“O QUE SEU PROFESSOR NÃO CONTOU SOBRE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - * Parte 2” ... 11h59min.
A Revolução Industrial foi marcada pelos estudos de um filósofo que viveu aquele período e não gostou do que viu. Karl Marx dizia que as sociedades humanas não conseguiam se desenvolver por causa do capitalismo. Para ele, as contradições deste sistema impediam o crescimento das forças produtivas. Segundo ele, como o capitalismo só beneficia os mais ricos, os trabalhadores não produzem tanto quanto poderiam se vivessem numa sociedade sem classes.
Em outras palavras, para Marx, a exploração dos trabalhadores impedia o desenvolvimento das nações. Com o fim do capitalismo e da luta de classes, a humanidade estaria livre para avançar em direção a uma sociedade mais justa e próspera. Parece fazer sentido.
Para saber se ele tinha mesmo razão, vamos conhecer um pouco mais aquela época.
No tempo de Marx, os conflitos de classe eram mais intensos na Inglaterra, onde acontecia a Revolução Industrial e o capitalismo avançava. Marx afirmava que os ricos estavam ficando mais ricos e os pobres mais pobres. Se ali havia mais industriais ricos do que qualquer outro país, deveria haver também a maior população de miseráveis da Europa. Mas a renda média dos ingleses em 1800 era no mínimo o dobro da renda de qualquer outro país europeu. Mais do que isso, no século XVIII a Inglaterra teve a maior mobilidade social da história, com o surgimento de uma enorme classe média.
Muitos trabalhadores que começaram como operários montaram sua própria manufatura, seu comércio, armazéns, padarias, jornais ou farmácias. E eles enriqueceram.
Antes do capitalismo, todas as nações europeias eram extremamente pobres. Só os reis e a alta nobreza viviam bem. O restante da população sofria com altíssimos índices de mortalidade infantil e surtos constantes de epidemias que, de tempos em tempos, dizimavam até um terço da população. A partir da Revolução Industrial, a qualidade de vida na Inglaterra teve uma melhora sem precedentes. A semeadeira mecânica, por exemplo, inventada em 1701, passou a ser produzida em larga escala a partir de 1750. Isso permitiu que muitos agricultores produzissem mais trigo, mais cereais e mais legumes em suas terras a preços mais baixos.
A população britânica passou de 6 milhões em 1750 para 14 milhões em 1831. Um crescimento de 115%. Nesse mesmo período, a população francesa tinha crescido apenas 36%. A Revolução Industrial ainda não tinha chegado na França. O crescimento inédito da população britânica não aconteceu por causa de imigrantes nem por um aumento na taxa de natalidade. Foi somente por conta da redução das mortes. Ou seja, houve uma melhora na qualidade de vida.
De 1740 a 1821, a taxa de mortalidade caiu 41%. Portanto, dizer que o capitalismo impedia a sociedade de progredir não tem sustentação histórica. Foi justamente no país onde nascia o capitalismo industrial que a sociedade começou a viver o seu ápice.
Além disso, a afirmação de que a abolição do capitalismo levaria a humanidade ao crescimento foi um mero exercício de imaginação de Marx, porque não existia nenhum país socialista naquele tempo para poder comparar. A primeira sociedade sem classes surgiu 34 anos depois da morte de Marx com a Revolução Russa. E desde então, nenhum país socialista cresceu nos níveis de prosperidade do capitalismo.
De modo geral, o que aconteceu foi o contrário. O socialismo sempre ofereceu uma qualidade de vida inferior ao capitalismo. Até os pobres dos países capitalistas têm melhores condições de vida do que a população geral que vive sobre o socialismo. E a explicação para isso é muito simples. Sem empresas privadas não existe aumento salarial de acordo com a produtividade. Sem a possibilidade de enriquecer, os trabalhadores perdem qualquer incentivo para produzir mais. Além disso, ao invés de ter centenas de empresas competindo para vender comida, roupas, ferramentas e outros produtos básicos, o socialismo oferece apenas uma empresa estatal em cada segmento.
Sem concorrência, as estatais não trabalham para conquistar a preferência do consumidor. Elas seguem apenas as ordens de um burocrata do governo que não tem como saber quais são os desejos do consumidor.
