UMA DATA MEMORÁVEL PROIBIDA – 31 DE MARÇO
Prólogo
No dia 30 de março de 2023, uma quinta-feira fria e chuvosa, fui ao supermercado sito nas proximidades de minha residência. Um meu conhecido senhor, de aparência confiável, me cumprimentou e disse, perguntando:
“O nobre colega vai escrever algo sobre o dia de amanhã?” – Ele se referia ao 31 de março. – Sim. Respondi quase imediatamente.
EIS O MEU ESCRITO SOBRE UMA DATA MEMORÁVEL PROIBIDA
Pela primeira vez, em cinco anos, os componentes das Forças Armadas, neste ano de 2023, não comemoraram o 31 de março.
Outrora, marchávamos orgulhosos entoando hinos e canções militares e participávamos das comemorações, nos quartéis, com as competições desportivas (tiro, pentatlo, futebol etc.) entre os congêneres, usando com garbo e orgulho os nossos uniformes verdes-olivas e adequados às modalidades das competições.
OBSERVAÇÃO: Não há unanimidade quanto a uma regra de formação do plural da palavra composta ‘verde-oliva’. Prefiro escrever verdes-olivas. – (Nota deste Autor).
Neste ano, após a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, a data que por muitos anos foi considerada festiva, para os patriotas, foi interrompida a sua comemoração.
A ordem do chefe supremo das FFAA foi clara. Em outras palavras foi dito: “As comemorações do dia 31 de março estão proibidas. Nada há para se comemorar.”.
Ao Exército, a força com maior contingente no país, só restou cumprir a ordem. Ora, todo militar sabe que o refrão “manda quem pode e obedece quem precisa e/ou tem juízo” é válido até hoje.
Não houve ordem do dia ou qualquer cerimônia comemorativa ao 31 de março, seguindo a ordem de quem guarda desmedido rancor e ressentimentos e, por conveniência funcional de diretriz do comandante do Exército.
O MEU ENTENDIMENTO
Escrevo por mim. Sou autêntico e verdadeiro. O 31 de março, para quem serviu à Pátria à época 1964/1985, é inesquecível. Trata-se de uma data memorável por positividades e, em alguns casos, pelos excessos cometidos em ambos os lados.
O 31 de março do ano de 2023, coincidentemente, caiu numa sexta-feira. Escrevo “coincidentemente” porque poderia ser uma sexta-feira 13, em virtude da indesejada, para alguns, proibição.
No entanto, enquanto eu não for acometido pelo mal de Alzheimer, o 31 de março, para mim e muitos leais patriotas é e sempre será uma data memorável. – (Nota deste Autor).
BREVE RESUMO HISTÓRICO
Para entender melhor e parcialmente a revolução democrática de 1964 é preciso lembrar o clima de radicalismo político que o Brasil vivia à época.
Na madrugada de 31 de março para 1º de abril, do supracitado ano, uma rebelião contra o governo começa em Minas Gerais. Entre os líderes do movimento, destacam-se o governador mineiro Magalhães Pinto e o marechal Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército.
A rebelião, prefiro escrever revolução (não sou exceção neste entendimento), foi apoiada em outras regiões, por políticos conservadores e pela maioria dos componentes das Forças Armadas.
O presidente Jango foi deposto e tem início uma ditadura militar que perdurou até 1985. Sem querer discutir o mérito das questões nebulosas, por absoluto desconhecimento dos assuntos proibidos e filtrados para alguns postos e graduações, ouso afirmar:
A revolução Democrática de 31 de março foi um marco divisório entre a autoridade, e o respeito estribado no patriotismo e ideais nacionalistas.
Em ambos os lados houve excessos pelo fato de vivenciarmos, à época, uma guerra. Desde o ano de 1964 não se arrefeceram os rancores e ressentimentos nos âmagos dos que entendiam serem corretos os seus propósitos.
Até hoje o desejo de vingança, numa sanha e perseguição ostensiva, tem sido uma constante em detrimento da sociedade e nação brasileira como um todo.
FELIZMENTE NADA É PARA SEMPRE
A dor e o prazer, os danosos ressentimentos, o poder socioeconômico, a juventude; a aparência física, a inteligência, o poder político, o prestígio público e empresarial privado, as vaidades... Tudo tem começo, meio e fim.
Escrevo felizmente porque se tudo fosse para sempre o sofrimento e/ou o tédio seria danoso para todos os viventes e afins.
AS COINCIDÊNCIAS DO PRESENTE COM O PASSADO
Ocorre, todavia, que vislumbro uma terrível coincidência contemporânea com os fatos políticos e sociais de outrora. Será que sou o único a enxergar a insegurança jurídica e institucional que a sociedade brasileira ora vivencia? Não creio e espero que não.
Alimentada por recalcitrantes ressentimentos, numa fortíssima politização em que se digladiam os poderes constituídos, a sociedade está paralisada entre medos, incertezas e insegurança institucional. Tudo se repete num ciclo vicioso e sazonal ano após ano e a cada pleito.
A ORDEM FOI TRASMITIDA E RETRANSMITIDA
Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente) publicaram nas redes sociais mensagens críticas à ditadura militar.
“... Seguiremos trabalhando para reconstruir o Brasil, um país que precisa de paz para crescer, de respeito, de oportunidades e de união. Ditadura Nunca Mais." – (Sic), publicou o chefe da Casa Civil.
"... O 31 de março não é uma data para comemorar", porque não há nada que possamos celebrar no dia em que a liberdade foi golpeada e a democracia interrompida". – (Sic), escreveu Marina Silva.
CONCLUSÃO
Enfim, o que dizem os militares sobre o 31 de março?
“As Forças Armadas punirão qualquer oficial que comemore o golpe militar de 1964 ou participarem de eventos que celebrem o regime ditatorial, nesta sexta-feira (31)”. – (Sic), (Matéria publicada na Folha de São Paulo). – (Nota deste Autor).
As informações foram repassadas à Folha de S. Paulo por interlocutores do comandante do Exército. Claro que todos os subordinados, por conveniência funcional e/ou pessoal cumprirão a ordem porque a essência do autêntico militar é ser disciplinado no que diz respeito à hierarquia!
Ademais, espera-se que tudo se recomponha em 2026 com um novo e necessário pleito. Já escrevi e repito: Felizmente nada é para sempre e tudo passará.
Autêntico, Hamilton Mourão, o hoje senador da República e em 2022 vice-presidente da República, disse:
"... em 31 de março de 1964 a Nação salvou a si mesma". – (Sic).
_________________________________
NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.