Os problemas de saúde mental
O que deveríamos pensar no mês de setembro, o mês de combate ao suicídio? Deveríamos pensar que todos os dias do ano se deve dar atenção especial à saúde mental, que é tão importante quanto a saúde do corpo. Doença mental precisa ser levada a sério pois é tão incapacitante quanto uma doença do corpo. São vários os tipos de doença mental que podem nos afetar como a depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e outros e todos eles afetam nossas vidas, a nossa maneira de ver o que nos rodeia e também o relacionamento com aqueles que nos são próximos. No caso da depressão, ela pode ser bastante perigosa pois é uma das principais causas do suicídio. A depressão é silenciosa e surge quando menos se espera e muitos são os que, por falta de conhecimento e preconceito a veem como “frescura”, “fraqueza” ou “falta de Deus”. Não é. Se depressão fosse falta de se crer numa entidade, não haveria padres, pastores e freiras sofrendo desse mal tão antigo quanto a própria humanidade. Qualquer um, acreditando ou não em Deus, pode ser afetado pela depressão, que ataca ricos, pobres, homens, mulheres, jovens e pessoas de mais idade. Os motivos para alguém sofrer de depressão podem ser os mais diversos e é necessário que os mais próximos prestem atenção quando alguém começa a dar sinais de depressão. Depressão não é apenas uma tristeza passageira. É uma doença séria e requer tratamento.
Apesar de ter aumentado o conhecimento sobre a depressão e outras doenças mentais, o preconceito quanto aos males que atacam a mente persistem. Qualifica-se a pessoa que tem um problema mental como “doida” e não é incomum que se veja quem tem problemas de saúde mental como um estorvo. Embora por um lado se admite que quem tem depressão ou outro transtorno pode ser difícil de lidar em certas ocasiões, é necessário que se entenda que ninguém tem uma doença – especialmente mental – porque quer e, caso a pessoa sofra de depressão séria, imaginar que os outros a veem como um peso morto pode ter sérias consequências e piorar muito o seu estado. A pessoa que tem depressão tem sua perspectiva de vida totalmente alterada. Ela não vê significado nenhum na vida, sente-se totalmente inadequada e sem valor e se pergunta com frequência o porquê de estar no mundo. Para ela, o mundo não tem cores. É como se tudo fosse cinzento e desbotado. Quem tem depressão também não sente energia, perde o interesse por tudo que lhe dava alegria e se sente inadequado como uma peça que não se encaixa no quebra-cabeças. A mente da pessoa deprimida é como um labirinto sem saída. A pessoa se vê presa em uma jaula, não consegue fazer escolhas porque ela não se sente capaz de achar uma saída para sua situação.
Um bom livro que mostra como a depressão pode afetar nossa capacidade de fazer algo por nós mesmos é A redoma de vidro, único trabalho de prosa escrito pela poetisa americana Sylvia Plath. O livro, que é em parte autobiográfico, conta a história de Esther Greenwood, alter ego de Sylvia, que entra em depressão ao se sentir incapaz de fazer escolhas quanto ao seu futuro. No livro, sentimos todo o sofrimento da personagem que não consegue decidir o que fazer de sua vida e tenta o suicídio, sendo depois internada em uma clínica psiquiátrica. O livro de Sylvia é detalhista e nos mostra muito bem a rotina do hospital psiquiátrico e os procedimentos sofridos por Esther. Outro livro que conta muito bem como é a vida de quem enfrenta transtornos mentais é Garota, interrompida, que é uma autobiografia e depois se tornou um filme estrelado por Winona Ryder. Em ambos os livros, sentimos o sofrimento e as peculiaridades das pessoas que sofrem de doenças mentais. Quem ler tais livros com certeza adquirirá uma compreensão maior acerca do universo particular das pessoas que sofrem com transtornos mentais. Verá um mundo com pessoas com sensibilidade aguçada e que, por causa da doença, têm uma outra visão de mundo.
É necessário que se espalhem mais informações sobre os males da saúde mental para que as pessoas tenham mais conhecimento e se combata o preconceito. Rotular alguém como “doido” ou “fraco da cabeça” é uma grande prova de falta de sensibilidade e uma prova de ignorância. Não devemos ter preconceito com ninguém por causa das doenças mentais que tem porque todos nós somos seres humanos. Vale lembrar que ninguém está livre de um dia sofrer de depressão, doença que pode atacar a todos em qualquer momento. Só quem sofre de depressão sabe que não é fraqueza, frescura nem falta de força de vontade. E, por sinal, dizer a uma pessoa que ela tem que ter força de vontade para vencer a depressão é uma prova cabal de ignorância. Sejamos solidários com quem tem depressão ou outros tipos de doença mental. Eles não precisam de nossa piedade, mas sim de compreensão e aceitação.