SOCIAL?

 

Na década de 1980, eu trabalhava numa Editora como linotipista - a máquina linotipo, era o computador da época -, e tive a oportunidade de linotipar o livro PORTUGUÊS PARA VOCÊ, do notável escritor cearense Itamar de Santiago Espíndola.

Foi uma das raras felicidades que tive em minha vida como técnico gráfico: o de linotipar livros e conhecer escritores, conversar com eles, como no caso, o Dr. Itamar de Santiago Espíndola.

Doutor Espíndola, era assim que nós o chamávamos, era solícito a todos nós, gráficos.

Dava atenção a todos e foi numa dessas situações - ele mesmo revisava seus livros -, que, em falando de comunicação, ele nos disse algo que até hoje, me certifico da veracidade de suas palavras.

Dizia ele:

_ Não leio mais jornais, não ouço rádio, nem assisto televisão. Basta-me as agruras do cotidiano.

Sabe, aquela frase me marcou.

E, hoje, vejo que o saudoso Dr. Espíndola estava certo. 

A hipocrisia rola solta nos meios de comunicação.

Sentimos a manipulação dos fatos ocorridos, sendo narrados a partir dos interesses particulares, daqueles que detém a  mídia.

Exemplo: um fato ocorrido em 2020 que chamou a atenção do mundo: COVID 19.

Em nosso País, ocorreram 700 mil mortes - deve ter sido mais -, além de ter deixado uma enormidade de pessoas sequeladas.

Mas, a mídia, falada, escrita, televisionada, não exige, cobra, dos poderes constituídos, a responsabilidade de quem matou milhares de pessoas.

Num dado momento, no Brasil, ocorreu um ensaio, sim, de se montar rádios comunitárias.

Estas rádios comunitárias, criadas de forma precária, eram instaladas em bairros pobres.

Sabem qual foi o resultado?

Foram fechadas, proibidas de funcionarem.

Teria sido em razão da concorrência com a grande mídia?

Não!!!

A razão foi política.

Nas rádios comunitárias, rolavam as notícias em palavras fáceis, verdadeiras, e a população dos guetos começavam a entender as causas pelas quais, nós, assalariados, estávamos sendo levados, empurrados para a periferia.

O Capitalismo se alimenta de pobres, de carne de pobre.

O Capitalismo precisa, sempre, a continuar mantendo intacta a base da perversa pirâmide sócio-econômica, que nada tem de social.