O racismo oculto
Antigamente a nossa morada era nosso cativeiro, a música que ouvíamos eram choros, soluçar de dor e nosso grito era de socorro. A nossa condição era de escravos, com a pele escura feito a noite e manchada pelo sangue que corria pelo nosso corpo. Éramos vistos como “nada”, e não tínhamos nada, apenas sonhos e esperanças, esperanças de uma lei, que na verdade não era uma lei, e sim uma sentença.
O que fizemos depois da lei?
Para onde fomos depois da lei?
E o tempo passou...
Nossa condição continua a mesma, de escravos, abaixo de tudo e de todos. Hoje nossas moradas são cativeiros disfarçados, como as favelas, as ruas, os guetos.
A cor de nossa pele escura ainda é manchada de sangue, o que corre de dentro para fora. Ainda somos vistos como “nada”. Ainda temos leis, não a que queríamos, mas a que nos foi dada, não sei, se como pena, ou como merecedores.
Essas leis mudaram as condições dos seres humanos, como por exemplo, uma cadeia, um pedido de desculpa em público ou até mesmo uma indenização, ou seja, condições externas, porém, não mudaram os sentimentos, o coração das pessoas em relação aos negros, as condições internas ainda estão arraigadas, e só pioram a cada dia.
O racismo em sua forma mais cruel, o racismo oculto, aquele que não se vê, mas se sente. Para esse tipo de racismo não há lei, e sim empatia.