Segurança no trânsito, uma questão de educação
Não é preciso andar muito. Poucos passos no ambiente urbano revelam que uma significativa parcela dos condutores de veículos no País tem por hábito deixar de lado a necessária cautela quando em deslocamento motorizado. O que se evidencia pelas vias públicas é a despreocupação geral com as regras vigentes de trânsito e a segurança de seus integrantes, composta por veículos e pedestres. Condutores e/ou passageiros sem a utilização do cinto de segurança, velocidade incompatível com a segurança do local, mudança de direção sem acionamento da luz de seta, estacionamento em desacordo com o estabelecido e parada em fila dupla são as infrações mais comuns praticadas por motoristas de todas as categorias de veículos automotores. Porém, entre as mais danosas estão a mistura altamente letal de álcool e direção e o manuseio do telefone celular ao volante. Até parece que inexiste fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, tamanha a ousadia daqueles que insistem em afrontar os ditames da legislação pertinente.
Um bom exemplo de comportamento abusivo no trânsito são aqueles indivíduos folgados na vida, para os quais o que importa mesmo é estar na moda. Isso inclui rebaixar a suspensão , transitar em velocidade reduzida por conta do assoalho em atrito permanente com o pavimento e enroscar intencionalmente o veículo nas lombadas. Ostentam sem cerimônia alguma o manjado selo do INMETRO, como a garantir a “licitude” da atitude psicodélica, deixando para trás uma extensa fila de condutores indignados com a fluidez comprometida do trânsito. Ou fazem estremecer as vidraças e os tímpanos alheios com decibéis estratosféricos, exibindo o poderio irracional das caixas de som ou dos escapamentos criminosamente dimensionados, referências perfeitas de uma invejável formação moral e de doses generosas de respeito incondicional ao próximo. A questão levantada definitivamente não enseja julgar propensões e iniciativas de quaisquer naturezas, porém, há que se coibir esse tipo de conduta em via pública, uma vez que o direito de locomoção garantido a todo cidadão está sujeito às normas da legislação de trânsito.
Essa triste realidade escancara o lado perverso de um sistema que deixa muito a desejar no quesito segurança. Não obstante a responsabilidade maior pelo bem estar próprio e da coletividade seja daquele que se encontra atrás de um volante ou guidão, sem sombra de dúvidas há que se ressaltar as condições por vezes inadequadas da imensa maioria das via públicas brasileiras. Os problemas variam de pavimento irregular e sem a conservação necessária, sinalização deficiente e muitas vezes inexistente, traçado e projeto de engenharia de tráfego obsoleto e subestimado para o tamanho da frota atual de veículos, entre outras variáveis. Esse conjunto de fatores acaba influenciando diretamente a ocorrência de acidentes de trânsito com consequências nocivas para toda a sociedade e que, em tese, poderiam ser evitados com medidas efetivas de prevenção.
Os condutores e os pedestres haveriam de assumir integralmente suas parcelas de responsabilidade demonstrando educação, civilidade e cidadania. Porque a vida é o nosso maior patrimônio.