Um país de bizarrices

O que dizer do Brasil? Podemos dizer muitas coisas, principalmente que é um país de bizarrices. Pode-se dizer outra coisa quando vemos uma figura como Jojo Todynho - que recentemente chamou a atenção ao posar de fuzil - fazer sucesso e chamar tanta atenção? Sejamos sinceros: em que ela contribui para o nosso desenvolvimento cultural? A mulher não canta bem, as músicas dela não têm uma letra inteligente, ela só sabe falar palavrão e é de uma vulgaridade extrema. E uma pessoa dessas está estudando Direito. Bem, não se pode fazer nada porque gosto, por pior que seja, não se discute e num país onde essas músicas de funk vagabundo cheio de perversões sexuais fazem tanto sucesso Jojo Todynho é apenas uma entre muitos desses pseudoartistas que temos que aturar.

Estamos vivendo uma época estranha neste país em que ser vulgar, radical e ignorante se tornou sinônimo de ser legal. Alguém esquece das manifestações a favor de Bolsonaro, em que uma senhora disse que Israel é um Estado cristão? Por acaso ela nunca estudou História e Geografia? Não sabe nada sobre a criação do Estado de Israel? Pior for ver Magno Malta usando uma camisa de Israel e exaltando Ustra, um torturador da época da ditadura. Isso sem falar nos apoiadores de Bolsonaro tocando e cantando a música de Geraldo Vandré, uma canção que foi composta para falar contra a ditadura. Foi de cair o queixo ver tanta ignorância junta.

Para piorar, não dá para ter muita esperança sabendo que Nikolas Ferreira agora é presidente da Comissão de Educação. Em uma entrevista, ao ser entrevistado sobre o terraplanismo, ele respondeu que nunca tinha se interessado em saber se a terra era redonda ou plana. Ele nunca viu isso na escola não? Como foi que ele estudou Direito? E, com os evangélicos ganhando espaço na política, só podemos ter medo, afinal muitos defendem que se ensine o criacionismo e são contra o ensino de educação sexual. Deveríamos prestar atenção a Marcos Feliciano, que defende a "cura gay" e afirmou que a África era um continente amaldiçoado. Pensemos em Damares Alves, que, quando foi ministra do governo Bolsonaro, defendeu que para se combater problemas de gravidez na adolescência o certo era promover campanhas de abstinência sexual. Alguém deveria dizer tanto a ela quanto a outros que defendem tal ideia que pregar a abstinência não serviu de nada. George W.Bush apoiou campanhas de abstinência sexual e isso não diminuiu o número de adolescentes grávidas nos Estados Unidos. Já em países como Suécia e Noruega, que investem em educação sexual, praticamente não há problemas de gravidez na adolescência.

Infelizmente, as coisas não vão melhorar tão cedo. O país está emburrecendo. Hoje, tanto no ensino de Língua Portuguesa quanto no de línguas estrangeiras, não se valoriza mais o ensino de gramática e vocabulário. Agora, o professor tem que se limitar a trabalhar em cima de um texto para discutir os contextos com alunos que mal sabem ler e só querem ficar no celular vendo besteiras nas redes sociais e hoje, apesar das facilidades da Internet, sentem dificuldade para fazer um trabalho de pesquisa.

Estamos vendo a mediocridade ganhar força. E não dá para ter muita esperança nesses jovens que só pensam em desfrutar e, ao mesmo tempo em que criticam a sociedade e acham que podem dar opinião em tudo, seja em política seja na vida de quem aparece nas mídias sociais, vivem às custas dos pais. Muito fácil dar opinião sem abrir mão de estar confortavelmente sentado na cama ou sofá assistindo a filmes da Netflix ou pendurado no celular vendo o Facebook, Instagram, Youtube ou TikTok. Falam em mudar o mundo mas não querem nem mesmo saber de estudar para uma prova. Muitos nunca lavaram um prato e não chupam uma laranja para não se dar ao trabalho de descascar.

Tudo mudou demais. Antes, um estudante tinha que ler Dom Casmurro ou Iracema para fazer uma prova de Português ou vestibular e essa gente de hoje não consegue ler uma história em quadrinhos. Para eles, já é muito trabalhoso ler uma charge ou tirinha. Só conseguimos nos perguntar como chegamos a tal ponto.