POLARIZAÇÃO É O SEGUINTE: DOIS PONTOS
Não, não há polarização no Brasil!
- De um lado os brancos, do outro lado os pretos. Bem que podia ser, mas tem uma população de pardos que ora está de um lado, ora está do outro, conforme a conveniência dos dois.
- De um lado os ricos e super-ricos (estes são apenas 20 mil), do outro lado os pobres e miseráveis (milhões). É o mesmo que dizer: de um lado os que têm e do outro lado os que nada têm.
Com essa desproporção, que já é tamanha, como falar em polarização?!...
De qualquer forma há uma classe média, ou intermediária, que anula essa suposta confrontação.
Temeroso de cair para a base da pirâmide social, o classe média posiciona-se, não raramente, no prato da balança dos ricos. Sabe que não é rico, mas, bem ou mal, pode ter algum patrimônio pra dizer que é seu, ou quase seu. Suponhamos:
- uma casa (na grande parte financiada a longo prazo);
- um carro (também financiado e, às vezes, esperando na garagem o mês terminar para ser abastecido);
- alguma ninharia no banco (quase sempre a sobra do último empréstimo renovado)...
A classe média nunca foi o fiel da balança, mas, sim, a maior responsável pelo excesso de super-ricos nos representando no Congresso Nacional.
- De um lado os escravistas, do outro lado os escravizados. Nem aí se vislumbra qualquer possibilidade de polarização. É que, entre os escravos e os escravistas, existiram e ainda existem os abolicionistas. "Por que a comparação, se a abolição da escravatura em nosso país aconteceu em 1888?".
A abolição da escravatura no Brasil aconteceu de direito, nunca de fato. Se se aboliram os escravos e não se aboliram os escravistas, nada feito!
Se for para comparar, façamo-la com a libertação dos escravos nos EUA, 25 anos antes da nossa. Lá, Lincoln obrigou os escravistas a indenizarem os seus escravos com TERRA, GADO e NUMERÁRIO. Os ex-escravos no dia seguinte eram considerados cidadãos norte-americanos.
Aqui, não! Tanto o Império quanto a República que se seguiu optaram pela imigração de europeus, primeiramente italianos e alemães, depois os asiáticos japoneses. Mão de obra remunerada, em substituíção à mão de obra escrava. Nossos escravos ficaram a perambular. Salvaram-se da indigência as menininhas negras que eram levadas para as casas dos brancos da cidade e ali trabalhar todos os dias úteis, sábados, domingos e feriados; manhã, tarde, noite e, se necessário, de madrugada; sem remuneração, sem jornada de trabalho, sem escolaridade... Pasmem! Isso aconteceu, abertamente, em nosso país até o ano quatorze deste século. Ainda há quem diga que isso não era escravidão!!... Era, sim. Nossa índole, comprovadamente, é de escravistas. Nós é que escondemos de nós mesmos essa "qualificação injuriosa".
Outra coisa, de que ninguém tem dúvida, é que os nossos escravistas (donos de escravos) eram torturadores (ora mandantes, ora os próprios algozes). Queimavam nas fornalhas das usinas as escravas que eles ou seus filhos engravidassem (Ver Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre). Escravistas assasinos deram cria. Torturadores, idem. Tanto é verdade que o brasileiro, 130 anos depois da abolição, sem nenhum pejo, elegeu um desses torturadores como líder do seu país. Escravistas enrustidos. Pior é saber que a população negra, hoje, já superando os 50% do todo, influenciada pelos escravistas enrustidos, elegeu como seu líder o seu próprio algoz: um torturador. Uma incoerência comportamental sem sentido, sem explicação, quando se sabe que o escravista, ou o torturador (dá no mesmo) carrega dentro de si o ódio, o preconceito, a mentira, a impudícia, a malícia e o desejo insaciável de espancar a sua presa.
- De um lado, um partido que luta pelo social, do outro lado um que defende o lucro, o capital.
Não houve nem há polarização, principalmente porque os 35 partidos hoje existentes se agrupam, ideologicamente. Um lado defende a Democracia, o outro lado a ataca para derrubá-la, conforme os ditames fascistas ampla e veementemente difundidos no mundo inteiro (O regime autoritário é de todo relevante para os capitalistas). Na hipótese de segundo turno das eleições, os dois lados inevitavelmente se confrontam. Os fascistas vêm levando vantagem, pois têm como arma a eficácia de infindas "fake news" difundidas com a velocidade da luz através das redes sociais. Descobriram quão fácil é fanatizar uma massa "escravista" e sobretudo despolitizada.
O que se comentou anteriormente, a respeito do escravismo enrustido, explica esta dualidade chamada polarização ideológica.
(fernandoafreire.net)