A PIRÂMIDE
Cercado por Vermes Poderosos, Ricopobre, herdeiro provisório de uma terra de grandes fortunas encontradas acima e abaixo dela, considerada como uma das dez mais ricas do mundo, com imensas florestas e rios virgens, subsolo, ainda minimamente explorado, subordinado como um lacaio, Ricopobre deixa se domar pelos Vermes Poderosos que matam de fome os originários da Pátria-Mãe; que escavam, transformam a terra virgem em uma tábua de pirulitos, pirateando ouro e pedras preciosas; que deitam por terra árvores seculares; petrificam a terra nativa, com imensos rebanhos, manadas de bovinos; transformam seres humanos em zumbis que, de seres humanos, apenas olhares, que olham sem compreender, as colunas colossais de mármore que o cercam, um tipo estereotipado de novos campos de concentração...
E o Ricopobre, ah, o Ricopobre...
Sentado à mesa farta, juntamente com os Vermes Poderosos, imitando-os, joga para debaixo da mesa, resto dos restos do manjar, ornado de gargalhadas e arrotos hipócritas, abafando o lamuriar dos que perderam o jeito de andar ereto e que agora fuçam sob a mesa faustosa do então endeusado e hipócrita Ricopobre.
Enquanto isso, a base da Pirâmide, minuto a minuto, aumenta o tamanho de sua circunferência.