Reino dos Mauros versus Reino de Marrocos

O termo Mouro foi derivado da palavra latina "Maurus", originalmente usado para descrever os berberes e as pessoas da antiga província romana da Mauritânia, hoje designada no norte da África.

Qual é a origem do nome Mauro?

Mauro é um nome masculino de origem latina.

Constituindo o primeiro nome do Mauro, decorrente do próprio nome Maurice, proveniente do termo latino "maurus" referente aos "mouros", um povo da África.

Historicamente:

Assim, o primeiro termo Mouro, referendo-se a Maurice, um grande imperador bizantino do século VI. São Maurício também era um soldado romano, executado ao recusar participar de uma cerimônia pagã.

Além do termo compartilhar outros fatos, o nome Mouro, contraparte italiana e hispânica do primeiro nome Maurice. Mesmo que seja um nome muito comum na Itália e entre os meninos de origem italiana, mas também foi conhecido na América do Sul e sobretudo na Argentina e no Uruguai.

Tal termo Mouro, conheceu uma cunhagem camuflada pelo ocidente, subestimando os efeitos de cultura milenar, de rituais dos nativo do norte da África, a título de barbaridade e guerras infanticidas de tradição religiosa e rituais pagãos.

A questão: por que o interesse pelo “Reino dos Mouros”?

Foi o primeiro estado marroquino da história, segundo o pesquisador, Mohamed Jabroun, sobre a obra intitulada “Ancient History of Morocco”, publicada por Dar Al-Ihya.

No primeiro capítulo deste livro envolveu o “Reino dos Mouros”, existindo por mais de 500 anos antes de cair nas garras da ocupação romana, sintetizando suas características da política militar, econômica, ambiental, social, religiosa, cultural e lingüística, num quadro histórico e socioeconômico, dada a ausência de documentação histórica; além de ser “poucas e antigas, conforme alguns textos gregos, púnicos e latinos, e de algumas relíquias e evidências provas materiais.

Então o que colide com a história deste reino?, foi a história inicial do Marrocos, onde os investigadores decifraram as placas rupestres gravadas em torno do Marrocos. Apesar das gravações terem forçado os pesquisadores a confiar em “notas de rodapé e margens de fontes gregas e latinas, principal objetivo complicado, confundido junto ao Reino de reinos bárbaros, não somente pela era da história do norte da África e do Marrocos em particular, mas também para desvendar uma cultura e suas ramificações”.

No entanto, isso não nega, segundo o pesquisador especializado em história, Mohamed Jabroun, referenciando “o reino dos mouros ser um dos reinos mediterrâneos marroquinos, oprimidos ao longo da história, sem cumprir o objetivo do conhecimento e de sabedoria, permanecendo oculto aos olhos e as línguas dos historiadores, raramente expostos para o aprofundamento e críticas".

Estabelecimento do estado

O pesquisador destacou no seu livro duas fases na história do reino Mauryan. A primeira delas faz referência ao estabelecimento e fundação do estado mouro, uma etapa inicial e misteriosa, datada do estabelecimento do estado em Marrocos, fase pela qual “se fundou e surgiu o reino dos mouros, uma vez que nada se soube sobre seus primórdios, nem determinação com precisão, definição dos eventos mais importantes, trás o seu estabelecimento. Desaparecido ou colapsado com o período da Segunda Guerra Púnica, no final do século III aC.

Quanto à segunda fase, foi de desvendar esta fase de emergência e colapso, durante a qual o reino experimentou uma “emergência tangível representada nos proeminentes fatos e acontecimentos da Segunda Guerra Púnica”. Tal emergência foi “aparentemente superficial, porque não durou muito, pois as suas condições cedo se agravaram e gradualmente ruíram, depois de ter ido parar ao seio do Império Romano, apagando a sua menção, tornando-se Marrocos uma província romana sob o nome de Mauritânia tangija no ano 40 a.C."

O pesquisador, Jabroun considera que “as condições sociais e económicas que atravessa o Marrocos Al-Aqsa antes e depois da história, sobretudo durante as idades minerais (durante o primeiro milénio a.C.) impuseram à população uma espécie de organização política, devido ao crescimento populacional, emergindo núcleos tribais no interior do país, distantes da costa, dos núcleos urbanos litorais, objeto dos recursos naturais, da defesa e da sobrevivência, em detrimento das alterações climáticas no final da pré-história e da expansão da serra árida e chegada de estrangeiros às costas marroquinas (fenícios e cartagineses).

