VISÃO SENSÍVEL DA CHEFE

Alzira em bate papo bebendo cerveja em um almoço churrasco de domingo começa a relatar a chatice da chefe, isto depois de relatar que todas as pessoas que fazem aniversário na empresa recebem um “mimo” de comemoração, onde alguém se encarrega de comprar alguns salgadinhos ou fazer alguma comida especial para levar no referido dia de aniversário e assim em algum horário fazer uma breve reunião para comer e cantar os parabéns para a pessoa aniversariante.

E foi assim que em uma determinada semana e dia era aniversário da Chefe, uma senhora aparentemente rancorosa que se fechava em uma sala e só falava com as pessoas de maneira seca, direta, chegando quase a dar entender que não tinha empatia com ninguém.

Assim se preparando para o aniversário da chefe resolveram fazer uma comida especial além dos salgadinhos normais que se comprava para o aniversário de todos e assim perguntando a Alzira se tinha alguma ideia de uma comida especial, disse que poderia elaborar um gostoso “patê”, o que foi feito.

Chegado o dia então além dos salgados, Alzira levou como combinado o “patê” elaborado com carinho e apresentou a mesa antes da reunião que seria convidada a Chefe para comer e cantar os parabéns.

Para surpresa de Alzira, logo foi se chateando com a presença da Chefe, que nada comia, e nada falava em agradecimento a reunião em sua homenagem.

Questionada sobre se não iria comer, falou que não, que tinha compromisso de almoçar com o marido e que não iria comer para não estragar o apetite, pelo que foi ouvido por todos e ampliou a repulsa sobre a chefe “chata”, que em sua homenagem nada comia e se desculpava com esta afirmação que parecia esfarrapada.

A relação de Alzira que havia feito o “patê” com muito carinho para a chefe, que nem experimentou, e ainda deu aquela desculpa esfarrapada foi crescendo e qualquer comportamento da Chefe parecia mais agressivo ainda, e tudo por não ter experimentado aquele “patê” feito com tanto carinho, com tanto capricho para agradar a chefe chata, que em vez de comer, experimentar, fazer algum contato de agradecimento sobre o patê, ou ainda comer alguma coisa, deu a desculpa que não iria provar nada para não atrapalhar o almoço com o marido.

O tempo passando o sentimento de Alzira ferido pelo não agradecimento, e um novo aniversário veio a se aproximar, e então a chefe diz no grupo do zap, que poderiam fazer uma comida mais saudável para a reunião com cesta de frutas, pois comidas gordurosas não eram saudáveis.

Alzira viu a mensagem no grupo e como estava magoada com o não reconhecimento na apreciação do ‘patê”, já recebeu o tal comentário com uma punhalada de critica, achando que mesmo que não tivesse comido o “patê” poderia ter comido outras coisas, salgadinhos etc., e ter agradecido o carinho com que todos tinham elaborado a festa em particular.

Outras pessoas do grupo e em comentários por fora ou no zap, achava que era uma indireta a festa que tinham feita a mesma e que a mesma nada tinha comido, e acharam que foi um critica a comida apresentada no dia do aniversário dela, e que ela além de não comer, deu uma desculpa esfarrapada.

Achava Alzira, que muitas das amigas do zap estavam a entender as indiretas da Chefe Chata, e responderam também, que a opção de salgadinhos também poderia ser saudável, poderia ser gostoso, que cestas de frutas eram sem graça para uma reunião de aniversário, ou seja, destonaram a sugestão da chefe, para que continuassem as festas nos ritmos que antes vinha.

No decorrer das semanas que se passava, uma atendente de recepcionista não compareceu por motivos particulares, e os telefones fixo e celular tinha que ser atendida por alguém e assim Alzira era a pessoa da vez e da ordem, para exercer esta tarefa naquele dia, e era a chefe quem tinha que designar, pedir, ordenar a subalterna que este serviço fosse feito que era por Alzira e assim o fez adentrou na sala, colocou os dois telefones sobre a mesa da mesma e ordenou de forma simples e direta, que fulana não tinha vindo, que a mesma atendesse os telefones.

Alzira que estava sensível por não receber os agradecimentos pelo esforço de fazer o patê, que depois a chefe veio a dizer que não gostava, mas que também não comeu outras guloseimas salgadinhos, recebeu esta ordem como se fosse uma ordem de forma seca, grosseira, que poderia ter sido feita de outra forma mais elegante.

Após estes relatos de vida privada de ambiente de serviço que nada tinha a ver conosco, me retirei e não sei se a conversa continuou.

Mas precisava relatar este conto para dizer da sensibilidade de Alzira, por se ofender por não ter a chefe experimentado seu patê, ou ter ainda comido outra coisa no dia de sua festa de aniversário e ainda com a alegação de desculpa do motivo de não comer como que parecia esfarrapada que iria almoçar com o marido.

O que Alzira não admitiu, por ficar com preconceito contra a Chefe é que todos os atos e comportamentos da chefe a partir de então parecia uma afronta, uma gozação, um demérito a Alzira, como dizer que a próxima festa deveria ser com cesta de frutas, o que conversaram as pessoas e colocaram no zap, que frutas não, que salgadinhos eram mais adequado, e mesmo quando a chefe passou um serviço de forma simples para atendimento dos telefones da recepcionista que faltou, tal entrega do serviço novamente pareceu de forma muito brusca e ofensiva.

A relação humana é complexa, e desde que com um certo preconceito, fica imaginando que todo o comportamento de outra pessoa é ofensiva, é com o fim de cutucar, de chamar a atenção de forma negativa, na forma de ofensa, quando na verdade a Chefe não está sabendo como agradar, não está tendo tempo para agir e se relacionar de forma mais amistosa carinhosa, como se fosse necessário este comportamento por parte da chefe.

Afinal a chefe não precisa ser carinhosa, não precisa agradar a subalterna que tem que aceitar a chefe como ela é, e não ser sensível a ponto de ficar ofendido por cada passo, ou palavra ou ordem que vier da chefe.

O fato de ter feito um patê com carinho e da qual esperava um agradecimento especial, por ter feito com carinho especial desencadeou um conflito de relacionamento, que se tornou insuportável para a subalterna, não se sabendo até se a chefe percebeu ou não tal fato.

Isto parece “amor platônico”, ou raiva platônica, porque a Chefe não saber se a outra parte da relação, isto é, não saber o que Alzira está sentindo, não faz dela culpada dos sentimentos de Alzira, e nem tem como consertar uma relação que nem sabe está ocorrendo entre as mesmas. 31/10/2022.