Liberdade. Um privilégio masculino?
Calou-se o riso da palhaça Jujuba, personagem encenada pela atriz venezuelana Julieta Hernandéz, brutalmente assassinada no interior do Amazonas. Não conheci o trabalho de Julieta, e talvez você que me lê, também não tenha conhecido. Mas certamente ela fazia parte da cada vez mais rara nata de pessoas que faz desse mundo um lugar mais bonito, mais alegre, mais humano. Julieta, ou Jujuba, era mulher, atriz, palhaça e cicloviajante - Pedalava em direção a seu país quando teve sua trajetória brutalmente interrompida pela barbárie: As notícias dão conta de Julieta foi assassinada pela enciumada esposa do homem que a atacou, roubou seu celular e violentou seu corpo. A cultura do estupro é tão forte que puniu a vitima com a morte, ironicamente aplicada por outra mulher - E há ainda quem diga que não precisamos de feminismo ou que não existe cultura do estupro ou violência de gênero.
O mundo segue sendo um lugar horrível para ser mulher. Pior ainda para as que ousam serem mulheres e livres. Fosse Julieta um homem branco pedalando pelo país, teria o mesmo destino? O assalto poderia acontecer, isso é inegável, mas a barbárie posterior, muito provavelmente não. Em 2024, vergonhosamente a liberdade de ir e vir ainda segue sendo um privilégio do homem branco, cis e heterosexual.