CATIRA, BRIQUE, ROLO, NEGOCIO
CATIRA, BRIQUE, ROLO, NEGOCIO
Diferente do comerciante, que é um negocio de comprar e vender, normalmente com empresa aberta para tal fim, com a finalidade de lucro, onde os bons comerciantes procuram comprar os melhores produtos pelos menores preços, para poderem vender também pelos menores preços e ainda assim obterem lucro na operação, e podendo vender os melhores produtos pelos menores preços, acabam atraindo uma clientela maior, conseguindo realizar mais operações e obterem mais lucros no final do dia, do mês, do ano.
A repetição sistemática destas operações de comprar e vender, obtendo lucro, quando atingindo escala (quantidade), e sendo reinvestido no negócio poderá tornar o comerciante grande empresário, exemplo grupo pão de açúcar que começou com uma padaria e virou grupo extra, um negócio de vários bilhões.
Quanto a CATIRA, BRIQUE, ROLO, NEGOCIO, não deixa de ser um negócio que as vezes se assemelha ao de comerciante para a obtenção de lucro, mas diferente daquele, é um negócio pessoal, que nem sempre se torna empresa, por que é um negócio pessoalíssimo, um tipo de arte de realização pessoal, onde esta pessoa se realiza não só com a obtenção do lucro, mas poderá se realizar apenas com o negócio em si, do exercício do negócio.
O Catireiro é aquela pessoa que vive para negociar qualquer coisa em qualquer lugar, e a sua finalidade é conseguir o intento, catirar, briquear, fazer rolo, negocio, e ainda alguns deles, usando esta arte de negociar, de alguma maneira levar vantagem no negócio e para tanto usando de lubriação, enganação, chegando quase ao estelionato.
Na braganha de cavalo, conseguir passar um cavalo cego, induzindo o outro lado que o defeito está na vista, mas não fala que o cavalo é cego, e sim tenta induzir o outro lado que o cavalo é bom, se tiver defeito está na vista, mas forçando o outro lado a ficar com o cavalo mesmo assim, e quando o negócio acaba se realizando, fica feliz de conseguir passar um cavalo com defeito, tem prazer em conseguir realizar um negócio do cavalo defeituoso, sem o outro lado ter descoberto o defeito.
Conheci um caso de um cavalo rendido, isto é com um hérnia na barriga com o peritônio aberto, onde as tripas sai pra fora, mas ao arrear o cavalo usa-se a barrigueira sobre a hérnia e o defeito não aparece e então e então o outro lado do negócio repassa o animal (monta, e anda para ver a mansidão, a marcha) e acaba gostando do animal, mas não consegue notar o defeito e então acaba adquirindo, vindo a descobrir o defeito muito depois do negócio já feito, e o negociante que largou o animal se sente feliz de ter conseguido realizar o negócio com a enganação do outro. É certo que depois de algum tempo e depois de passado algumas mãos, o Catireiro que havia largado o cavalo voltou a adquirir sem saber que era um cavalo que já havia passado por sua mão e sem ver o defeito. O tempo apaga as memórias de quem muito negocia, e dependendo da hora do dia, as vezes já a noitinha nos bares e armazéns de beira da estrada de pois de ingestão de algum álcool, o catireiro está amaciado para levar um golpe de negócio.
Sempre foi normal na negociação de cavalo velho fazer maquiagem, pintar as barbas branca do cavalo a negociar para induzir o outro lado a não ver a velhice do animal e acabar adquirindo o cavalo, que após o desgaste da maquiagem com o tempo ou com a chuva que lava a tinta, e aí descobre que o cavalo comprado era muito mais velho do que viu e imaginava.
Esta arte da enganação fazia e ainda faz parte das atividades destas pessoas catireiras ou seus sinônimos, não é regra geral, mas também não é com o fito de estelionato pura e simplesmente, mas sim de provar a capacidade da enganação, da diminuição de quem foi enganado, um tipo de humilhação, de diminuição do adversário catireiro.
E como na arte da mágica, o artista quer realizar a sua arte de maneira que os assistentes da arte não descubram como a mágica foi feita, a realização está na enganação em provar que se é mais esperto.
O ser humano de certa forma se realiza em provar esses tipos de esperteza, e no brique, na catira, a arte da enganação não é só para a obtenção do lucro, mas também de provar que foi possível passar uma enganação a outra pessoa.
Quem é do ramo deste tipo de negócio, muitos por vocação, que sente necessidade de realizar um ou muitos negócios todos os dias, por realizar, logico, ninguém faz negocio para perder, mas faz negocio por fazer, se realiza pelo próprio negócio.
Diferente do estelionato artigo 171 do CP, onde o criminoso faz o negócio para lesar a vítima, muitas vezes, trazendo enormes prejuízos a mesma, e tudo começando com uma negociação com oferta fraudada, com enganação com a finalidade de levar vantagem ilegal.
Um exemplo muito comum são as atividades dos Ciganos e Ciganas, que viajam de acampamento em acampamento pelo pais, muitas vezes voltando para a casa de origem uma vez por ano, as vezes até demorando mais que isso, e sempre com a finalidade de levar uma vida de negociação, de catira, de brique, barganhando tudo e qualquer coisa, muitos especializados em negociação de cavalos, fazendo todo tipo de negócio com o fito de enganação, ou simplesmente de realizar negocio que é o que gostam de fazer, enquanto as mulheres vivem de pedir, muitas vezes mendigar e muitas vezes de ler mão, ou praticar algum tipo de distração para legar alguma vantagem no fim do dia para casa.
Muitos destes ciganos são ricos materialmente em sua origem, são detentores de boas propriedades, de recursos financeiros em bancos, com propriedades alugadas, mas viver esta vida nômade de viajar e negociar é um costume, é uma arte de sobrevivência que estão exercendo, executando, provando que ainda é possível ter este tipo de vida e sobreviver, em barracas muitas vezes mais pobre, muitas vezes até com carros, caminhonetes, caminhões para carregar as bagagens do dia a dia, mas o fim é provar a capacidade de viver de forma nômade.
É certo que os enganados nas negociações dos catireiros, outros catireiros, nem sempre se ofende com a enganação, usam as mesmas técnicas que foi usado contra si, para passar a enganação a outro, provando que também é capaz da referida arte, é como se satisfazer com uma mentira de um contador de história mentirosa.
Embora as enganações muitas vezes pareçam com estelionato, comparado a arte da magica, os catireiros aceitam a enganação como arte, e tentam usar os conhecimentos que lhe passaram da enganação para praticar com ouro para frente.
As denominações, expressões : - Catira é mais usada no triangulo Mineiro, Goias, Mato Grosso, com as influências mineiras, no sul de minas, São Paulo é barganhador, e brique é usado no sul do Brasil. 14.3.22