FATO SOCIAL TOTAL
FATO SOCIAL TOTAL
UM EXEMPLO de “Fato Social Total” foi o terrorismo imposto ao país pelos partidários do extremista de extrema direita conhecido por Bozo Bozonaro. Este FST do Oito de Janeiro envolveu os fanáticos do Bozo, O Louco Totalitário, os policiais e oficiais militares da PM, os diretores da Polícia Rodoviária Federal, os generais saudosistas da ditadura militar e seus sádicos torturadores dos quais é saudosista o Bozo, os incontáveis políticos de apoio bozonarista. E membros de uma sociedade sem nenhuma noção de moral e cívica...
DURKHEIM AFIRMAVA que a sociedade é anterior ao indivíduo. Ela impõe suas idiossincrasias, suas distorções perceptivas, suas relações sociológicas e os comportamentos sociais que são impositivos via coerção dos indivíduos. O fenômeno político radical chamado Bozonaro é consequência de uma política gerida por interesses que, nem de longe, são de seus eleitores. Bozo defende tudo que para ele e seus covardes apoiadores, lhes traz poder político e riqueza pessoal.
O BOZO FOI plantado na Câmara dos deputados pelo que de pior há no exército brasileiro. Aqueles generais que fazem cocô no fraldão no interior do pijama e sentem saudades do regime militar truculento dos “anos de chumbo”. Quando surgiu a oportunidade de se candidatar presidente, ele a aproveitou mentindo descaradamente em discursos congressuais e redes sociais, elogiando apaixonadamente o torturador do Destacamento de Operações de Informação, Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) sob comando, comunicação e controle do coronel Ustra, o qual Bozonaro não cansou de babar, fazendo elogios inteiramente despropositados para um deputado na Câmara Baixa.
EU ESTIVE preso no Doi-Codi da Lapa (RJ) no período mais repressivos da ditadura militar. Eles prendiam, torturavam e mantinham prisioneiros políticos estudantes, jornalistas, atores, diretores de teatro e cinema. freis, padres, militares que não faziam parte da quartelada ideológica. Dizem que o período mais repressivo fora o do governo Médici. Estive preso no governo Geisel. Essa definição de “governo mais repressivo” é uma balela. Todos os governos no período da ditadura militar foram igualmente “mais repressivos”. A repressão não possui gradação para os que estão prisioneiros.
NA ÉPOCA EU tentava dirigir uma peça de teatro de minha autoria (Da Família Canarinho: Flash). Os ensaios eram com atores improvisados de uma turma de estudantes da Centro do Estudante Universitário (CEU), criada em 1965. Uma tarefa experimental. Na terceira semana de ensaios o salão fora invadido por policiais falando: — “Mãos pra cima, Tá todo mundo preso. Vamos andando, depressa, rápido, saindo”. E lá estávamos, em fila indiana, na direção da entrada do camburão. Essa foi a primeira de duas vezes em que me mandaram para as celas do Doi-Codi da Lapa.
NESSA ÉPOCA estava a viger o governo Geisel (1975 ou 76), marcado pela transição para o processo democrático. A entrada do país no neoliberalismo. Geisel havia extinto o AI-5 e concedido anistia política a artistas e político exilados em outros países. Eu estava exilado dentro do Brasil. Assim como boa parte de uma geração que buscava uma saída para a miséria do larbirinto familiar, social, político e econômico em que nos encontrávamos.
ESSA JUVENTUDE buscava desesperadamente uma saída da prisão de uma escola rudimentar, de uma família gerida por brucutus. Eu havia trabalhado de repórter e crítico de cinema num jornal do Estado do Rio. Minha família, se é que eu posso chamá-la assim, havia me rejeitado por não querer fazer o jogo do filho que se permite subjugar aos intentos infernais de seus limites. Eles, todos, queriam me comprar para suas intenções nefastas. Eu tinha noção de meu valor e não me dobrei às suas intenções.
SÓ QUEM REMOU contra a correnteza de um tempo de assassinos pode saber o que estou a querer transmitir. A noção de preço e valor existencial. A correnteza de uma realidade externa de grande poder objetivo. Poder de afetar a vida presente e futura de alguém que sabe estar no interior de um grande e poderoso fluxo de água corrente descendo a montanha num turbilhão. Você pode imaginar a força de uma cultura que está em oposição ao Deus em que se acredita, e à sua Palavra???
SE VOCÊ SE permitir levar pela correnteza cairá num precipício. Você não possui outra alternativa senão fazer de seus braços remos, com eles enfrentar as correntes na direção oposta. Torcer para algo acontecer que te salve do desastre da cultura do entretenimento familiar do mais baixo nível. Que te salve da virulência dos filmes, da pornô chanchada das novelas, da propaganda televisiva do consumismo desvairado, da cultura familiar de gente sem formação moral e intelectual. Gente dirigida por um Inconsciente Coletivo que esmaga todas as suas esperanças de ser. Ser, não apenas Ter.
A TECNOLOGIA A serviço da velharia dos costumes papai/mamãe. E lá estava o exército, o Doi-Codi, a repressão ditatorial ditando a todos o ditirambo do que fazer. Não é nada fácil vencer a poderosa força argumentativa, inconsciente de um tempo no qual nada te facilita as esperanças de ser você mesmo. E quando você, quase sem forças, sem fôlego, consegue criar a justificativa de seu viver, lá estão os demônios do Tempo satanizado a te constranger. A dizer que eles é que estão certos. Que o satanismo da velha cultura precisa vencer-te. Precisas permitir-te anuir, deixar-se conduzir para o interior dos cemitérios repletos de sonhos. Sonhos apodrecendo dentro das tumbas.
QUEREM QUE CREIAS que os esquifes, féretros e jazigos, mausoléus, sepulcros e sepulturas têm a resposta para suas indagações, conflitos e esperanças.
(P. S: Escrevi este Artigo a ouvir a infinitamente nostálgica vida que não vivi. A nostalgia impressionante das eufonias e consonâncias do violino de Paganini, Vivaldi e Tartini).