A MILÍCIA É UMA ESCOLHA DO POVO, PELA AUSÊNCIA DO ESTADO, NUMA CONTRADIÇÃO À MORTE OU À RESSURREIÇÃO DE UM PROJETO DE SALVAÇÃO
Hoje, em mais uma sexta-feira da paixão do Cristo, o mundo cristão relembra o assassinato de Jesus de Nazaré, que foi crucificado, após humilhação e tortura físico-psicológica, pelo Estado Romano e participação ativa da elite político-religiosa do Estado Judeu ocupado.
Lançado às mãos de Herodes, rei judeu, e do Sinédrio, corte político-religiosa, Jesus foi vitimado por um julgamento político de exceção, em decorrência de uma prisão arbitrária e acusação de blasfêmia à Deus e terrorismo contra o judaísmo.
O cenário da paixão e morte de Jesus foi transformado no teatro político-religioso e centro da política cultural e de costumes, desde que o 'cristianismo' foi transfigurado por Diocleciano, rei romano, que vislumbrou a oportunidade, de ampliar seus domínios, remasterizando o Projeto Social de Jesus, originado no Filho dos Homens, portanto, humanista, num Projeto Político-Místico fundamentalizado, no "Mito do Cristo", Filho de Deus, capturado, divinizado e difundido pelo Estado Romano colonialista e imperialista.
Não vou discorrer na narrativa de como as comunidades cristãs primitivas, de cunho humanista e coletivista, a partir do controle do Estado Romano, foram sendo manipuladas, pelos Estados Cristãos, e por uma Igreja Católica de Estado, e seus desdobramentos e desvios do Projeto Humanista Originário de Jesus de Nazaré, cismas internos e externos, que dividiu o cristianismo e o transformou nas ritualísticas católicas e protestantes que assistimos hoje.
Vou me ater à opção originária de uma população oprimida, pelo Estado Romano e pela Monarquia Judaica, numa Palestina ocupada, colonizada e explorada pelos poderes de Estado, que nada os retribuía em assistência e serviços.
Essa população, por três anos, segundo a narrativa bíblica, expressa no novo testamento, foi ouvindo Jesus e acreditou que seu projeto os libertaria de Roma e do jugo de Herodes e o Sinédrio, contudo, não conseguiram entender que a mensagem do Messias de Nazaré se tratava de uma transformação de costumes, de cultura e desenvolvimento de uma Sociedade Coletivizada, o "Reino de Deus", que se implantada daria autonomia, liberdade e soberania aos "gentios", por primícias, da Palestina, e por ideologia, de toda a Terra.
Apesar de semeada, a palavra de Jesus não teve tempo de ser colhida e comungada, na sociedade, posto que os poderes aristocráticos perceberam o perigo revolucionário e condenaram o líder à morte.
A manipulação do Estado, que sabia se aproveitar da alienação e ignorância do povo, foi difundida por meio do negacionismo, ao Projeto de Jesus, dito blasfemo, perigoso e subversivo à ordem instituída, e distorcida, com o uso do terraplanismo político e infiltrações de outros agentes dissidentes e marginais dissimuladores de uma pseudo-libertação.
A conjuntura social da época era extremamente desfavorável às insurreições populares, não muito diferente do cenário atual, e as milícias se espraiavam como soluções anárquicas para motivação de grupos marginais ao status quo no poder.
Preso, torturado e levado à decisão do governador-interventor, Pôncio Pilatos, sob conluio das elites do atraso palestino-judaico, o povo oprimido foi utilitariamente consultado, a escolher, e escolheu clientelisticamente, Barrabás, um líder miliciano, levando o messias torturado à condenação a morte na cruz.
Até hoje, podemos nos questionar, como uma população pôde desprezar seu líder-humanista e escolher um miliciano oportunista?
Sob bases mais aprofundadas, de estudo sociológico e político, compreenderemos, o porquê negaram Jesus, e mais ainda, porque o continuam negando, 2024 anos após seu martírio, mesmo reproduzindo religiosamente o teatro de horror de seu assassinato crucifixial.
A despeito do cristianismo seguir dialeticamente e liturgicamente pregando a ressurreição de Jesus, 'O Cristo', o projeto do messias-palestino não é mais o mesmo, foi capturado e transfigurado, em diversos projetos, que vão da teologia das colonizações, dimensionadas a partir do século XVI, até as teologias da prosperidade e do domínio, séculos XX e início deste século XXI, com incorporação do fascismo e reincorporação das milícias, como estratégia de controle e exploração, do capitalismo e seus Estados burgueses.
Neste cenário, Jesus de Nazaré segue assassinado, todos os dias, há vinte e um séculos, e teatralizada a sua paixão, como uma amostra do horror, a que se reserva, para quem ousar se sublevar aos Estados e seus poderes constituídos, a quem liderar a subversão à ordem estabelecida, pelas aristocracias e elites dirigentes, ousando romper o status quo e revolucionar as sociedades humanas.
Jesus de Nazaré é o Cristo das Aristocracias, e o Mártir-mor dos Revolucionários dos Povos, a contradição, entre a morte e a vida, o assassinato na cruz e a páscoa da ressurreição, do seu projeto humanista.
Termino este texto chamando à reflexão.
Quem você escolhe?
Barrabás da Milícia ou Jesus de Nazaré?
O Teatro da Paixão ou a Defesa da vida?
A Teologia da Libertação Coletivista ou o Negacionismo Terraplanista do Individualismo Capitalista?
Reflita, faça sua escolha, o primeiro passo à salvação é sempre uma escolha pessoal, que se manifestará na sociedade, em prol ou contra si e os seus.
A compreensão da contradição, entre o Teatro da Paixão e Morte, de Jesus de Nazaré, e o Teatro da Páscoa, do Cristo de Deus, pode levar a reflexão da possibilidade da ressurreição do humanismo e da restauração do Projeto de Salvação proposto por Jesus, O Filho dos Homens.
Viva o revolucionário, Jesus de Nazaré!
Paz e Bem!