Parabenizaram, pelas redes, uma pessoa falecida há quase três anos
Há alguns dias acessei o perfil de um saudoso amigo para ver fotos e matar saudades de bons tempos de quando ele ainda estava aqui embaixo, conosco. E tive uma surpresa extremamente desagradável ao me deparar com algumas mensagens. Aliás, não são sequer mensagens: enviaram a palavra "parabéns".
Cheguei a verificar tais envios com mais cuidado. Talvez estas pessoas tivessem transmitido uma homenagem ao falecido em seu aniversário. Mas não. Se assim fosse, creio eu, teriam escrito algo do tipo "hoje seria seu aniversário", "parabéns com saudade", ou coisa do tipo. Não, é só "parabéns", mesmo. Nem pontuação, nem qualquer outra palavra de afeto junto. Não perceberam que a pessoa não estava mais viva. "Parabéns". Como um robô. Como um zumbi. Superficial tanto quanto. O(a) infeliz examina a atualização de datas do Facebook, vê quinze aniversariantes e suspira desanimado(a) devido à autoimposta obrigatoriedade de cumprimentar todo mundo, independente de haver amizade, porque se tornou há muito refém de ações automatizadas sem qualquer sentimento envolvido. Manda dezenas de "parabéns" automáticos.
Supondo que você faça o essencial, de ter contato com as pessoas em sua rede e saber como elas estão, quando for felicitá-lo(a), envie mais que uma mísera palavrinha de poucas letras. Escreva uma mensagem de verdade, escolha uma música que sabe que a pessoa gosta, escolha um cartão com temas ou personagens que acredita que vão agradá-la. Isso, claro, se estiver longe e não puder cumprimentá-la pessoalmente. Senão, é preferível, lógico, esta segunda opção. Evite ser e nem se transformar você também em um destes zumbis tecnológicos.
(Gabriel, 02-01-23)