "Fakes News “ou "hoax" (termos ingleses para notícias falsas) na sociedade. Estas acabam por exercer controle sobre o indivíduo e, por fim, nas decisões importantes, por exemplo, as eleições”.

Se este tal golpe fosse de verdade o sistema não precisaria ficar repetindo a palavra nesta ladainha irritante que o tempo e os fatos reais se encarregam de transformar em palavras inúteis ao vento.

No Brasil atual há um único político capaz de arrastar para ruas estas multidões que podem salvar de fato nossa democracia. Não é a atoa que o regime corrompido quer colocá-lo a qualquer custo atrás das grades.

Resta saber se o STF e em especial o ministro/xerife terão colhões para fazê-lo.

João Drummond
Enviado por João Drummond em 02/04/2024
Reeditado em 02/04/2024
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