A Frente Polisario: preocupação com o declínio da ajuda espanhola aos campos de Tindouf

A Frente da Polisário, grupo separatista localizado no sudeste da Argélia, contra a integração do saara marroquino, tem suspendido todos os contatos com Espanha, em razão da reaproximação política entre Madrid e Rabat, à luz da recente visita diplomática do chefe do governo espanhol, Pedro Sanchez, que o levou à capital marroquina para se encontrar com o rei Mohammed VI sobre o futuro das relações conjuntas.

A Frente da Polisário tem confirmado em comunicado, sábado passado, suspender todos seus contactos com o actual governo espanhol, alegando abster-se do que chamou "a utilização da questão saariana no quadro de acordos miseráveis com Marrocos, invés de aderir às resoluções de legitimidade internacional.

Os dirigentes da Polisário temem a interrupção da ajuda internacional recebida em forma alimentar e financeira por parte das organizações espanholas, enviada os campos de Tindouf, face ao apelo e declínio da influência política na cena dos direitos humanos espanhola nos últimos anos, na sucessão de relatórios internacionais que suspeitam do roubo e desvio dessa ajuda humanitária.

Referindo a adoção da Polisario de posições de escalada em relação a Espanha, mesmo se isso é sem nenhum efeito no terreno, a Polisario não detém nada para pressionar Madri; revelando a gravidade do revés que se abateu sobre a frente separatista da Polisário.

Tal retrocesso deve-se às repercussões da posição espanhola no tratamento de toda a comunidade internacional em relação à questão do Saara, seja por parte da União Europeia que considera a Espanha porta de entrada para a região do Magrebe, ou em relação às Nações Unidas e outras potências internacionais, interessadas na disputa sobre o Saara.

Os activistas dos direitos humanos consideram a Espanha a antiga potência colonial da região e, portanto, qualquer mudança na posição espanhola sobre a questão do Saara pode afetar as posições dos atores internacionais mais importantes no dossier, sendo a frente da “Polisário ”vai sentir muito os efeitos da recente visita do primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez a Rabat, sobretudo em relação ao acordo comunicado pela partes.

Além das repercussões políticas da posição espanhola, a frente da “Polisário” tem sido apreensivo sobre o resultado do generoso apoio do qual goza estes detidos sarauis, por parte de alguns círculos populares espanhóis, constituindo dos mais importantes baluartes de solidariedade fora da Argélia, decorrentes dos partidos da extrema esquerda espanhola e dos partidos pró-separatistas de algumas regiões.

Estas forças não conseguiram frear a aproximação hispano-marroquina apesar dos apelos e manifestações, sofrindo um declínio significativo nas ruas espanholas, face à posição corajosa do primeiro-ministro espanhol em relação ao Saara marroquino.

Finalmente, a Polisario tem sido ancioso quanto a posição de Madrid, podendo rever a sua contribuição em relação a ajuda humanitária, dirigida aos campos de Tindouf, abrindo o caminho no sentido de desencadear mandados de busca judicial internacionais contra Líderes da Polisario, perseguidos nos casos de justiça espanhol, além das acusações pesadas de tortura, de sequestro, de estupro e assassinato extrajudicial, que Madri engajou-se face aos diferentes processos obstruidos como o caso do líder da frente polisário, Ibrahim Ghaly que entrou no territorio com uma identidade falsa sob o pretexto de hospitalização.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário-Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 10/04/2022
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