Verdade Seja Dita...Apesar de Relativa
As palavras, elementos básicos da comunicação verbal e escrita, têm propósitos, objetivos. Cumprem uma função primordial na sociedade dos Homens, para que, o que pensamos, cogitamos, raciocinamos, elucubremos, seja repassado de forma mais fiel possível a outra, ou outras pessoas.
O que nós dizemos, bem ou mal, é exatamente o que queremos dizer. Muitas vezes nos expressamos mal, dizemos palavras ou usamos expressões de forma inadequadas, inapropriada, confusa, e isto tem consequências.
Uma vez ditas, palavras não voltam atrás. Podemos até tentar remediar, nos desculparmos, mas sempre podem ficar os resquícios, os ressentimentos, as dúvidas sobre o que foi dito, e que que foi entendido, dentro de uma relação pessoal ou mesmo em público.
As palavras mal expressadas ou mal interpretadas, podem gerar graves consequências com animosidades, contendas, brigas entre as pessoas e até mesmo guerra entre países.
“Fulano falou isto ou aquilo, mas o que ele quis dizer foi outra coisa”.
Entramos definitivamente na Era da palavra relativa. O que vale não é mais o que as pessoas falam, mas o que, aqueles que tem mais poder de influenciar, acham o que ela quis dizer.
Em função disto, uma crítica pode se transformar, num passe de mágica em ameaça, um desabafo pode gerar um processo judicial, uma versão dos fatos pode se transformar em Fake News, uma crítica ao processo eleitoral ou a lisura das urnas pode dar cadeia, a menção de um artigo que está escrito na constituição pode se transformar em ameaça, (vejam só) de golpe de estado.
O problema é que, quem tem o poder de decidir o que as palavras carregam em seu bojo, tem, muitas vezes tal poder concentrado nas mãos e nas canetas que pode interpretar uma mesma fala, dita por duas pessoas diferentes, como, ou direito de expressão, ou ameaça grave.
“Fulano falou uma mentira. Ele se enganou, coitado” Beltrano promoveu uma Fake News mete processo no desgraçado”.
Alguem que lê em público, o artigo 142 da Constituição Federal, pode, nestes dias sombrios, ser acusado de estimular um golpe de estado.
Quem decide em grande parte o que é crime e o que é liberdade de expressão, é a chamada grande midia, outrora detentora das “verdades mais absolutas”.
Com o advento da internet, este monopólio foi por terra, daí vem em grande parte este desespero de alguns setores da sociedade, em reduzir a liberdade de expressão, mas só na internet.
As grandes redes de mídias vão poder continuar mentindo à vontade, principalmente em favor de um grupo ou governo, graças a esta cartilha nefasta.
Os ditadores das expressões e das palavras, os donos das verdades absolutas, os tiranos do pensamento alheio, se apossaram definitivamente da lei proposta por Einstein, e tornaram as palavras, as expressões, elementos relativos, de maneira que possam ardilmente, decidir, quem é quem, ao se pronunciar em púbico, nas redes, ou mesmo em particular, se suas palavras forem vasadas.
Primeiro prestam atenção nas palavras depois verificam o perfil de quem as falou, para se decidirem, se é uma mentirinha de nada ou uma grave e imputável Fake News.
Estes crimes, de falar o que se pensa, se transformaram em crimes hediondos, de lesa pátria. Crimes como corrupção, assalto, assassinato, estupro, são classificados como de menor gravidade, e devem, desta forma, continuar sendo regulados normalmente pelo código de processos cível e penal vigentes.