Cale-se!

© Paulo Bitencourt

(Autor dos livros ‘Liberto da Religião’, ‘Perdendo Tempo Com Deus’ e ‘Com Zeus Não Se Brinca’)

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Por uma série de razões, desde pequeno fui esquentadinho. Eu tinha dificuldade em aceitar ser criticado e reagia de maneira exaltada, até explosiva, quando “pisavam no meu calo”. Hoje, arrependo-me de ter sido assim, pois não ganhei coisa alguma com “responder na mesma moeda” ou “não levar desaforo pra casa”. Pelo contrário: só perdi. Por exemplo, minha paz (ficava dias remoendo aquelas situações). E cometi exageros. Na maioria dos casos, eu poderia ter tido alguma compreensão. A vida das pessoas que nos provocam ou tratam mal também não é um mar de rosas. Como nós, elas sofrem frustrações, o que (como a nós) as faz agir de maneira indevida. Também dentro das famílias há muitas discussões acaloradas e até brigas. Mágoas, sofrimentos e arrependimentos que poderiam ser evitados, se todos aprendessem a arte de permanecer calmo. Um dos piores defeitos do ser humano e que muitas vezes lhe causa problemas é seu afã de querer falar sempre, emitir opinião sobre tudo. Pratique ficar calado. Deixe os outros falarem. Quando disserem algo de que você discorde, fique calado. Experimente. No começo, é difícil e estranho, mas, com o tempo, você se acostuma. E mesmo que digam algo com o que você concorde, você não tem obrigação de dizer coisa alguma. Permita haver silêncio depois do que os outros disserem.

Faça um tremendo bem a você mesmo: fique calado, ou fale o menos possível. Ficar calado ou falar pouco é uma bênção.

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