ATEÍSMO ATIVO

Não se salva ninguém com o ateísmo, pelo menos não no sentido religioso de "salvação", mas como professora que sou, acho que vale sempre a pena tentar "salvar" alguém da ignorância, de preferência mostrando o outro, ou os outros lados da questão para que a pessoa tenha condições de escolher, conscientemente o lado, o conceito, a postura que quer tomar.

Sem mais de uma opção não há escolha.

Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.

Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.

Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.

E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.

A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.

Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.

E não se joga fora essa casca assim tão fácil.

A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.

E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!

A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.

Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!

Mas pessoas ateias não são descrentes completas.

Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.

Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.

Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.

O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.

Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.

E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.

Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.

Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.

Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.

Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.

Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".

Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.

Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.

O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.

E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.

Em muitos casos são torturadas e mortas.

Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.

E até de povos inteiros.

Espero estar certa.

Divina de Jesus Scarpim
Enviado por Divina de Jesus Scarpim em 16/05/2023
Código do texto: T7789852
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