Se não existe concorrência, a estatal não precisa aperfeiçoar seus produtos para conquistar os compradores. O consumidor só tem aquela opção de compra. Isso leva ao fim das inovações, que só existem quando a empresa precisa conquistar novos consumidores. Sem preocupação com o lucro, as estatais não reduzem os custos nem melhoram a produtividade, o que leva à falta de produtos básicos em todo o país, como pão, carne, arroz, remédios, sabonetes, papel higiênico e energia elétrica. Os apagões eram quase diários em países comunistas, como Romênia, Checoslováquia, Ucrânia, Vietnã, Cuba e Coréia do Norte.
Sempre que enfrentaram a queda de produtividade, os líderes socialistas, sem nenhuma experiência de administração, começavam uma repressão ao trabalhador, fazendo com que o socialismo se tornasse mais opressor do que qualquer patrão capitalista. Um exemplo disso foram os bolcheviques, logo depois de chegarem ao poder. Trotsky notou que a abolição do capitalismo não melhorava a produtividade dos trabalhadores. Ou seja, Marx estava errado e dificilmente o socialismo levaria a humanidade à prosperidade.
A conclusão de Trotsky foi essa: Pode se dizer que o homem é uma criatura bastante preguiçosa. Em geral, empenhada em evitar o trabalho. A única forma de atrair a força de trabalho necessária para a economia é exigir o trabalho compulsório. O trabalho compulsório também é conhecido como escravidão. Em todos os 15 países da União Soviética, os trabalhadores não podiam escolher a área em que iam trabalhar. Se uma fábrica fosse instalada na cidade, todos eram obrigados a trabalhar como operários e não importava se alguém tivesse talento para outra área. Só isso já quebrava a motivação da maioria dos trabalhadores. Mas podia ser pior. Se faltasse mão de obra em alguma região distante, centenas de pessoas eram obrigadas a se mudarem para lá sem serem consultadas. Muitas eram afastadas de seus parentes e familiares contra a sua vontade. Quem se recusava era preso ou morto. A única forma de resistir era ser negligente no trabalho. Essa era uma das formas de resistência dos escravos africanos no Brasil. Contra a negligência, em 1940, uma lei soviética passou a punir atrasos e ausências de 20 minutos no trabalho ou qualquer outra indolência com prisão de 6 meses em campos de trabalhos forçados. De 1940 a 1955, mais de 36 milhões de soviéticos foram condenados por indolência. Cerca de 250 mil foram fuzilados.
Ao longo do século XX, esse modelo se repetiu em vários países. Em 1949, o regime comunista levou a China a se tornar um dos países mais pobres do mundo. O mesmo aconteceu com a Polônia, a Hungria, Romênia, Checoslováquia, Iugoslávia, Vietnã, Camboja, Coréia do Norte, Angola, Moçambique, Gana, Etiópia, Cuba e Venezuela, nenhuma experiência Socialista levou qualquer país à prosperidade. Até porque, para qualquer país enriquecer, ao menos parte da população precisa prosperar e o Socialismo, não produz burgueses.
Foi exatamente isso o que a revolução industrial produziu como nunca, burgueses. Enquanto muitos operários entravam em conflito com os patrões, outros preferiam abrir seus próprios negócios aumentando a concorrência e reduzindo os preços de diversos produtos que antes eram inacessíveis às classes baixas, como remédios, roupas mais quentes, sapatos mais duráveis, ferramentas de trabalho, jornais e livros.
Infelizmente, tudo o que aprendemos sobre a Revolução Industrial, tem a influência da visão negativa de Marx sobre o capitalismo. Por isso, as mudanças positivas da Revolução Industrial foram omitidas. Historiadores Marxistas dizem que a exploração do trabalho infantil por exemplo, teria começado com as primeiras indústrias inglesas, mas ao longo de toda história, crianças eram vistas como pequenos adultos e começam a trabalhar cedo.
