JANTAR DANÇANTE
Eu e minha mulher, em geral uma vez por semana, participamos de grupo de dança para a terceira idade. Começa cedo e nunca termina depois das dez horas da noite.
Pode parecer bobagem, mas o simples fato de se arrumar, escolher roupas, e sair para dançar e encontrar os amigos, faz bem à nossa saúde.
Eu confesso que ainda me alegra, ao dançar, ver aquela velha senhora, com quase oitenta anos, rebolar discreta e respeitosamente as ancas ainda firmes, capaz de despertar desejos. E ela sabe disso...
Creio que minha mulher tem pensamentos semelhantes com relação aos homens. Nenhum de nós confessa ao outro, por respeito à nossa relacao de mais de cinquenta e dois anos, mas sabemos que os pensamentos da juventude nunca saiu de nós.
Mas o que quero contar é que ontem fomos a um jantar dançante em uma cidade vizinha, que começou as dezesseis horas, dançamos, jantamos as dezenove horas, dançamos mais um pouco, e as dez da noite já estavamos em casa.
Todos idosos. Alguns, inacreditávelmente muito idosos. Todos muito bem vestidos, perfumados, a representar que sacolejar os velhos esqueletos é fato muito importante.
O DJ foi um de nós, igualmente caquetico, que tem a mulher muito doente acamada. Comandar as músicas renova suas forcas e alegria pela vida, fato tão visível que ninguém, nenhum de nós, tem coragem de dizer a ele um conceito unânime... de que ele é o pior DJ do mundo. Porque pouco importa, mesmo com músicas ruins, dançamos mesmo assim...
O jantar foi de comidas leves, para não matar ninguém. E as bebidas servidas eram água, cerveja e refrigerante. Da cerveja ninguém abusou.
A sobremesa resumiu-se a gelatinas e frutas.
E as conversas foram amenas e educadas, passando longe da política e religião.
Mesmo sendo estranho dançar sob o sol do entardecer, espero que façam outros jantares.
Porque foi muito bom.
Abraços a todos.