A CORRIDA DO CASAMENTO

A CORRIDA DO CASAMENTO

Nos idos de 1974 transitando pela Av. São Vicente de Paula com uma kombi 1962, motor 1200, bateria 6 volts, deparei com um pedido de carona de duas moças no bairro, apesar de não conhecer muito bem parei imaginando ser uma emergência qualquer de necessidade das mesmas.

Na verdade, era uma emergência justificável, uma delas tinha um casamento marcado na cidade vizinha de Vargem-SP, a uns 15 km, daquele local, para ser contratado em mais ou menos uma hora, e elas estavam ainda em Bragança Pta, sem recursos, sem condução para ir no próprio casamento, era um casamento no cartório civil, mas o atraso ou o não comparecimento implicava em não casamento.

Resolvi então que poderia atender a emergência solicitada, apesar de achar estranho, visto que era difícil imaginar que a pessoa com casamento marcado no cartório em outra cidade não teria se precavido com uma solução de transporte, se não tem condução, ou alguém programado para levar, teria ônibus talvez com horários mais folgado para que chegasse ao local a tempo do próprio casamento; mas aquela moça ali, estava próxima de perder o próprio casamento por negligencia nos arranjos de transporte, assim supri e a levei até o local.

Estes fatos apesar de ser um fato raro que jamais vai acontecer com a pessoa por uma vida, aconteceu comigo, mas com certeza ficou no passado e no esquecimento, se outro fato mais raro ainda não viesse no futuro, passado mais de 30 a tona com um telefonema estranho de uma mulher, que queria me conhecer, me ver de novo, uma vez que ela seria a moça que um dia foi socorrida para não perder o próprio casamento, mas se não bastasse ajuda-la neste sentido, ainda tinha assinado como padrinho no referido casamento, por falta de testinhas ou padrinhos propragamados foi me solicitado testemunhas o referido casamento.

O mais curioso e raro, que a certidão de casamento constava o nome dos padrinhos o que não é trivial, normal, visto que o normal é somente constar o nome dos pais e avós de cada cônjuge em casamento, mas neste caso constava também o nome das testemunhas e assim passado mais de trinta anos, a moça agora, mulher, mão, avó, olhava sua certidão de casamento e via o nome da testemunha que não deixou a mesma perder o seu próprio casamento e tinha a necessidade de rever esta pessoa.

Afinal o casamento, foi um daqueles que deu certo, foi duradouro, e ainda a testa altura passado mais de trinta anos, continuavam juntos aquele casal, que eram moradores do Jardim Recreio e agora passado este tempo todo estavam residindo em Igaratá, uma cidade montanhosa as margens da represa da SABESB do mesmo nome, na Rodovia D. Pedro.

Achava eu, estranho o contato desta pessoa, que eu logicamente não lembrava, nem dos fatos, nem de ter sido testemunha, mas duvidava ainda mais que meu nome estaria em uma certidão de casamento, mas atendendo ao telefonema e a explicação e curioso com os fatos de uma mulher querer me ver por estes motivos todos, por ser eu o padrinho dela, por ter saldo da perda do próprio casamento, tive vontade de corresponder e em vez de exigir que ela viesse até mim, para me ver, disse um dia quando por ai passar, eu que viajava sempre passando por aquelas bandas, daria certo um dia.

Assim acorreu alguns meses depois, passei em Igaratá e fui ver minha afilhada de casamento, cuja certidão de casamento constava meu nome como testemunha, e lá chegando duvidando que isto seria verdade, foi me apresentado a certidão com o meu nome na mesma, e conversamos bastante, onde ela contou sua vida após o casamento com meu amigo e vizinho de Bragança Paulista, naquela data do casamento, e que estavam ainda juntos, que tinham tido três filhos, que todos já estavam crescidos, que já tinha neto, que tinham uma vida boa com casa própria de qualidade, com veículos a disposição, uma vida padrão acima da média geral.

E justificava ela então em minha visita, que quando via a certidão de casamento e via o meu nome, sentia a necessidade de me ver novamente para agradecer por ajuda-la naquele momento em que sua negligência quase a fez perder o próprio casamento, mas graças a generosidade minha que acabei por se tornar padrinho de ultima hora, consertou o problema e tornou o casamento possível, casamento este duradouro para uma vida toda.

A vontade da moça casadoura, de rever o padrinho de ultima hora se concretizou, e fiquei feliz de ver que pratiquei um ato para consertar uma falha daquela moça naquele momento, mas o casamento foi real e duradouro para uma vida toda.

15/01/2022.

estreladamantiqueira
Enviado por estreladamantiqueira em 15/01/2022
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