O código Hamurabi de 2000 anos antes de Cristo, dizia que as crianças se tornavam aprendizes de um ofício a partir dos 6 ou 7 anos, o mesmo acontecia na Grécia e Roma antigas. Em Esparta, as crianças deixavam a família para serem treinadas como guerreiros aos 7 anos. Em Roma, havia crianças trabalhando entre os escravos e entre a população livre. No Egito antigo, as crianças eram iniciadas no trabalho a partir dos 5 anos de idade e geralmente seguiam o ofício dos pais. Na idade média, as gravuras e pinturas que retratam o trabalho dos servos, sempre mostram as crianças trabalhando ao lado dos adultos. A partir dos 7 anos atuavam nas colheitas, nas oficinas, na criação de porcos e galinhas, na fiação de tecidos, na carpintaria e no serviço doméstico. Os aprendizes das corporações de ofício na idade média eram crianças e adolescentes. Na Inglaterra medieval, uma lei proibia que os artesãos aceitassem aprendizes com menos de 7 anos, sinal de que era comum isso acontecer. Esses aprendizes trabalhavam 16 horas por dia durante 10 anos para se tornarem artesãos, sendo que 3 ou 4 anos, já seriam suficientes, isso era exploração. Nesses 10 anos, eles não recebiam nenhum salário, suas famílias é que pagavam para o artesão para ensinar os filhos. O aprendiz dormia na própria oficina, muitas vezes no chão, não tinha férias e comia o resto da comida do mestre. Limpavam a casa do artesão, acendiam fogo e buscavam água, eram praticamente escravos da família do artesão. O mestre ainda tinha o direito de bater no aprendiz se ele não fosse disciplinado. Essa, era a vida padrão das crianças na Europa.
Mesmo depois da idade média, as crianças continuaram trabalhando dentro de casa ou para outras famílias. No reinado de Luiz XIV na França por exemplo, uma lei multava os pais que ainda não tivessem colocado os filhos para trabalhar aos 7 anos. É curioso que a história do trabalho infantil, nunca tenho sido ensinada nas escolas e nas faculdades. Na verdade, é até conveniente, porque assim, todos podem acreditar que foi o capitalismo que começou a prática do trabalho infantil e levou milhões de pessoas a miséria.
De fato, a miséria foi a norma em todas as civilizações por mais de 6 mil anos. Ao contrário do que Marx comentava, foi justamente o capitalismo que fez a sociedade prosperar e conhecer o seu ápice. O trabalho infantil que foi comum em todas as civilizações do oriente ao ocidente, só deixou de ser visto como natural quando os salários passaram a ser suficientes para sustentar toda uma família na Inglaterra. Assim, as crianças burguesas não precisaram mais trabalhar para ajudar com a renda. É claro que isso foi um processo lento e só no século XIX se tornou comum que crianças de classe média e alta não trabalhassem. Por isso, o conceito de que crianças não devem trabalhar, mas apenas estudar, surgiu com o crescimento da burguesia no século XIX.
Antes da Revolução Industrial as famílias tinham de produzir as suas próprias roupas, seus calçados e sua comida, só isso, já consumia 14 horas de trabalho diário, todos trabalhavam para sobreviver e nenhum membro da família podia se dar ao luxo de não trabalhar. Com a Revolução Industrial, roupas e calçados mais confortáveis e quentes para o inverno, que antes, só eram acessíveis à nobreza, passaram a ser produzidos em larga escala a preços mais baixos permitindo que mais pessoas vivessem em melhores condições. Isso aconteceu também com remédios, pães e outros alimentos, jornais e livros. As caixas de fósforo, facilitaram a iluminação e o aquecimento das casas no inverno. O barateamento de centenas desses produtos acabou fazendo com que mais pessoas abrissem armazéns, padarias, cafés, farmácias, gráficas e livrarias. E não foi só o consumo que melhorou a condição de vida das pessoas, com o aumento da classe média e da burguesia o conhecimento científico se expandiu, foi descoberto por exemplo que a higiene e o saneamento podiam evitar doenças, acabaram as pestes, profissionais como médicos, cientistas, jornalistas, engenheiros, advogados e arquitetos se multiplicaram. A humanidade nunca conheceu tantos artistas como nessa época. Na pintura, na escultura, na música, no balé e na literatura. Novas ciências surgiram como história, sociologia e a psicologia. Pela primeira vez na história, algumas nações prosperaram, antes disso, apenas chefes de estado e líderes militares, usufruíam das riquezas conquistadas. Com o surgimento do capitalismo, pela primeira vez a população passou a usufruir dos benefícios da riqueza. É claro que muitos não conseguiram enriquecer, eles permaneceram nas condições que toda população vivia antes do capitalismo, mas foi por causa da Revolução Industrial e do aumento dos salários que a Europa Ocidental conseguiu banir o trabalho infantil no século XIX. Esse enriquecimento da população, permitiu que as famílias colocassem seus filhos em universidades, o que levou ao aumento de estudos científicos e ao desenvolvimento das ciências como nunca antes na história. Não é por acaso que os maiores cientistas e inventores da época, eram ingleses. Todos filhos de burgueses que ascenderam com a Revolução Industrial. É o caso de James Watt, criador da máquina a vapor em 1765, que era filho de um engenheiro rico. Seu sócio, Matthew Boulton, criou a locomotiva a vapor em 1804, era filho de um pequeno fabricante de peças de metal. Charles Darwin, era neto de um industrial do ramo da cerâmica e filho de um médico rico. Edward Jenner veio de família pobre, mas teve a sorte de começar a trabalhar como aprendiz de um médico aos 14 anos, aos 21 se tornou médico, aos 25 criou uma associação para pesquisas medicinais. Janner, foi o criador da primeira vacina do mundo em 1796, era um imunizante contra a varíola. Sem a ascensão da burguesia a ciência não teria avançado tanto em tão pouco tempo.
