Você, futuro do Brasil!
O presente no Brasil não é auspicioso: voltamos ao mapa da fome; a educação sofre a crise que não é crise, é projeto; a degradação do meio ambiente ameaça a biodiversidade, solos, águas, clima; o desemprego e a inflação não esmorecem; somos campeões de mortalidade na pandemia; a população está cindida por um cisma político-ideológico inédito; a “constituição cidadã”, os poderes da república, as instituições, a jovem e frágil democracia estão sob ataque; os valores humanos, a compreensão, o discernimento, a solidariedade, a esperança, a paz e a harmonia estão abalados.
As razões para este quadro são intrincadas. Não resultam só dos desatinos dos últimos dez anos. Pois eles resultam de séculos de colonização predatória, impostos por uma civilização europeia moldada por milênios de exploração e jugo.
Entretanto, muito se ouve que o Brasil é o país do futuro. Somos um dos poucos países que reúnem os requisitos para isso: extensão territorial dos mares e continente; tamanho da população; riquezas naturais; solos férteis; água abundante; valor do PIB; infraestrutura implantada; clima favorável... Ademais, falamos a mesma língua de norte a sul, professamos a mesma fé de inspiração cristã. E somos uma mestiçagem de raças e culturas, o que nos capacitaria a sermos tolerantes, receptivos ao diferente.
Então o que acontece conosco, que tornamos o futuro de promessas inalcançável? Fazemos jus à estória satírica que conta que Deus, durante a criação, colocou no Brasil as maiores benesses do planeta. Revoltado, o ordenança Pedro alertou-o que era uma injustiça com os outros países. Deus teria respondido: ─ “Calma Pedro, você vai ver o povo que vou por lá.” Esse povo somos nós, crianças negligentes com as benesses recebidas.
Alguns exemplos de como temos tratado a natureza: exploramos os solos férteis até esgotá-los; abandonamos os solos tornados improdutivos e invadimos áreas virgens na Amazônia e outros biomas; não atinamos que nosso clima só é úmido graças à integridade da Amazônia; destruindo a Amazônia estamos condenando o país a tornar-se um deserto improdutivo.
O que nos impede de alcançar o futuro de prosperidade que os atributos do país prometem? Talvez a cupidez de uma elite econômica insaciável? Ou a ingerência dos impérios que não querem ver-nos evoluir e com eles rivalizar? Ou uma ignorância e submissão crônicas que traduzem uma formação falida e uma índole acomodada? Ou tudo isso junto e ainda outros fatores?
Este momento crítico de nosso país vai determinar nosso porvir. É essencial compreender o papel de cada um, e o futuro que dele emergirá. É hora de superarmos nossos estigmas históricos e nossos inimigos que não deixam o país prosperar.
Urge darmos um passo em direção ao futuro de redenção. A primeira bênção que devemos reconquistar é o impulso de Eros, amoroso e criativo. Ele nos conduz ao discernimento e à solidariedade.