De fato, o surgimento de uma espécie de hierarquia social, decorrente da riqueza ou de poder, revelado pelos traços funerários e conteúdo das sepulturas, ou ainda da posição social ante da morte, provas de umas primeiras efeitos da ideia política ou índices da formação do estado, algo semelhante ao antigo Marrocos.

Sobre a ideia dos cartagineses que visitaram o Marrocos nos meados do século V aC, a exemplo de um grupo de cidades como em grego, Skylax no século IV aC. Depois “dos etíopes no sul do Marrocos tendo uma grande cidade dos mercadores fenícios”.

Referindo-se também a outras cidades na costa do Marrocos das quais muitos antigos viajantes e geógrafos se interessaram, a exemplo da: “Ponsion, a antiga cidade de Tânger, junto com a cidade de Zelil, localizada a sudeste de Tânger, e a cidade de Timateria, não determinada até então com precisão, além de muitas outras antigas cidades fenícias, remontas em termos das datas e períodos, a exemplo da cidade de Lyxos, do século VIII aC, com base nas evidências arqueológicas.

Quanto à rede urbana da região, litoral ou interior, uma grande aglomeração das comunidades residenciais agrícolas e pastoris do interior foram provocadas pelas trocas, papéis, em termos de recolha e distribuição de bens, além da cooperação, de segurança e ligação ou conexão. O que prova a "forte existência de uma espécie de organização política no Marrocos no século V aC".

Concluindo sobre uma série de evidências, apesar da sua falta”, sobre o rei ( Mauryan), ajudando Hanoun na sua revolta sobre Cartago no meio do século IV aC, do grupo de soldados mauritius que ajudaram Cartago nas suas guerras durante o século V aC, segundo Stephen Axel, além do reino Mouro fundado pelo menos no meio do século V aC..

Mouros e reis

O nome dos mouros atribuídos “ao povo do extremo noroeste do continente africano”, primeiro pelos gregos, depois pelos romanos, segundo o geógrafo Estrabão, ofuscando um nome de ofensa (bárbaro) segundo Salústio. popularizando e difundindo durante o século III aC, tornando-se uma bandeira do estado governante da região e dos habitantes.

Tais povos que o habitavam no “canto noroeste da África”, a titulo “das zonas localizadas entre os mares interno (Mediterrâneo) e externo ( oceano), em direção das montanhas do Atlas no sul e rio Moulcha (Maluiya) ao leste”, suas “ fronteiras no leste e sul desta área não foram fixas nem precisas”.

Tal livro “História Antiga de Marrocos” remontando ao primeiro rei mencionado pelas fontes como o governante da rainha moura, tem sido o rei Baka, o qual ajudou o líder Msinissa, para o reino Masylian de seu pai no leste durante sua viagem de volta da Espanha.

Antes deste rei, existem reis outros não foram citados pelas “ fontes gregas e latinas, ignorando os desenvolvimentos do reino mouro por quase um século, dificil a rever os fatos, exceto durante a Guerra de Jugurta (105-111 aC), onde o reino dos mouros faz parte”, sob comando do rei Bocchus ou Bocchus Al Akbar.

Este regime político prevalecente no reino era “real, hereditário, pois todos os líderes mauryas eram reis, do Baka até Ptolomeus”. Cuja família real Moura decorre da legitimidade tribal de forma mais ampla, onde o rei, líder das tribos, fundador de uma ou em outras formas de entidade tipo federal, agrupados numa gestão de seus negócios locais, cooperando nas questões comuns sob o comando de um rei ou coroa.

Tais são as manifestações da soberania política exercida por esses reis mouros da era da “cunhagem de dinheiro, muitas moedas foram encontradas nas regiões distintas do Marrocos, era do Lixus, da Bocchus e Yuba II, na região de Zalil”.

Assim, essa longa história de contato com as grandes civilizações mediterrâneas, dando sem dúvida ao reino mouro uma forma real de um estado forte e moderno, não era menos importante dos estados prevalecentes na bacia do Mediterrâneo; apesar da perda ou da ambiguidade do património escrito ou disperso, ou ainda atraso dos trabalhos de pesquisa arqueológica, motivo de desvendar a razão de tal atraso histórico e dos aspetos deste país, reino de Marrocos!

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário-Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 17/04/2023
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