A velada pena de morte

Valendo-se da vantagem física ele agrediu a companheira que sem ter como se defender, apanhou até sangrar na boca. No entorno dos olhos, o roxo era a prova da covardia. Quando ele saiu, num misto de auto piedade e coragem ela disse a si mesma:

- Agora chega!

Ligou para delegacia da mulher e conforme foi instruída, para lá se dirigiu. Com todas as letras e todas as marcas relatou a recente surra, acrescentando outras tantas que sem B.O. levara do marido.

Ele foi levado à força na viatura depois que foi encontrado em seu esconderijo. Passou apenas aquela noite na cadeia e nada mais, sendo libertado após a audiência de custódia.

Não houvera sido uma simples ameaça, chegara a vias de fato. Machucara violentamente a mulher e saíra a rua tão livre quanto era antes.

Ela voltou para casa com uma medida protetiva; instrumento incapaz de protege-la de um monstro determinado a exercitar sua maldade.

Com uma raiva desumana, amplificada pela denúncia e alimentada pela impunidade, ele não se conteve. Invadiu a residência e desferindo golpes frios, poderosos e definitivos, acabou com a vida dela.

Para o agressor, a graça da lei. Para o agredido, os rigores da pena de morte.