A Revolução Industrial chegou mais tarde a França, por volta de 1840. Pouco depois, em 1885, Louis Pasteur, filho de um fabricante de couro, criou uma vacina contra o cólera. Na Alemanha, a Revolução Industrial, chegou em 1850. Na década de 1870, surgiu a forte indústria farmacêutica alemã. Não foi a toa que os principais químicos que contribuíram para o desenvolvimento cientifico da época, eram ingleses, franceses e alemães. Enquanto tudo isso acontecia, Marx tentava atrair trabalhadores para fazer uma revolução e acabar com o capitalismo. Não conseguiu atrair muitos operários para sua causa, boa parte deles, sabia muito bem que os pobres não estavam ficando mais pobres. Para justificar o seu fracasso na conquista das massas, Marx afirmou que os trabalhadores eram iludidos pela ideologia burguesa e não tinham consciência de classe. Na verdade, ele é que tentava iludi-los. Em O Capital, ele analisou apenas industrias menores, sucateadas ou arcaicas, como se fossem típicas do capitalismo para poder denunciar as péssimas condições de trabalho e os baixos salários. Nessas indústrias, as condições era ruins, justamente porque o empresário não tinha capital para comprar maquinário e reduzir o esforço dos operários. Curiosamente, Marx criticava os maquinários melhores, porque segundo ele, diminui o trabalho dos operários e consequentemente reduziam os salários, só que na prática, os melhores salários estavam nas grandes industrias onde os maquinários eram mais avançados. Além disso, a maioria dessas fábricas ultrapassadas citadas por Marx, funcionavam sem licença, portanto eram ilegais e seus donos eram considerados fraudulentos. Marx utilizou as denuncias de abusos contra os operários dessas industrias ilegais como se fosse o padrão de toda Revolução Industrial. Esses exemplos, que eram a perversão da Revolução Industrial foram usados por Marx como a prova de que a exploração era inseparável do capitalismo. Sem essa manipulação das informações Marx não poderia ter escrito O Capital, é o que afirma o Historiador inglês Paul Johnson: como ele não estava disposto a fazer nenhuma pesquisa de campo por conta própria, teve que deturpar sua principal fonte de informação para não abandonar sua tese. O que se percebe depois de uma leitura de O Capital, é a incapacidade inata em Marx de entender o capitalismo. O livro, era e é, desonesto em sua estrutura. Ele fracassou exatamente por não ser científico. Toda sua obra reflete uma desconsideração pela verdade.
Paul Johnson conclui que chamar o socialismo de Marx de científico, chega a ser um absurdo. O que também é um absurdo é que os estudantes nas escolas e nas faculdades continuem aprendendo que a Revolução Industrial tenho sido um período miserável da história da humanidade.
*Havia "queixas" da dificuldade de localizar este vídeo, devo ao nosso amigo Silvan, que "transformou", as palavras do autor, em letras, embora sem as imagens, se consegue compreender, o texto como um todo.
Texto transcrito de um vídeo publicado no Youtube pelo canal Manual de História, no dia 08/11/2022 (https://youtu.be/VGMGlo1s128)